| 08 de outubro de 2021
Sexta-feira
Câmbio
Em 08/10/2021
|
|
Compra
|
Venda
|
Dólar
|
5,518
|
5,519
|
Euro
|
6,385
|
6,387
|
Fonte: BACEN
| | | | | O SINDIMETAL/PR divulga o informativo MPME nº 36, elaborado pela CNI, publicação que traz as principais notícias da semana sobre as micro, pequenas e médias empresas.
Acesse o informe pelo link: https://bit.ly/Informativo_MPME_nº37
| CNI | | | | Com a queda de 0,7% da indústria nacional de julho para agosto de 2021, na série com ajuste sazonal, sete dos 15 locais pesquisados pelo IBGE apresentaram taxas negativas, com destaque para a perda de dois dígitos em Pernambuco (-12,0%) e as quedas mais intensas que a média nacional no Espírito Santo (-3,7%), Região Nordeste (-3,5%), Mato Grosso (-2,3%), Rio Grande do Sul (-1,0%) e Minas Gerais (-0,9%).
Por outro lado, Amazonas (7,3%) e Pará (7,1%) apontaram as maiores as altas.
Frente a agosto de 2020, nove dos 15 locais pesquisados mostraram resultados negativos. Já na média móvel trimestral, houve recuo em 12 dos 15 locais pesquisados.
O acumulado no ano foi positivo em dez dos 15 locais pesquisados, com destaque para Santa Catarina (20,5%), Amazonas (17,1%) e Ceará (16,3%). Já o acumulado dos últimos 12 meses teve 11 dos 15 locais pesquisados com taxas positivas.
Na série com ajuste sazonal, sete dos 15 locais pesquisados apontaram taxas negativas, com destaque para a perda de dois dígitos assinalada por Pernambuco (-12,0%), que eliminou parte do crescimento de 6,1% observado no mês anterior. Espírito Santo (-3,7%), Região Nordeste (-3,5%), Mato Grosso (-2,3%), Rio Grande do Sul (-1,0%) e Minas Gerais (-0,9%) registraram recuos mais intensos do que a média nacional (-0,7%), enquanto Goiás (-0,3%) completou o conjunto de locais com resultados negativos em agosto de 2021.
Por outro lado, Amazonas (7,3%) e Pará (7,1%) apontaram as maiores altas nesse mês, com o primeiro devolvendo parte do recuo verificado em julho (-13,2%) e o segundo interrompendo três meses consecutivos de queda na produção, período em que acumulou perda de 9,7%. Santa Catarina (1,9%), Paraná (1,5%), Rio de Janeiro (1,3%), São Paulo (0,4%) e Bahia (0,3%) assinalaram os demais resultados positivos, enquanto o Ceará, com variação nula (0,0%), repetiu o patamar de julho.
A média móvel trimestral foi de -0,8% no trimestre encerrado em agosto de 2021 frente ao nível do mês anterior. Em 12 dos 15 locais pesquisados houve médias móveis negativas e os recuos mais acentuados foram em Pernambuco (-3,7%), Minas Gerais (-1,6%), Mato Grosso (-1,5%), Rio Grande do Sul (-1,3%) e São Paulo (-1,1%). Por outro lado, Bahia (6,2%) e Ceará (1,7%) registraram os avanços em agosto de 2021.
Na comparação com agosto de 2020, o setor industrial nacional recuou 0,7% em agosto de 2021, com taxas negativas em nove dos 15 locais pesquisados. Região Nordeste (-17,2%), Bahia (-13,8%) e Pernambuco (-13,5%) assinalaram os recuos mais intensos. Pará (-6,2%), Ceará (-5,6%), Goiás (-3,4%), Mato Grosso (-2,1%), Amazonas (-1,5%) e Rio Grande do Sul (-1,5%) completaram o conjunto de locais com índices negativos nesse mês.
Por outro lado, Paraná (8,7%) e Minas Gerais (6,5%) apontaram os maiores avanços. Espírito Santo (6,0%), Santa Catarina (5,8%), Rio de Janeiro (1,4%) e São Paulo (0,9%) também mostraram taxas positivas nesse mês. Vale citar que agosto de 2021 teve 22 dias úteis, um a mais do que agosto de 2020 (21 dias).
No acumulado do ano de 2021 (janeiro-agosto), frente a igual período de 2020, houve crescimento da produção em dez dos 15 locais pesquisados, com destaque para Santa Catarina (20,5%), Amazonas (17,1%) e Ceará (16,3%). Minas Gerais (15,6%), Paraná (15,1%), Rio Grande do Sul (15,0%), São Paulo (12,6%) e Espírito Santo (10,3%) também registraram taxas positivas mais acentuadas do que a média nacional (9,2%), enquanto Pernambuco (4,2%) e Rio de Janeiro (3,5%) completaram o conjunto de locais com avanço na produção.
Por outro lado, Bahia (-14,8%) apontou o recuo mais elevado no índice acumulado dos oito meses do ano. Mato Grosso (-4,7%), Goiás (-3,8%), Região Nordeste (-3,7%) e Pará (-1,4%) também mostraram taxas negativas no indicador.
O acumulado dos últimos 12 meses, ao avançar 7,2% em agosto de 2021, intensificou o crescimento de julho último (7,0%) e permaneceu com a trajetória ascendente iniciada em agosto de 2020 (-5,7%).
Em termos regionais, 11 dos 15 locais pesquisados registraram taxas positivas em agosto de 2021 e seis superaram os índices de julho último. Espírito Santo (de 2,6% para 4,6%), Paraná (de 11,5% para 13,2%), São Paulo (de 9,2% para 9,9%), Mato Grosso (de -7,0% para -6,3%), Santa Catarina (de 16,3% para 16,9%) e Minas Gerais (de 11,7% para 12,3%) mostraram os ganhos entre julho e agosto de 2021, enquanto Pernambuco (de 7,8% para 5,7%), Região Nordeste (de 0,6% para -1,3%), Ceará (de 14,6% para 13,4%), Goiás (de -2,4% para -3,2%), Bahia (de -9,3% para -10,1%) e Pará (de 0,7% para 0,1%) assinalaram as perdas mais elevadas entre os dois períodos.
| Agência IBGE de Notícias | | | | Estudo da CNI e da TOTVS mostra que o país tem baixa participação nas cadeias globais de valor, mas que os movimentos recentes de reorganização das cadeias abrem oportunidades
A crise provocada pela pandemia de Covid-19 mostrou a fragilidade das cadeias globais do modo como foram estruturadas e provocou uma reavaliação tanto por empresas, mas sobretudo pelos governos, da dinâmica do comércio exterior. O risco de depender de uma ou duas fontes de fornecimento de insumos e de produtos se mostrou evidente e a procura, ao menos para alguns seguimentos, passou a ser por diversificar geograficamente, permitindo a entrada de novos atores nas cadeias globais.
