| 15 de março de 2022
Terça-feira
- Para facilitar aprovação, governo altera projeto que revoga lei da exigência da máscara
- Curitiba deve liberar máscaras ao ar livre, mas ainda não nos ambientes fecha
- Máscaras deveriam ser mantidas em ambientes fechados, diz especialista
(matéria com texto aberto abaixo da tabela)
- Seara é condenada em R$ 10 milhões por expor funcionários a covid no Paraná
- Projeto cria Refis Popular em apoio ao devedor de baixa renda
(matéria com texto aberto abaixo da tabela)
- Cancelada audiência da CAS sobre correção monetária de débitos trabalhistas
(matéria com texto aberto abaixo da tabela)
- Salário mínimo 2022: qual o valor atual?
- Confiança da indústria recuou levemente em março, aponta CNI
(matéria com texto aberto abaixo da tabela)
- Produção industrial recua em dez dos 15 locais pesquisados pelo IBGE
(matéria com texto aberto abaixo da tabela)
- Em janeiro, indústria recua em 10 dos 15 locais pesquisados
(matéria com texto aberto abaixo da tabela)
- ICEI - Índice de Confiança do Empresário Industrial
(matéria com texto aberto abaixo da tabela)
- Para CNI, indústrias não devem conseguir repassar pressão de custos por guerra
- Prolongamento da guerra pode afetar indústria brasileira, avalia CNI
(matéria com texto aberto abaixo da tabela)
- Cerca de 2,4 mil empresas no Brasil dependem de fornecedores de Rússia e Ucrânia
- Privatizações são essenciais para retomada do crescimento brasileiro
(matéria com texto aberto abaixo da tabela)
- Acessão do Brasil à OCDE deve demorar 2 anos, prevê ministro
- É hora de reorganizar a economia
- Pressão inflacionária é primeiro efeito da guerra na Ucrânia, avalia CNI
(matéria com texto aberto abaixo da tabela)
- Estimativa da inflação sobe pela nona vez e passa a marca de 6%
- A importância de se economizar em meio à inflação alta
- Com inflação, varejo prevê queda de 2% no primeiro trimestre
- Índice de preços da Ceagesp sobe 8,1% em fevereiro, puxado por verduras e legumes
- Balança comercial tem superávit acumulado de US$ 3,604 bilhões em março
- BC pode repetir alta de 1,5 ponto da Selic, dizem ex-diretores
- Caminhoneiros: categoria está dividida entre paralisação e aumento no preço do frete, diz liderança
- Isenção para gasolina, defendida por Bolsonaro, pode ter custo de R$ 27 bilhões
- AGU nega omissão de Bolsonaro e pede fim de processo contra alta dos combustíveis
- Com guerra, importadores do Brasil têm dificuldade de comprar diesel
- 'Vou vender picolé ou pipoca', diz caminhoneiro sobre alta do diesel
- Depois de três reduções seguidas, gasolina supera R$ 7 na média
- Gasolina deve continuar a subir nos EUA por conta de embargos à Rússia, diz Biden
- Petrobras tem função social e precisa ajudar em preço do combustível, diz Pacheco
- Produção de motos sobe 84,5% em fevereiro ante fevereiro de 2021, diz Abraciclo
- Venda de carros novos tem pior janeiro, em 17 anos
- Apesar da falta de componentes, Grupo Volkswagen registra lucro de € 20 bilhões
- Parceria entre VW e Ford terá mais um carro elétrico
- Ford revela nova estratégia de eletrificação com o lançamento de 7 modelos
- Tupy se une à aliança para motor de hidrogênio
- Scania investe cerca de um bilhão de coroas suecas em nova pista de testes para veículos autônomos e eletrificados
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Em 15/03/2022
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Fonte: BACEN
| | | | | Idosos e imunossuprimidos devem manter o uso de máscara como proteção contra a covid-19, mesmo em cidades onde não há mais obrigatoriedade. O alerta é do professor do Departamento de Biologia Celular da Universidade de Brasília (UnB), Bergmann Morais Ribeiro.