Uma maior diversificação regional das cadeias poderá permitir ao Brasil uma melhor integração nas cadeias globais de valor (CGVs), conforme mostra estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com a TOTVS e elaborado e elaborado pelos pesquisadores Tim Sturgeon e Mark Dallas, do Industrial Performance Center do Massachussets Technology Institute (IPC-MIT) e do Union College, respectivamente.
As exportações do Brasil dependem cada vez mais de recursos naturais pelo fato do país não ter entrado nas CGVs. Na prática, o papel do Brasil na economia global é, principalmente, como exportador de commodities primárias ou produtos baseados em recursos naturais. Para se ter ideia, levantamento da CNI mostra que, de 2001 a 2020, a participação de soja, petróleo bruto e minérios subiu de 11% para 35% da pauta exportadora do Brasil. Uma concentração sem precedentes.
Com isso, o país gera receita em exportações, que é relevante, mas deixa de lado uma importante forma de integração ao comércio global que pode gerar mais benefícios econômicos e sociais ao país.
Dessa forma o Brasil desempenha bem em exportações primárias, mas está mal colocado quando se fala de outros aspectos de uma boa integração em cadeias globais, como comando e controle das cadeias (inovação), exportação de partes e componentes (intensivo em conhecimento) ou processamento para exportação. Em linhas gerais, o país tem aprofundado seu déficit em produtos de alta e média intensidade tecnológica sem escalar em resultados exportadores.
Brasil registra baixo nível de investimentos de suas empresas no exterior
O trabalho constatou também que o Brasil registra baixo nível de investimentos de suas empresas no exterior, que é uma das formas principais de ter um papel mais protagonista nas CGVs. O estudo mostra que o Brasil tem a menor relação entre entrada e saída de investimentos, com o investimento no exterior tendo representado 11% do recebido pelo país entre 1970 e 2018.
Esse número é o muito menor do que o apresentado pelas principais economias. Como exemplo, na Índia é de 33%, na China 61%, na Rússia 114%, nos EUA 103%, na Coreia do Sul 176% e na Alemanha 192%.
O volume de investimentos estrangeiros no país é bastante elevado, porém, com empresas voltadas para atender o mercado interno brasileiro, em muitos casos com grande conteúdo tecnológico importado. A não exportação de bens de maior valor agregado significa perda de oportunidade de se ter ganhos de escala maiores e de se ampliar investimentos produtivos no país.
Um realinhamento da dinâmica do comércio exterior pode ser uma oportunidade de reposicionamento mais estratégico do Brasil, na avaliação do superintendente de Desenvolvimento Industrial da CNI, Renato da Fonseca.
“O Brasil perdeu o momento de entrar nas cadeias globais quando elas se formaram. Com as reorganizações das cadeias globais de valor, abre-se uma nova oportunidade para o país se integrar no comércio mundial”, afirma Fonseca.
Fonseca também destaca que “para não perder essa oportunidade é preciso que o governo reduza o Custo Brasil, em especial, os custos provocados pelo atual sistema tributário e infraestrutura logística, e as empresas precisam investir em inovação, tanto na produção como na gestão”.
Dependência de inovação tecnológica
O Brasil hospeda um grande número de filiais de empresas multinacionais que importam e produzem, principalmente, para o mercado doméstico. Segundo o estudo, são empresas com alta dependência de importações de intensidade tecnológica e que produzem de forma mais significativa para o mercado interno, como veículos automotivos e eletrônicos.
No caso das filiais presentes no Brasil, a inovação continua enraizada nos países desenvolvidos, em suas sedes, ou migrando para a China em alguns casos. Essa dinâmica, ao lado dos altos custos no comércio de bens e serviços, da carga tributária elevada e complexa, das regras tributárias internacionais desalinhadas com o mundo, da logística ruim e do Custo Brasil como um todo, faz com que a indústria brasileira tenha poucos incentivos para investir fora.
Governo e empresas brasileiras precisam rever acordos e relações comerciais
A celebração de acordos comerciais com países que estão no centro das CGVs é importante para facilitar a entrada do Brasil nas cadeias. Atualmente a maioria das exportações brasileiras de manufaturados se destinam a América Latina, Estados Unidos e Europa.
A entrada nas cadeias globais capitaneadas pelos Estados Unidos pela União Europeia é mais promissora para o Brasil, locais com os quais o Brasil mantém maior fluxo de comércio industrial, investimentos e comércio de serviços. Por essa razão, a CNI defende, prioritariamente, a conclusão e internalização do acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Além disso, outras negociações prioritárias são com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, México e América Central.
“Além da revisão de acordos comerciais, o esforço do Brasil em ampliar sua presença internacional também passa necessariamente pela maior digitalização e integração dos processos em busca do aumento da maturidade e da sofisticação na gestão da indústria nacional. Com uma gestão mais moderna, robusta e melhor planejada, é possível ampliar a produtividade, fortalecer o mercado brasileiro e, assim, expandir a participação do país nas cadeias globais de valor”, avalia a diretora de Manufatura da TOTVS, Angela Gheller.
O que são cadeias globais de valor e por que elas são importantes?
É a separação de atividades e etapas de um processo de produção entre diferentes economias no mundo, liderado pelos investimentos realizados por grandes empresas industriais. Em outras palavras, a cadeia de valor é o “caminho” de produção de um determinado bem. Esse caminho, que é diferente para cada tipo de produto, possui uma série de fases que se conectam: pesquisa e desenvolvimento, a aquisição de insumos, a fabricação, a distribuição e as vendas, até o pós-venda.
O ponto que transforma esse caminho em uma CGV é justamente a distribuição dessas fases em diferentes países ou regiões, a fim de otimizar o processo.
Um automóvel, por exemplo, pode ter seu projeto criado no país 1, chapas de aço no país 2, os softwares usados no caro no país 3, autopeças no país 4 e distribuído para o mundo a partir de um país 5. Sua cadeia de valor é, portanto, dinâmica e global.
Há algumas etapas mais conhecidas nas cadeias como: inovação e controle; processamento de exportação; e exportação de peças e componentes.
1) Inovação e controle
Este papel é mais frequentemente desempenhado por países que concentram as sedes das empresas líderes. Neles são estabelecidas normas e tomadas decisões sobre onde alocar a produção, além de outras funções das CGVs. Por serem compradoras, as empresas líderes têm o poder de selecionar fornecedores e de participar na coordenação explícita da cadeia. Tipicamente, as sedes globais e/ou regionais são onde a P&D são desenvolvidos com maior destaque. Por serem “compradores”, as empresas líderes têm o poder de selecionar fornecedores e de participar na coordenação explícita da cadeia. Tipicamente, as sedes globais e/ou regionais são onde a P&D, concepção e desenvolvimento de produtos e marketing, são desenvolvidos, ou seja, as atividades relacionadas à inovação da EMN.
2) Processamento de exportação
Em resumo, os países responsáveis pelo processamento de exportações estão na etapa intermediária da cadeia de valor do bem, com menor valor agregado e retorno financeiro, assim como empregam mais, porém com remuneração também diminuta.
Para os processadores de exportação, a consolidação em atividades restritas, rotineiras e de baixo valor agregado pode manter as empresas e indústrias nacionais presas em segmentos não rentáveis e tecnologicamente rasos da cadeia de valor.
Nas primeiras posições, encontram-se países da Europa Central e Oriental, assim como a Irlanda e vários países da Ásia Oriental, incluindo Taiwan, Singapura, Coreia do Sul, Malásia, Tailândia, Camboja, Vietnã, China e México.
3) Exportação de peças e componentes
Os processadores de exportação que dependem de insumos importados precisam importar peças e componentes. As peças e componentes podem ser simples, mas provavelmente também incluem itens de alto valor, de empresas líderes e compradores globais, incluindo aparelhos eletrônicos, autopeças e tecidos especiais. São produtos, em geral, com alta intensidade de inovação. Os países que desempenham esse papel de fornecedores de peças em componentes desempenham liderança em inovação. Alguns exemplos são Coreia do Sul, Alemanha, Estados Unidos, França e Japão.
| CNI | | | | Webinar da CNI com a TOTVS e especialistas do MIT e da Fundação Getúlio Vargas discutiu oportunidades para internacionalização das empresas no pós-pandemia
Reduzir o Custo Brasil, especialmente na questão tributária e de infraestrutura, e ampliar o investimento das empresas em gestão, com foco em inovação e em digitalização, são alguns dos principais fatores para uma melhor integração do Brasil nas cadeias globais de valor (CGVs) no pós-pandemia. As recomendações foram discutidas no webinar "A Reorganização das Cadeias Globais de Valor e o Lugar do Brasil", realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com a TOTVS, nesta quinta-feira (7).
"O Brasil perdeu o bonde na formação das cadeias globais de valor. Nossa inserção é muito baixa, mas agora a gente talvez tenha uma nova oportunidade. Vamos estimular essa discussão para que tanto o governo quanto as empresas façam o dever de casa", afirmou o superintendente de Desenvolvimento Industrial da CNI, Renato da Fonseca.
Embora o Brasil seja um grande receptor de investimento estrangeiro, as empresas brasileiras de modo geral investem pouco em outros países. O Brasil hospeda um grande número de filiais de empresas multinacionais que importam e produzem, principalmente, para o mercado doméstico.
São empresas com alta dependência de importações de intensidade tecnológica, conforme apontado por estudo da CNI em parceria com a TOTVS e elaborado e elaborado pelos pesquisadores Tim Sturgeon e Mark Dallas, do Industrial Performance Center do Massachussets Technology Institute (IPC-MIT) e do Union College, respectivamente.
Em relação ao Custo Brasil, Fonseca destacou que o sistema tributário gera um resíduo tributário que dificulta as exportações e dá vantagem ao produto importado em relação ao produto doméstico.
Esse diagnóstico foi reforçado pelo gerente-executivo de controladoria e finanças da Marcopolo, Pablo Motta. "Ser uma multinacional hoje no Brasil é realmente muito desafiador. O Custo Brasil comparado com demais países em que temos investimento acaba trazendo perda do nosso potencial de competitividade", acrescentou.
Entenda o que é Custo Brasil
A empresa especializada em fabricação de carroceria de ônibus é líder na América Latina e exporta para mais de 100 países. A companhia conta com fábricas em 8 países, onde são feitas montagens e acabamentos locais.
Além da tributação, uma infraestrutura ineficiente aumenta o custo e o tempo de importar e de exportar, o que eleva a necessidade de estoques. "Assim, muitas empresas precisam de mais capital de giro e têm um aumento do custo financeiro de se integrar no mercado internacional", comentou o superintendente de Desenvolvimento Industrial da CNI.
Fonseca lembrou que o Congresso Nacional tem discutido propostas para redução do custo Brasil, mas que também é preciso um esforço de internacionalização por parte das empresas, especialmente pequenas e médias.
Na avaliação do vice-presidente da TOTVS, Marcelo Eduardo Cosentino, a digitalização é fundamental nessa transformação. "É preciso incluir metas dee curto prazo para que o processo produtivo brasileiro seja efetivamente, mais conectado a seus fornecedores e clientes. Precisamos ganhar tempo em inovação, produção, e logística para ter entregas mais conectadas. Quando a gente estiver disposto a fazer isso, a gente começa a ter alguma chance de voltar a jogar esse jogo", afirmou.
Reorganização das cadeias pode ser oportunidade
A crise provocada pela pandemia de Covid-19 mostrou a fragilidade das cadeias globais do modo como foram estruturadas e provocou uma reavaliação tanto por empresas, mas sobretudo pelos governos, da dinâmica do comércio exterior. Uma maior diversificação regional das cadeias poderá permitir ao Brasil se recolocar em uma função mais estratégica.
Reduzir Custo Brasil é fundamental para melhor integração do Brasil nas cadeias globais de valor
"A interrupção dos processo produtivos tem assustado empresas e governos. A gente pode esperar ações políticas por parte de governos forçando reshoring [retomada dos processos industriais em caráter nacional] ou nearshoring [comércio com maior foco com países vizinhos] para cadeias mais próximas. Isso gera oportunidade, na nossa visão, para o Brasil", explicou Renato da Fonseca.
Um exemplo, é uma melhor inserção na cadeia dos Estados Unidos. Para aproveitar essa chance, gerente de Integração Internacional da CNI, Fabrizio Panzini, apontou 4 políticas a serem priorizadas a fim de levar a um alinhamento com as práticas internacionais:
Mais integração: priorizar trocas com Estados Unidos, União Europeia e América Latina, que hoje representam 70% do comércio industrial brasileiro; pactuar acordos de livre-comércio, acordos temáticos e alianças;
Menor custo para comercializar: não acumulação de tributos nas exportações, aprimorar instrumentos de financiamento e garantias alinhados ao mundo e concluir facilitação de comércio e agilidade aduaneira;
Menor custo para internacionalizar: alinhar regras de tributação de empresas que investem no exterior, celebrar mais Acordo para Evitar a Dupla Tributação (ADT) e alinhar regras de preços de transferência com as da OCDE;
Transporte: aumento da transparência na administração de taxas e encargos tributários e avançar na agenda de portos, especialmente com as concessões.
Nos últimos anos, os coeficientes de abertura comercial mostram pouca inserção no cenário mundial. "A gente não está conseguindo aumentar a participação das nossas exportações", ressaltou Panzini. O indicador estava em 15% em 2003 e continua neste patamar, após oscilações ao longo dos últimos anos.