"Na minha opinião, ainda não é o momento de liberar o uso de máscaras em ambientes fechados. Como o número de transmissões e mortes está diminuindo ao longo do tempo, a liberação em espaços abertos é algo natural. Mas, ainda não é o momento para espaços fechados. A variante Ômicron é muito transmissível e há pessoas imunossuprimidas ou idosos que, se pegarem o vírus, mesmo vacinados, correm o risco de ser hospitalizados e ter a doença de forma grave", disse. Para o professor, a liberação em espaços fechado deveria estar vinculada à queda do número de mortes por covid-19.
Segundo Ribeiro, locais com aglomerações ainda deveriam manter a obrigatoriedade do uso de máscara, como transporte público, comércios, teatro, cinema, feiras e shopping.
A obrigatoriedade do uso também deveria ser mantida para estudantes e professores em escolas. Outro ponto destacado pelo professor é a necessidade de que os brasileiros completem o ciclo vacinal contra a covid-19.
"A pandemia ainda não acabou. Existem outras variantes que surgiram, como a Ômicron, que aumentou o número de infecções na Grã Bretanha, em Hong Kong e na própria China. Se não tomarmos cuidado, pode aparecer nova onda", lembrou.
Fiocruz
Para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a flexibilização de medidas protetivas contra a doença, como o uso de máscaras em locais fechados de forma irrestrita, é prematuro. De acordo com o boletim do Observatório Covid-19 divulgado pela instituição, as próximas semanas serão fundamentais para entender a dinâmica de transmissão da doença. Ainda não é possível avaliar o efeito das festas e viagens no período do carnaval.
O boletim cita estudo recente que sugere que o uso de máscaras deve ser mantido por duas a dez semanas após a meta de cobertura vacinal ser atingida, entre 70% e 90%. Com o surgimento da variante Ômicron e sua maior capacidade de escape dos anticorpos, o boletim diz que as máscaras ficaram ainda mais importantes.
| Agência Brasil | | | | Texto determina que a União deverá prestar assistência jurídica para a renegociação dos débitos, podendo oferecer parcelamento em até 60 vezes
O Projeto de Lei 280/22 cria o Programa de Recuperação das Finanças Familiares (Refis Popular), destinado a auxiliar as pessoas de baixa renda a quitar obrigações assumidas em operações de crédito junto a instituições financeiras.
Pelo texto em análise na Câmara dos Deputados, a participação no Refis Popular dependerá do cumprimento de requisitos, como valor máximo envolvido de até R$ 4.000 e renda familiar de até dois salários mínimos (atualmente, R$ 2.424).
Caberá ao Poder Executivo regulamentar o programa, mas o projeto já determina que a União deverá prestar assistência jurídica para a renegociação dos débitos, podendo ainda oferecer ao devedor a possibilidade de parcelamento em até 60 vezes.
“Um Estado que se pretende minimamente justo, quando se julga capaz de abrir mão de receitas perdoando dívidas de empresários, deve também estar ao lado dos mais necessitados para ajudá-los a lidar com as dívidas”, afirmou o autor da proposta, deputado José Guimarães (PT-CE), ao defender o Refis Popular.
Tramitação
O projeto tramita em caráter conclusivo e será analisado pelas comissões de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.
| Agência Câmara dos Deputados | | | |
Foi cancelada a audiência pública da Comissão de Assuntos Sociais (CAS) para instruir sobre o projeto de lei que determina a correção de débitos trabalhistas pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E). O debate, que ocorreria nesta quinta-feira (17), foi adiado após pedido de um dos autores do requerimento para a audiência, o senador Paulo Paim (PT-RS). Ainda não foi divulgada uma nova data.
De acordo com a assessoria do senador, um problema na agenda do parlamentar fez com que o debate fosse adiado.
O projeto (PLS 396/2018), do senador Lasier Martins (Podemos-RS), corrige os débitos trabalhistas pelo IPCA-E porque, na visão do autor, reflete de maneira mais fidedigna a variação do custo de vida da população, pois é calculado com base no custo de vida de famílias que ganham de um a 40 salários mínimos. O índice leva em conta despesas como moradia, alimentação, saúde, higiene pessoal, educação, transporte e vestuário.
Está prevista a participação no debate de representantes de trabalhadores, de empresários, da Justiça e do Ministério Público.
| Agência Senado | | | | A indústria segue confiante, apesar da queda em relação a fevereiro deste ano, e o indicador está maior do que mesmo período de 2021.