As importações de bens intermediários subiram de um patamar em torno de 55% em 2011 para 62,6% em 2020, mas as exportações de bens finais e bens de capital estão abaixo de níveis anteriores. Hoje o indicador está em 18,5% e chegou a 25% em 2016.
Empresas precisam investir em inovação e gestão de riscos
As exportações do Brasil dependem cada vez mais de recursos naturais pelo fato do país não ter entrado nas CGVs. Na prática, o papel do Brasil na economia global é, principalmente, como exportador de commodities primárias ou produtos baseados em recursos naturais.
Mudança nas cadeias globais de valor abre oportunidades para o Brasil
Com isso, o país deixa de lado uma importante forma de integração ao comércio global que pode gerar mais benefícios econômicos e sociais ao país. No caso das filiais presentes no Brasil, a inovação continua enraizada nos países desenvolvidos, em suas sedes, ou migrando para a China em alguns casos.
Investir em inovação é uma das principais recomendações do professor do Massachussets Institute of Technology (MIT), Timothy Sturgeon. Ele chamou atenção também para uma fraqueza da inovação na indústria de base e elevada importação de bens intermediários.
"O Brasil não tem uma integração de bens de alto valor nas cadeias globais. As exportações são mais de commodities e o país é um grande recebedor de multinacionais produzindo para o mercado local", destacou.
A inovação também é uma das recomendações a longo prazo apontadas pelo professor da FGV Orlando Cattini, junto com aumento da capacidade local e diversificação de fornecedores. "Observamos uma aceleração da perda de competitividade nos interpretamos que seja estrutural, infelizmente, e não conjuntural", afirmou.
Entre as medidas estratégicas para as empresas, o especialista também incluiu a elevação dos níveis de estoque como parte da gestão de risco das cadeias e a digitalização.
A professora da FGV Maria Tereza Fleury, por sua vez, ressaltou a necessidade de avaliar políticas públicas de transformação digital. "Você tem um número enorme de políticas, mas o grande problema é o quanto elas estão saindo do papel, o quanto estão ficando só em declarações de princípios e quais são os resultados", pontuou.
| CNI | | | | Revisão regulatória aprovada hoje pelo CONAMA (07) propicia a redução de emissões das plataformas de petróleo pelo incentivo ao uso de energia elétrica
A mudança na resolução aprovada nesta quinta-feira particularizou a aplicabilidade dos limites de emissões a partir da geração de energia elétrica em operações offshore.
A mudança na resolução aprovada nesta quinta-feira particularizou a aplicabilidade dos limites de emissões a partir da geração de energia elétrica em operações offshore.
A Petrobras encontra-se preparada tecnologicamente para adotar plataformas totalmente eletrificadas e, com a alteração da Resolução 382/2006 aprovada hoje pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), está apta a incorporar a tecnologia all electric em suas novas unidades marítimas. Essa configuração é mais eficiente e permite utilizar menos combustível para geração de energia na plataforma, com menor emissão tanto de gases de efeito estufa como de outros gases (como o NOx). Os estudos demonstraram que essa configuração permite uma redução de até 20% das emissões em relação à configuração atualmente adotada.
A revisão da resolução atende a pleito da Confederação Nacional da Indústria (CNI) junto ao Conama, suportado pelo Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), que representa o setor de óleo e gás. Para as discussões sobre a alteração da norma, foram apresentados estudos para avaliar os ganhos ambientais do uso da configuração de uma planta com maior eletrificação nas plataformas de produção de petróleo e gás. Constatou-se que, em relação ao arranjo convencional, são reduzidas as emissões tanto de gases de efeito estufa quanto de outros gases da combustão (por exemplo óxidos de nitrogênio).
A mudança na resolução aprovada nesta quinta-feira particularizou a aplicabilidade dos limites de emissões a partir da geração de energia elétrica em operações offshore. A alteração na resolução possibilitará a centralização da geração de energia em um único ponto das plataformas, de forma otimizada, distribuindo energia elétrica para os demais equipamentos. O pleito do setor incluiu estudo realizado pelo Professor Paulo Artaxo, do Instituto de Física da USP, que concluiu que a proposta de ajuste traz um efeito positivo nas emissões, fazendo sentido do ponto de vista científico, ambiental e de engenharia.
“O conceito all electric é ambientalmente desejável e relevante para a trajetória de descarbonização e para o cumprimento dos compromissos de sustentabilidade da Petrobras e da indústria de óleo e gás como um todo. Ter melhor eficiência em carbono também favorece a indústria nacional, pois há mais possibilidade de oferta de equipamentos nacionais em substituição a equipamentos que hoje são importados, e representa maior competividade para o petróleo e gás brasileiro nos mercados futuros internacionais”, destaca do diretor de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade, Roberto Ardenghy.
A Petrobras segue comprometida com a transição para uma economia global de baixo carbono como imperativo ético e de competitividade. Nos últimos anos, vem diminuindo as emissões, conforme o compromisso de 25% de redução até 2030 em relação a 2015. Na exploração e produção, a empresa emite hoje 47% menos gases de efeito estufa por cada barril de óleo equivalente produzido do que em 2009. A companhia busca produzir energia acessível para a sociedade, com uma operação segura, eficiente, de baixo custo e com menos emissões e, recentemente, anunciou a ambição de atingir a neutralidade das emissões nas atividades sob seu controle, em prazo compatível com o estabelecido pelo Acordo de Paris.
| CNI | | | | Matriz elétrica com 84,8% de renováveis é ponto forte do país; tendência é aumento da eficiência energética e crescimento dos setores eólico, solar e de novas tecnologias verdes
A consolidação de uma economia de baixo carbono exigirá dos países a promoção de um conjunto de inovações e transformações na forma como produzem e consomem a energia. Globalmente, esse processo é conhecido como transição energética. Significa a passagem de uma matriz em que predomina a utilização de combustíveis fósseis, com elevada emissão de gases de efeito estufa (GEE), para uma ancorada em fontes renováveis e com baixa emissão de carbono.
Esta é uma das estratégias adotadas pelos países nos esforços para se alcançar a meta do Acordo de Paris e manter o aumento da temperatura média do planeta abaixo de 1,5º C. Este é um dos pilares da estratégia definida pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) que será apresentada na próxima Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas (COP26), que ocorre de 31 de outubro a 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia, como um dos principais ativos do País em sua agenda ambiental.
“O Brasil já se encontra na vanguarda com elevada participação de fontes renováveis na matriz elétrica e segue em uma trajetória sustentável, ampliando cada vez mais o uso dessas fontes energéticas, como a eólica, solar e bioenergia, além de apostar em novas tecnologias, como o hidrogênio verde"”, afirma Juliana Falcão, especialista em Energia da CNI.
Entre os quase 200 países signatários do Acordo de Paris, o Brasil assumiu uma das metas mais ambiciosas de redução de suas emissões de GEE, entre os países em desenvolvimento. Tendo como base as emissões de 2005, o compromisso do país é de redução de 37% até 2025 e 43%, até 2030. Para o setor de energia a indústria defende a expansão do uso de fontes renováveis, o reconhecimento da importância dos biocombustíveis, o estímulo ao desenvolvimento de novas tecnologias de baixo carbono e ações de eficiência energética.
Eficiência energética na indústria
A perspectiva da indústria brasileira é de impulsionar o desenvolvimento sustentável tanto por meio da expansão do uso de fontes renováveis como também pela otimização dos processos produtivos. Nesse contexto, muitas empresas têm investido em projetos de eficiência energética. Isso significa usar menos energia para obter o mesmo resultado e esse resultado pode ser alcançado por meio de melhorias tecnológicas ou de mudanças na gestão energética das empresas.
Uma das iniciativas que contribui para um uso mais racional dos recursos é o Programa Aliança. Criado em 2015, ele é resultado de uma parceria entre a CNI, a Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel).
Coordenado pelo Ministério de Minas e Energia, o Procel resultou na economia de 195,2 bilhões de kWh entre 1986 e 2020. Com as ações do programa no ano passado, foi evitada a emissão do equivalente a 1,36 milhão de tCO2e. Em 2020, o investimento foi de R$ R$ 42,34 milhões e 22,02 bilhões de kWh de energia foram economizados. Isso representa 4,64% de economia em relação ao consumo total de energia elétrica no Brasil.
O Programa Aliança, por sua vez, busca reduzir o consumo de energia e de água em grandes indústrias por meio de ajustes nos processos de produção, identificar oportunidades de tratamento e reaproveitamento de efluentes e resíduos e de redução das emissões de gases do efeito estufa. A primeira etapa do Aliança foi implementada entre 2017 e 2020 em 12 plantas industriais de setores como siderurgia, metalurgia e mineração, cimento, papel e celulose e químico.
Além dos R$ 5,75 milhões investidos pelas indústrias participantes, 45% do orçamento necessário dos serviços de consultoria, para a identificação e implementação das ações, foi financiado por meio de um convênio celebrado entre a CNI e a Eletrobras, por meio do Plano de Aplicação de Recursos (PAR Procel – 2017).
Nessa parceria, a CNI oferece metodologia de trabalho, equipe de consultores especializados, softwares e laboratórios, treinamento e acompanhamento da equipe da indústria. Em contrapartida, a empresa se compromete a implementar as ações aprovadas e a manter o programa por 24 meses.
No caso da metalurgia, da siderurgia e da mineração, as ações incluíram aumento da geração de vapor nas caldeiras e otimização de alto-forno. Já nos setores químico, petroquímico, automotivo e de papel e celulose, algumas medidas foram redução do consumo de amônia e uso de modelagem fluidodinâmica das caldeiras de recuperação.
Inovação como aliada na busca por eficiência energética
No desenvolvimento dessas soluções, a rede dos Institutos SENAI de Inovação é uma aliada na busca da eficiência energética. No Instituto SENAI de Inovação em Metalmecânica, localizado em São Leopoldo (RS), por exemplo, pesquisadores desenvolveram um sistema de sensores de rastreamento de falhas em processos de produção.
As novas tecnologias e a digitalização dos processos facilitam o uso racional da energia na indústria. É o caso, por exemplo, de máquinas que controlam seus sistemas eletrônicos a partir de informações que recebem. Com a ajuda de dados, equipamentos ou ferramentas elas podem aprender – no que ficou conhecido como machine learning - a desligar subsistemas e partes que não estão sendo utilizadas.
Novas unidades industriais mais modernas e eficientes, ações de gestão de uso de energia e renovação das instalações elétricas são ações previstas pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) no âmbito da eficiência energética no Plano Decenal de Expansão de Energia 2030.
Com essas medidas, a estimativa é que os ganhos de eficiência permitam reduzir cerca de 6% do consumo energético total da indústria em 2030, de acordo com a EPE. Quando se fala do consumo elétrico, a expectativa é de queda de 3% no mesmo período, ou cerca de 12 TWh, equivalente ao montante consumido pelas indústrias de mineração e pelotização (transformação de minério de ferro) em 2019.
Uma matriz de energias renováveis
O Brasil se destaca por possuir uma matriz energética com grande participação de fontes renováveis, o que ocorre em poucos países do mundo. Isso significa que as emissões de GEE por unidade de energia consumida no Brasil são menores comparadas a outros países. Não apenas o cenário atual é favorável, como também a perspectiva é de um futuro ainda mais verde, por meio da ampliação das fontes eólica, solar, biomassa e hidrogênio verde.
Segundo o relatório síntese do Balanço Energético Nacional (BEM 2021), publicado pela EPE, 84,8% da oferta interna de energia elétrica do país em 2020 foi de fontes renováveis, liderado pela hidráulica (65,2%). Também foi observada a expansão contínua da fonte eólica (8,8%), a expressiva participação da biomassa (9,1%), e o avanço da solar (1,7%).
Para se ter uma ideia da vantagem do Brasil, de acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA na sigla em inglês), nos Estados Unidos e nos países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) essa representatividade seria em torno de 18% e de 27%, respectivamente. Já a média mundial da energia elétrica produzida em 2018 contou com apenas 25% de fontes renováveis, segundo a IEA.
No caso da matriz energética — que inclui não apenas eletricidade, mas todas as fontes de energia disponíveis para o Brasil, inclusive combustíveis, como petróleo e gás — as fontes renováveis chegaram a 48,4% em 2020. O número é puxado pelo uso de fontes tradicionais, como derivados da cana-de-açúcar (19,1%), hidráulica (12,6%) e lenha e carvão vegetal (8,9%), mas também conta com a participação da eólica (1,7%) e da solar (0,3%), que já possuem significativas produções agregadas.
O Brasil também está à frente de outros países nessa comparação. De acordo com os dados da IEA, em 2018, apenas 14% da matriz energética mundial era sustentável. O percentual cai para 11% quando consideramos apenas os países membros da OCDE, no mesmo ano.
De acordo com a EPE, em 2020, o total de emissões antrópicas associadas à matriz energética brasileira foi de 398,3 milhões de toneladas de CO2, sendo a maior parte gerada pelo setor de transportes. A taxa média de crescimento anual das emissões foi de 1,6% de 2000 a 2020 e deve subir para 2% ao ano de 2020 a 2030.
Apesar do aumento, os números per capita são positivos quando analisamos outros países. Cada brasileiro emitiu, em média, 1,9 tonelada de CO2. Esse número é 6,1 t CO2 eq/hab na União Européia, 6,8 t CO2 eq/hab na China e chega a 15,0 t CO2 eq/hab nos Estados Unidos, na comparação com dados da IEA em 2018.