O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), da Confederação Nacional da Indústria (CNI) recuou 0,4 ponto em março de 2022, de 55,8 pontos para 55,4 pontos. O resultado demonstra leve queda da confiança em relação a fevereiro. Apesar da queda, a indústria segue confiante em março de 2022, pois segue acima da linha divisória dos 50 pontos, que separa a confiança da falta de confiança. Foram entrevistadas 1.617 empresas, entre 3 e 9 de março de 2022.
O gerente de Análise Econômica, Marcelo Azevedo, explica que o ICEI é a média de dois componentes: índice de Condições Atuais e o índice de Expectativas, que olha para os próximos seis meses. O que explica a confiança do empresário industrial é a visão de médio prazo. O Índice de Expectativas caiu 0,6 ponto, para 58,6 pontos, indicando expectativas ainda otimistas para os próximos seis meses, porém um pouco mais fracas e menos disseminadas que em fevereiro.
A percepção da indústria em relação às condições atuais da economia brasileira, no entanto, segue negativa pelo sétimo mês consecutivo. “E nesse mês, também passou para o campo negativo a percepção das condições atuais das próprias empresas por parte dos empresários”, explica o economista.
| CNI | | | | A produção industrial recuou em dez dos 15 locais pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na passagem de dezembro de 2021 para janeiro deste ano.
As maiores quedas foram observadas no Amazonas (-13%), Minas Gerais (-10,7%) e Pará (-9,8%).
Os estados do Paraná (-5,1%), Pernambuco (-5%) e Ceará (-3,8%) também registraram quedas mais intensas do que a média nacional (-2,4%).
A lista de locais com recuo na produção inclui ainda a região Nordeste (-1,6%) e os estados de Goiás (-1,7%), Rio de Janeiro (-1,4%) e São Paulo (-1%).
Por outro lado, cinco estados tiveram alta: Mato Grosso (4%), Espírito Santo (2,6%), Bahia (1,2%), Santa Catarina (0,9%) e Rio Grande do Sul (0,8%).
Na comparação com janeiro do ano passado, 11 dos 15 locais pesquisados tiveram queda, com destaque para os estados do Pará (-24,4%), Ceará (-24,3%) e Pernambuco (-12,3%).
Entre os quatro estados com crescimento, a maior alta ficou com Mato Grosso (43%).
Já no acumulado de 12 meses, dez dos 15 locais pesquisados tiveram alta na taxa. Os maiores avanços foram observados em Santa Catarina (8,5%) e Minas Gerais (8,3%). Dos quatro locais em queda, Bahia teve o principal recuo (-12,5%).
| Agência Brasil | | | | A queda de 2,4% da produção industrial nacional na passagem de dezembro de 2021 para janeiro de 2022, na série com ajuste sazonal, teve perfil disseminado de taxas negativas, alcançando dez dos 15 locais pesquisados. Amazonas (-13,0%), Minas Gerais (-10,7%) e Pará (-9,8%) assinalaram os recuos mais acentuados. Já na média móvel trimestral, sete dos 15 locais pesquisados apontaram taxas positivas.
A queda de 2,4% da produção industrial nacional na passagem de dezembro de 2021 para janeiro de 2022, na série com ajuste sazonal, foi acompanhada por dez dos 15 locais pesquisados. O Amazonas registrou a queda mais acentuada (-13,0%), eliminando quase toda a expansão verificada em dezembro (14,3%). Em seguida, Minas Gerais (-10,7%), apontando a queda mais elevada desde abril de 2020 (-15,3%) e interrompendo dois meses consecutivos de crescimento na produção, em que havia acumulado ganho de 7,5%. Outro destaque negativo foi o Pará (-9,8%), que já havia registrado recuo (-2,6%) no mês anterior.
Paraná (-5,1%), Pernambuco (-5,0%) e Ceará (-3,8%) também registraram taxas negativas mais intensas do que a média nacional (-2,4%). Além disso, Goiás (-1,7%), a região Nordeste (-1,6%) e os estados do Rio de Janeiro (-1,4%) e de São Paulo (-1,0%) completaram o conjunto de locais com índices negativos em janeiro, embora abaixo da média nacional.