Participação de fontes renováveis é crescente
Desde 2015, a participação de renováveis na geração de energia no Brasil tem crescido. Esse movimento é marcado pelo aumento da oferta de biomassa da cana e do biodiesel associada à redução da oferta das fontes não renováveis, com recuo de 5,6% de petróleo e derivados, segundo dados elaborados pela EPE.
O maior destaque das renováveis nos últimos anos vem dos ventos. De acordo com a EPE, cerca de 1.065 GWh adicionais de energia em 2020 em relação a 2019 se devem à evolução da geração eólica, com sucessivos incrementos ao longo dos anos. Em 2019, ela superou a participação de biomassa e em 2020, o setor avançou 1,9%, consolidando a liderança de crescimento entre as fontes renováveis.
A perspectiva até 2030 é de continuidade dessa tendência. De acordo com o Plano Decenal de Expansão de Energia, a maior oferta de energia elétrica no período será de empreendimentos eólicos, representando uma expansão de 16,4 GW, localizados exclusivamente no Nordeste. A região também será cenário da ampliação da energia solar, que terá um incremento de 5,3 GW no decênio. Para as usinas termelétricas a biomassa estima-se a instalação de 1,1 GW no mesmo período.
A expansão da energia eólica
Principais fontes de energia renovável em ascensão no Brasil, as usinas eólicas devem chegar à capacidade instalada de 30,2 GW até 2024, de acordo com a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica). Em 2020, o montante estava em 17,7 GW. Com esse volume futuro, será possível abastecer 28,8 milhões de casas e beneficiar 86,4 milhões de habitantes.
Na prática, o valor pode ser menor porque a operação das usinas depende de decisões do Operador Nacional do Sistema (ONS) e porque os processos de transformação de eletricidade têm perdas e paradas técnicas. O montante de energia que pode ser gerado depende da velocidade dos ventos. Já o tamanho da turbina e o comprimento de suas pás determina quanto de energia eólica é possível converter em elétrica.
Os dados futuros apresentados pelo setor se referem a contratos viabilizados em leilões realizados e no mercado livre. Com novas contratações, a capacidade de geração será ainda maior. A capacidade atual do setor é de 19,1 GW e vem crescendo nos últimos anos. Em 2012, o Brasil era o 15º colocado no ranking mundial de capacidade instalada de energia eólica. Em 2019, passou para o 5º lugar. De acordo com a presidente da ABEEólica, Elbia Gannoum, o potencial eólico onshore (em terra) e o offshore (no mar) é promissor.
“O Brasil tem um dos melhores ventos do mundo e um potencial enorme. Considerando que o Brasil ainda tem um baixo consumo de eletricidade per capita e o crescimento estimado para o país, a energia eólica ainda possui muitas décadas de desenvolvimento e ótimas perspectivas de crescimento", afirma.
Quanto ao financiamento, o setor usa como referência levantamento da Bloomberg New Energy Finance, que contabiliza R$ 20,6 bilhões na produção de energia eólica em 2020, o equivalente a 45% do montante destinado à renováveis e um crescimento de 23% em relação ao ano anterior. Os números refletem desenvolvimentos eólicos de longo prazo e forte pipeline de projetos apoiados por leilões. Entre 2010 a 2020, foram US$ 37,3 bilhões destinados ao setor.
De acordo com a ABEEólica, a produção de energia por meio dos ventos evitou a emissão de 21,2 milhões de toneladas de CO2 em 2020, o equivalente à emissão de cerca de 20,9 milhões de automóveis. Além de não emitir gás carbônico, os parques eólicos ocupam pouca terra, o que permite a criação de gado e o plantio no mesmo espaço.
A competitividade da energia solar
A participação da energia solar na matriz elétrica brasileira, por sua vez, evitou a emissão de mais de 10,7 milhões de toneladas de CO2, de acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Esse volume deve ser ampliado. Segundo estimativa da entidade, a geração de energia distribuída no país deve saltar de 4,4 GW para 8,3 GW, em 2021.
A tendência de crescimento tem sido observada nos anos anteriores. Em 2020, a geração de eletricidade a partir da energia solar atingiu a marca de 10.750 GW, um avanço de 61,5% em relação a 2019. Já a capacidade instalada subiu 32,9% no mesmo período, de acordo com a EPE.
Desde 2012, os investimentos privados no setor ultrapassaram R$ 51,3 bilhões. Neste ano, devem chegar a mais de R$ 17 bilhões, segundo a Absolar. Além da instalação de painéis em casas, condomínios ou empresas — sistemas conectados à rede elétrica e chamados de on-grid — há também a geração centralizada. É o caso de projetos acima de 5 MW, como usinas de grande porte.
Essa energia pode ser comercializada no Ambiente de Contratação Livre (ACL) e no Ambiente de Contratação Regulada (ACR). No primeiro, são feitos contratos bilaterais e contratos de compra entre geradoras, comercializadoras e consumidores, mercado em ascensão.
No segundo, as geradoras participam de leilões de energia elétrica, com diretrizes estabelecidas pelo Ministério de Minas e Energia, em conjunto com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Atualmente, o ACL representa cerca de 35% do Sistema Interligado Nacional e o ACR os outros 65%, aproximadamente.
Segundo a Absolar, a energia solar tem sido a fonte mais competitiva de leilões regulados desde 2019. Isso ocorre devido ao preço de oferta. O setor, no entanto, entende que o Brasil necessita de uma política industrial competitiva que permita a redução de preços de componentes e equipamentos produzidos no país.
Hoje há 70 fabricantes do kit do sistema solar fotovoltaico, mas apenas sete produtores dos painéis e 10 do inversor fotovoltaico, que transforma a corrente contínua gerada pela luz solar em corrente alternada. Já os rastreadores solares, que permitem que os painéis fotovoltaicos mudem de posição para seguir o sol ao longo do dia, são produzidos por oito empresas. Há apenas um fornecedor de baterias para o sistema e um de string box, mecanismo que protege o equipamento.
Os incentivos à biomassa
Outra importante fonte de energia renovável no Brasil, a biomassa também tem expectativa de expansão. As termelétricas movidas a esse tipo de combustível devem levar à instalação de 1,1 GW até 2030, sendo que 635 MW já estão contratados, de acordo com o Plano Decenal de Expansão de Energia 2030. Desse total, 508 MW são de usinas a bagaço de cana e 127 MW de usinas a biomassa florestal, localizadas no Sudeste e Centro-Oeste, associadas à cultura da cana-de-açúcar, principal matéria-prima da fonte.
A bioeletricidade tem potencial para crescer mais de 55% até 2030, segundo dados da EPE. Um dos principais estímulos é a Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), em vigor desde 2020. Ela se dá por meio de metas anuais de redução de emissões do setor de combustíveis, o que incentiva o uso dos biocombustíveis, que devem ser certificados para atestar a eficiência da produção. Estima-se que a implementação do programa evitou a emissão de 18,5 milhões de toneladas de CO2 em 2020.
Segundo levantamento da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), a partir de dados da Aneel, a estimativa é que o setor sucroenergético possa aumentar a capacidade de geração de bioeletricidade em 2,3 mil MW de 2021 a 2026. Caso esses investimentos se concretizem, a geração de bioeletricidade a partir da cana-de-açúcar poderá aumentar de 20% a 30% até 2026, na comparação com 2020. Isso significa atender entre 2,2 a 3,5 milhões de residências a mais por ano.
No ano passado, a geração de energia elétrica para a rede pelo setor sucroenergético foi equivalente a abastecer 11,7 milhões de casas, de acordo com a UNICA. Foram 22,6 mil GWh, sendo 82% da geração de energia elétrica a partir de biomassa. Desse total, 83% foram ofertados entre maio e novembro, período seco, o que reforça o papel como alternativa nos momentos de crise hídrica.
Neste ano, de janeiro a 15 de agosto, a geração pela bioeletricidade à rede foi de 15.721 GWh. O número inclui outras fontes além da biomassa da cana de açúcar e foi responsável por atender 35% do consumo anual industrial do estado de São Paulo ou o equivalente a 21% da geração do ano passado pela Usina Itaipu.
De acordo com a UNICA, essa oferta permitiu economizar 11% da energia armazenada na forma de água dos reservatórios hidrelétricos do submercado Sudeste/Centro-Oeste do setor elétrico, o principal do sistema. Segundo a associação, o setor aproveita apenas 15% do potencial para geração de energia. Com o aproveitamento pleno, a bioeletricidade teria potencial técnico para chegar a 148 mil GWh, o equivalente a 30% do consumo de energia no Sistema Integrado Nacional.
Com base nos dados da Aneel, a UNICA aponta que o setor sucroenergético instalou 5,5 mil MW de 2011 a 2020, equivalente a um investimento da ordem de 14 bilhões na cadeia produtiva sucroenergética. Entre 2021 e 2026, o investimento esperado é de R$ 6 bilhões na cadeia produtiva.
Devido à baixa emissão de carbono, a geração de bioeletricidade de cana em 2021 evitou a emissão de 4,3 milhões de toneladas de CO2, o equivalente ao cultivo de 30 milhões de árvores nativas ao longo de 20 anos, segundo estimativa do setor.
| CNI | | | | Em evento no Planalto, foram assinadas quatro portarias de revisão de NRs pelo Ministério do Trabalho e Previdência, além de anexos de outras NRs e o aviso de três consultas públicas
As NRs revisadas são as de número 5, 17, 19 e 30. Também foram realizados avisos de consulta pública das NRs 13 (caldeiras, vasos de pressão e tubulações e tanques metálicos de armazenamento); 33 (trabalho em espaços confinados); e 36 (abate e processamento de carnes e derivados). Além disso, quatro anexos de NRs passaram por adequações: anexos I, II (que será migrado para a NR 20) e III da NR 9; e anexo III da NR 12.
O objetivo é a simplificação, desburocratização e harmonização desses processos, sem deixar de lado a necessária proteção do trabalhador. Os debates para se chegar a esses textos foram conduzidos no âmbito da Comissão Tripartite Paritária Permanente – CTPP, que conta com representantes das seis organizações mais representativas de trabalhadores (centrais sindicais), empregadores (confederações empresariais) e do Governo Federal.
Atualizações
Uma das principais novidades na NR 5 - que estabelece os parâmetros e os requisitos da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) – é a potencial diminuição de conflitos trabalhistas incluindo uma definição sobre o término do contrato de trabalho por prazo determinado, já consolidada na jurisprudência. O fim do contrato, nesse caso, não caracteriza dispensa arbitrária ou sem justa causa do empregado eleito para cargo de direção da CIPA.
Além disso, haverá uma redução da burocracia no processo eleitoral das CIPAs. Outra inovação é a possibilidade de reuniões no formato EaD, sem a obrigatoriedade de reuniões presenciais. O formato virtual também poderá ser usado para capacitação, com uma economia estimada de R$ 100 milhões. A redução da carga horária para as capacitações, a depender do grau de risco, também vai gerar uma economia na casa dos R$ 100 milhões.
Tratando da questão da ergonomia, a NR 17 traz uma grande atualização em relação ao papel da Análise Ergonômica do Trabalho (AET). Foram previstas duas etapas de avaliação: uma etapa preliminar e uma etapa de aprofundamento. A etapa preliminar corresponde à “avaliação ergonômica preliminar” e a de aprofundamento, à “Análise Ergonômica do Trabalho – AET”. Antes, toda e qualquer análise do posto de trabalho era realizada por meio da AET. Com o novo texto, procurou-se privilegiar uma avaliação ergonômica preliminar para as situações de trabalho visando à adoção de medidas de prevenção e de adaptação das condições de trabalho por todas as organizações. A AET, como processo mais complexo, ficou restrita a algumas hipóteses previstas na norma.
Estudos realizados pela FIRJAN estimam que o potencial de economia com a atualização desta NR pode chegar a R$ 10,6 bilhões.
Já a NR 19 - que dispõe sobre os requisitos e as medidas de prevenção para garantir as condições de segurança e saúde dos trabalhadores em todas as etapas da fabricação, manuseio, armazenamento e transporte de explosivos – teve como uma das principais inovações o alinhamento com o normativo do Comando Logístico do Exército, atualizado em 2019, de forma a definir que as áreas perigosas de fábricas de explosivos deverão ter monitoramento eletrônico permanente, bem como o enquadramento correto de substâncias quando são inflamáveis.
Por fim, o processo de revisão da NR 30 – que estabelece requisitos para a proteção e o resguardo da segurança e da saúde no trabalho aquaviário - levou em consideração o preenchimento de lacuna regulamentar referente à gestão dos riscos, a resolução de conflito normativo.
Os textos completos com todas as suas atualizações, bem como os avisos de Consultas Públicas, serão disponibilizados por meio do Diário Oficial da União (DOU).
| Governo do Brasil / Ministério do Trabalho e Previdência | | | | O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro subiu 1,16%, 0,29 ponto percentual (p.p.) acima da taxa de 0,87% registrada em agosto. Essa foi a maior variação para um mês de setembro desde 1994, quando o índice foi de 1,53%. No ano, o IPCA acumula alta de 6,90% e, nos últimos 12 meses, de 10,25%, acima dos 9,68% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em setembro de 2020, a variação mensal havia sido de 0,64%.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito tiveram alta em setembro. O maior impacto (0,41 p.p.) e a maior variação (2,56%) vieram de Habitação, que acelerou em relação a agosto (0,68%). Na sequência, vieram Transportes (1,82%) e Alimentação e Bebidas (1,02%), cujos impactos foram de 0,38 p.p. e 0,21 p.p. respectivamente. Esses três grupos contribuíram, conjuntamente, com cerca de 86% do resultado de setembro (1,0 p.p. do total de 1,16). Os demais grupos ficaram entre a queda de 0,01% em Educação e a alta de 0,90% em Artigos de residência.