Já na outra ponta, Mato Grosso (4,0%) e Espírito Santo (2,6%) mostraram os avanços mais elevados em janeiro frente a dezembro, com o primeiro marcando a quarta taxa positiva seguida e acumulando nesse período expansão de 37,6%; e o segundo registrando crescimento de 8,8% em dois meses consecutivos de expansão na produção. Bahia (1,2%), Santa Catarina (0,9%) e Rio Grande do Sul (0,8%) assinalaram os demais resultados positivos do mês.
Na média móvel trimestral, a indústria mostrou variação positiva de 0,1% no trimestre encerrado em janeiro de 2022, com sete dos 15 locais pesquisados apontando taxas positivas. Os avanços mais acentuados nessa comparação foram assinalados por Mato Grosso (8,4%), Espírito Santo (1,8%), São Paulo (1,1%), Goiás (1,0%) e Santa Catarina (0,9%). Por outro lado, Pará (-3,0%), Ceará (-2,6%), Pernambuco (-1,7%), Minas Gerais (-1,3%) e Amazonas (-0,9%) registraram os principais recuos.
Frente a janeiro de 2021, a indústria teve queda de 7,2% em janeiro de 2022, que foi acompanhada por 11 dos 15 locais pesquisados, sendo que janeiro de 2022 (21 dias) teve um dia útil a mais do que igual mês do ano anterior (20). Pará (-24,4%), Ceará (-24,3%), Pernambuco (-12,3%) e região Nordeste (-10,1%) assinalaram os recuos mais intensos. Minas Gerais (-9,8%), Santa Catarina (-9,7%) e São Paulo (-8,7%) também registraram taxas negativas acima da média nacional (-7,2%). E Rio Grande do Sul (-6,3%), Amazonas (-4,1%), Bahia (-3,9%) e Paraná (-3,7%) completaram o conjunto de índices negativos na comparação.
Por outro lado, Mato Grosso, com expansão de 43,0%, apontou o crescimento mais elevado em janeiro de 2022, impulsionado, em grande parte, pelo avanço observado nas atividades de produtos alimentícios e de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (álcool etílico). Espírito Santo (5,4%), Rio de Janeiro (2,8%) e Goiás (2,1%) mostraram os demais resultados positivos na comparação com o mesmo mês do ano anterior.
No acumulado dos últimos doze meses, o avanço de 3,1% no total da indústria em janeiro de 2022, foi acompanhado por dez dos 15 locais pesquisados, porém nove desses locais apontaram menor dinamismo frente aos índices de dezembro de 2021. Ceará (de 3,7% para 0,5%), Pará (de -3,7% para -6,8%), Pernambuco (de -0,2% para -2,0%), Santa Catarina (de 10,2% para 8,5%), Minas Gerais (de 9,8% para 8,3%), Paraná (de 9,1% para 7,8%), Rio Grande do Sul (de 8,7% para 7,5%) e São Paulo (de 4,9% para 3,8%) mostraram os principais recuos entre dezembro de 2021 e janeiro de 2022. Por outro lado, o Mato Grosso (de -0,1% para 3,9%) assinalou o maior ganho entre os dois períodos.
| IBGE | | | | Confiança da Indústria recua em março
O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) recuou 0,4 ponto em março de 2022, para 55,4 pontos. O resultado demonstra leve queda da confiança em relação a fevereiro. Apesar da queda a Indústria segue confiante e registra maior confiança do que em março do ano passado.
Faça o download da última edição na íntegra:
| CNI | | | | O eventual prolongamento da guerra entre Rússia e Ucrânia pode afetar a saúde financeira da indústria brasileira, disse hoje (14) a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo a entidade, o setor já está sendo afetado pelo encarecimento das commodities (bens primários com cotação internacional).
Em relatório, a CNI diz que a alta internacional dos preços de matérias-primas agrícolas, minerais e energéticas aumenta a pressão sobre a inflação, já afetada pela pandemia de covid-19. Para a CNI, a alta da inflação poderá resultar em aumentos adicionais nos juros, no Brasil e no exterior, com impacto negativo sobre a economia brasileira.