O resultado do grupo Habitação (2,56%) foi influenciado principalmente pela alta da energia elétrica (6,47%). Em setembro, passou a valer a bandeira Escassez Hídrica, que acrescenta R$ 14,20 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos. Em agosto, a bandeira vigente era a vermelha patamar 2, na qual o acréscimo é menor (de R$ 9,492 para os mesmos 100 kWh). Além disso, houve reajustes tarifários nas seguintes áreas de abrangência do índice: Belém (9,43%) – reajuste de 8,92%, em vigor desde 7 de agosto; Vitória (7,35%)
– reajuste de 9,60%, a partir de desde 7 de agosto; São Luís (6,33%) – reajuste de 2,20%, vigente desde 28 de agosto.
Ainda em Habitação, destaca-se a variação positiva da taxa de água e esgoto (0,37%), consequência dos reajustes de 11,93% em Recife (8,07%), válido desde 19 de agosto, e de 9,07% em uma das concessionárias de Porto Alegre (2,30%), em vigor desde 14 de agosto. Já em Belo Horizonte (-1,77%), houve redução por conta da mudança na metodologia de cobrança das tarifas, ocorrida em 1º de agosto. No subitem gás encanado (0,29%), a alta decorre dos reajustes de 5,71% no Rio de Janeiro (0,54%) e de 10,80% em Curitiba (0,98%), ambos em vigor desde 1º de agosto. Os preços do gás de botijão (3,91%) também subiram e acumulam alta de 34,67% nos últimos 12 meses.
O grupo dos Transportes (1,82%) acelerou em relação a agosto, quando variou 1,46%. Mais uma vez, a maior contribuição (0,18 p.p.) veio dos combustíveis, que subiram 2,43%, influenciados pelas altas da gasolina (2,32%) e do etanol (3,79%). Além disso, o gás veicular (0,68%) e o óleo diesel (0,67%) também apresentaram variação positiva.
Ainda em Transportes, destacam-se as altas de 28,19% nas passagens aéreas, após a queda de 10,69% registrada em agosto, e de 9,18% nos transportes por aplicativo, cujos preços já haviam subido 3,06% no mês anterior. Os automóveis novos (1,58%), os automóveis usados (1,60%) e as motocicletas (0,63%) seguem em alta, contribuindo conjuntamente com 0,08 p.p. no IPCA de setembro. Por fim, cabe mencionar a alta de 0,19% nos ônibus intermunicipais, que decorre, em particular, dos reajustes entre 11% e 13% aplicados em Fortaleza (6,55%) a partir de 3 de setembro.
O grupo Alimentação e bebidas (1,02%) teve variação menor que a de agosto (1,39%). Os produtos para alimentação no domicílio subiram 1,19%, frente ao resultado de 1,63% no mês anterior. No lado das altas, destacam-se as frutas (5,39%), que contribuíram com 0,05 p.p. no índice de setembro, do café moído (5,50%), do frango inteiro (4,50%) e do frango em pedaços (4,42%). Além disso, também foram verificadas altas nos preços da batata-doce (20,02%), da batata-inglesa (6,33%), do tomate (5,69%) e do queijo (2,89%). Por outro lado, houve recuo nos preços da cebola (-6,43%), do pão francês (-2,00%) e do arroz (-0,97%). Os preços das carnes (-0,21%) também recuaram em setembro, após 7 meses consecutivos de alta, acumulando variação 24,84% nos últimos 12 meses.
A alimentação fora do domicílio também desacelerou, passando de 0,76% em agosto para 0,59% em setembro. O principal fator que levou a essa desaceleração foi a variação negativa registrada no subitem lanche (-0,35%), que havia subido 1,33% no mês anterior. A refeição, por sua vez, apresentou alta de 0,94%, acima do 0,57% observado em agosto. Além disso, os preços da cerveja (1,32%) e do refrigerante e água mineral (1,41%) também subiram.
Todas as áreas pesquisadas apresentaram alta em setembro. O maior índice foi registrado no município de Rio Branco (1,56%), influenciado pelas altas nos preços da energia elétrica (6,09%) e do automóvel novo (3,57%). Já o menor resultado ocorreu em Brasília (0,79%), por conta da queda nos preços da gasolina (-0,81%) e do seguro de veículo (-3,36%).
Para o cálculo do índice do mês, foram comparados os preços coletados entre 28 de agosto e 28 de setembro de 2021 (referência) com os preços vigentes entre 29 de julho e 27 de agosto de 2021 (base). O IPCA é calculado pelo IBGE desde 1980, se refere às famílias com rendimento monetário de 01 a 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte, e abrange dez regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e de Brasília.
Em virtude da pandemia de COVID-19, o IBGE suspendeu, em 18 de março, a coleta presencial de preços nos locais de compra. A partir dessa data, os preços passaram a ser coletados por outros meios, como sites de internet, telefone ou e-mail. A partir do início de julho de 2021, o IBGE iniciou a retomada gradual da coleta presencial de preços em alguns estabelecimentos, conforme descrito na Portaria nº 207/2021 da Presidência do IBGE.
INPC sobe 1,20% em setembro
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de setembro subiu 1,20%, 0,32 p.p. acima do resultado de agosto (0,88%). Esse foi o maior resultado para um mês de setembro desde 1994, quando o índice foi de 1,40%. O acumulado no ano foi de 7,21% e, em 12 meses, de 10,78%, acima dos 10,42% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em setembro de 2020, a taxa foi de 0,87%.
Os produtos alimentícios subiram 0,94% em setembro, ficando abaixo da variação observada em agosto (1,29%). Já os não alimentícios tiveram alta de 1,28%, enquanto em agosto haviam registrado 0,75%.
Todas as áreas registraram variação positiva em setembro. O menor índice foi observado no município de Goiânia (0,79%), onde pesaram as quedas nos preços das carnes (-1,65%). Já o maior resultado foi registrado na região metropolitana de Curitiba (1,65%), influenciado pelas altas nos preços da energia elétrica (6,80%) e da gasolina (4,91%).
Para o cálculo do índice do mês, foram comparados os preços coletados no período de 28 de agosto a 28 de setembro de 2021 (referência) com os preços vigentes no período de 29 de julho a 27 de agosto de 2021 (base). O INPC é calculado pelo IBGE desde 1979, se refere às famílias com rendimento monetário de 01 a 05 salários mínimos, sendo o chefe assalariado, e abrange dez regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e de Brasília.
| Agência IBGE de Notícias | | | |
|
| | |
|
|