De acordo com o gerente executivo de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles, os efeitos do conflito sobre a indústria e a economia brasileira dependem da duração do conflito. Para Telles, uma guerra longa pode influenciar as exportações do Brasil como um todo, ao fazer a economia global desacelerar.
No caso brasileiro, a elevação do preço dos minérios e dos produtos agrícolas deve ter efeitos mais imediatos sobre a inflação. No caso do petróleo, a alta não afeta apenas os preços dos combustíveis, mas também produtos petroquímicos, como plásticos e embalagens.
Por causa do baixo crescimento da economia brasileira, destaca o relatório da CNI, a indústria não deve conseguir repassar integralmente ao consumidor o custo da alta das matérias-primas em um primeiro momento. Segundo a entidade, isso compromete a saúde financeira da indústria e reduz a margem de lucros de empresas ainda afetadas pela pandemia, aumentando o risco de falências e de inadimplência.
Cadeias globais
Outro impacto sobre a indústria será a escassez de componentes para fabricação de chips e semicondutores. Isso porque Rússia e Ucrânia são grandes produtores globais de metais usados nesses produtos. O conflito deverá agravar o descompasso nas cadeias mundiais de produção, com aumento nos preços do frete e repercussões no longo prazo porque a estabilização do fluxo de insumos só ocorre à medida que fornecedores recuperam o ritmo de produção e de distribuição.
De 23 de fevereiro a 8 de março, ressaltou a CNI, os preços no mercado futuro de diversas commodities dispararam. A cotação internacional do trigo subiu 45,3%. O preço do barril de petróleo saltou 34,3%. Também ficaram mais caros o paládio (+21,7%); o milho (+10,3%); o açúcar (+4,9%) e o alumínio (+4,2%).
Comércio externo
Em relação ao comércio externo, a CNI avalia que o fluxo de mercadorias entre Brasil e Ucrânia é pequeno. Para a confederação, as principais dificuldades deverão ser observadas nas trocas comerciais entre Brasil e Rússia. No ano passado, o Brasil comprou US$ 5,7 bilhões em produtos russos, principalmente fertilizantes, óleos leves de petróleo, carvão mineral e itens de metalurgia.
Em 2021, o Brasil importou US$ 5,7 bilhões da Rússia. Apesar de o montante ser equivalente a 2,6% das importações brasileiras totais, o país foi a sexta maior origem das mercadorias compradas pelo Brasil. Quanto às exportações, a Rússia foi o 36º maior parceiro comercial do Brasil, com US$ 1,59 bilhão em produtos embarcados (0,6% das vendas externas totais).
| Agência Brasil | | | | Em artigo publicado na Exame, o presidente da CNI explica que a expansão da participação privada se contrapôs à progressiva redução da capacidade de investimento governamental
Há quase três décadas, o Brasil iniciou o processo de desestatização de ativos públicos, em grande parte de bens e empresas no setor de infraestrutura. A expansão da participação privada, além de melhorar a eficiência e a cobertura na prestação dos serviços, se contrapôs à progressiva redução da capacidade de investimento governamental, agravada pela crise fiscal e econômica dos últimos anos.
Atualmente, os recursos privados respondem por 70% dos cerca de R$ 130 bilhões investidos por ano nas diferentes áreas da infraestrutura brasileira. Em 2010, essa participação era de apenas 46%. O capital privado impediu que a queda nos investimentos em infraestrutura fosse ainda mais pronunciada nesse período.
A expansão do capital privado foi alcançada graças a uma série de iniciativas: a aprovação da Lei de Concessões de 1995; a criação das agências reguladoras, no início dos anos 2000; e a instituição do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), em 2016. O PPI combateu uma antiga deficiência do poder público na estruturação, elaboração de estudos e implementação de projetos de infraestrutura para a desestatização.
Entre 2017 e 2021, União, estados e municípios assinaram mais de 600 contratos para a exploração privada de empreendimentos em diferentes setores. Os números revelam que o Brasil possui um dos maiores programas de transferência de ativos públicos de infraestrutura em todo o planeta.
Hoje, o capital privado opera 44 aeroportos federais, 367 terminais e áreas portuárias arrendadas ou autorizadas, 30 mil quilômetros de ferrovias, e 24,7 mil quilômetros de rodovias (12% da malha pavimentada do Brasil). Também merece destaque a crescente operação privada de áreas para a exploração de petróleo e gás, de distribuidoras e geradoras de energia elétrica, e de segmentos de telecomunicações e de saneamento básico.
O saneamento é a boa novidade na programação das privatizações. Os leilões que aconteceram após a aprovação do Novo Marco Legal do setor (Lei n.º 14.026/2020) foram todos bem-sucedidos, com destaque para a privatização da Companhia Estadual de Água e Esgoto do Rio de Janeiro (Cedae), que arrecadou R$ 22,6 bilhões em outorga e foi considerado um dos maiores leilões de infraestrutura dos últimos anos.
Nesse segmento, ainda há um longo trabalho pela frente, pois apenas 515 municípios são atendidos por empresas privadas. Os investimentos em saneamento, além de alavancar a economia local por meio da geração de empregos e de renda, têm efeito multiplicador em uma longa cadeia produtiva, com ênfase em serviços de engenharia e construção civil, produtos químicos, produtos de metal para reservatórios e tubos, que, por sua vez, serão demandantes da indústria de aço e alumínio. Há, também, aumento na procura pela fabricação de produtos de plástico e borrachas, assim como na indústria de materiais não metálicos (cimento e concreto).
A continuidade e o aprofundamento das concessões e das privatizações são primordiais para intensificar o processo de recuperação econômica e auxiliar na pavimentação de um novo ciclo de crescimento com base na expansão do investimento privado.
Ainda em 2022, são aguardados os leilões dos últimos 16 aeroportos federais geridos pela Infraero, além da desestatização da primeira administração de um porto público, a Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa). O certame servirá de modelo para a transferência ao setor privado das demais Companhias Docas do país, incluindo o Porto de Santos. Essas empresas públicas são marcadas por ineficiências administrativas e dificuldades na realização dos investimentos em infraestruturas portuárias essenciais à competividade do produto nacional.
A redução na quantidade de empresas públicas no país é essencial para reequilibrar as contas do governo e retomar a capacidade de investimento do Estado. Apenas no âmbito federal, existem, hoje, 155 estatais – eram 230 em 2016. O total considerável de companhias ainda sob gestão governamental revela que há espaço para novas desestatizações, especialmente na área de infraestrutura.
Entre as desestatizações previstas para os próximos anos, a principal é a do Grupo Eletrobras. Trata-se da maior holding do setor elétrico da América Latina e uma das cinco maiores geradoras hidrelétricas do mundo em capacidade instalada. Além disso, a empresa detém mais de 30% da geração do Brasil e mais de 70 mil quilômetros de linhas de transmissão.
O processo de desestatização da Eletrobras é muito importante para o país. A empresa precisa realizar os investimentos necessários sem as amarras do controle público e com a agilidade do setor privado. O processo avança na direção de libertá-la de possíveis ingerências políticas, que tantos prejuízos já causaram a ela e ao Brasil.
Atualmente, 67% do mercado de geração de energia elétrica já é operado por empresas privadas. Não existe falha de mercado que justifique a manutenção de uma empresa estatal no setor.
Essa grande desestatização está inserida no contexto de reforma estrutural do setor elétrico brasileiro. O atual modelo tem apresentado claros sinais de desgaste. Problemas no planejamento e na gestão dos mercados desestabilizaram o setor, gerando custos adicionais, crescente judicialização e enormes passivos financeiros que recaem sobre os consumidores. Hoje, dois projetos de lei (PL nº 1.917/2015 e PL nº 414/2021) tramitam no Congresso Nacional e, ambos, com os aperfeiçoamentos necessários, serão capazes de promover as transformações de que o país precisa nessa área.
Apesar dos avanços observados e da ambiciosa agenda de desestatização prevista, não devemos subestimar a complexidade do processo e os obstáculos nos próximos anos. Essa pauta deverá perdurar por ao menos mais uma década, havendo vontade política de avançar e compreensão da sociedade de sua importância. Não há outro caminho: a superação do baixo nível de investimentos em infraestrutura depende da consolidação do processo de desestatização como uma prioridade de Estado.
*Robson Braga de Andrade é empresário e presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
| CNI | | | | Confederação Nacional da Indústria acredita que duração mais longa do conflito pode agravar alta de preços das commodities e afetar saúde financeira de indústrias brasileiras
Pressão inflacionária é primeiro efeito da guerra na Ucrânia, avalia CNI
A pressão inflacionária é o principal impacto inicial causado pela guerra entre Rússia e Ucrânia para a indústria brasileira observado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A alta dos preços internacionais das commodities agrícolas, minerais e energéticas resultante do conflito produz pressão adicional sobre a inflação mundial e a brasileira, ambas já afetadas pela pandemia. Isso poderá acarretar altas nas taxas de juros internacionais e no País, com efeitos negativos para a economia brasileira.
Os preços no mercado futuro, em dólares, aumentaram para uma série de commodities desde o dia de início da guerra. Alguns exemplos de altas entre 23 de fevereiro e 8 de março são: trigo (+45,3%); petróleo (+34,3%); paládio (+21,7%); milho (10,3%); açúcar (+4,9%); e alumínio (+4,2%).
O gerente executivo de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles, ressalta que a dimensão dos impactos do conflito na economia brasileira depende da duração da guerra.
“Uma duração mais longa poderá ampliar não só os efeitos sobre commodities, mas também os impactos negativos sobre o crescimento da economia mundial, influenciando as exportações brasileiras como um todo”, afirma.
No caso do Brasil, a elevação dos preços das commodities minerais (excluindo petróleo) e agrícolas devem ter efeitos mais imediatos sobre a inflação. A alta do petróleo impacta não apenas nos preços de combustíveis (gasolina e diesel), mas, também, em produtos petroquímicos, como plásticos e embalagens.
Devido à situação econômica do Brasil, a indústria não deve conseguir repassar integralmente essa alta de em um primeiro momento, o que pode afetar a saúde financeira das empresas, na avaliação de Mário Sérgio. “Há um desemprego elevado no mercado interno que dificulta o repasse de preços na mesma proporção do aumento de custo. Com isso, pode haver uma redução da margem de lucro das empresas ainda afetadas pela crise, o que aumenta o risco de falências e de dificuldades em negociar dívidas”, afirma.
Cadeias globais de insumos
O conflito também poderá levar à escassez de componentes necessários à fabricação de chips e semicondutores, uma vez que a Rússia e a Ucrânia são grandes produtores globais de metais usados como componentes desses produtos. Também há a expectativa de novas elevações nos preços de frete internacional, agravando os problemas na logística das cadeias globais de suprimentos.
O descompasso das cadeias globais deverá repercutir no longo prazo, de acordo com o superintendente de desenvolvimento industrial da CNI, Renato da Fonseca.
“Quando você reabre os fluxos de suprimentos, a reorganização da logística de transportes ocorre aos poucos. Vai haver um impacto de mais longo prazo nesse sentido, até os mercados se regularizarem e essa desorganização é transmitida via preço. A redução desses preços vai acontecer à medida que os fornecedores consigam entrar novamente no ritmo de produção e distribuição para os compradores”, afirma.
Comércio Brasil – Rússia e Ucrânia
O fluxo de comércio entre Brasil e Ucrânia é pequeno, razão pela qual os efeitos diretos do conflito via relações de importações e exportações devem surtir efeitos pontuais sobre setores específicos. As consequências serão maiores no comércio com a Rússia. Em 2021, o país ocupou a 6ª posição dentre os principais importadores do Brasil, com um total de US$5,70 bilhões (2,6% das importações brasileiras). Com relação às exportações, a Rússia foi o 36º maior parceiro comercial do Brasil, contabilizando um total de US$1,59 bilhões (0,6% das exportações brasileiras).
Dentre os principais produtos que o Brasil importa da Rússia, destacam-se: produtos químicos (principalmente fertilizantes); óleos leves de petróleo; carvão mineral (hulha betuminosa e hulha antracita); e metalurgia (alumínio e paládio). “Como o Brasil importa principalmente fertilizantes agrícolas, o acesso mais restrito a esses insumos poderá impactar as próximas safras”, avalia Renato da Fonseca. Para alguns dos produtos importados, como metais básicos e de produtos químicos, existem possíveis substitutos no curto prazo para evitar a indisponibilidade de certos bens, ainda que os preços praticados sejam mais altos.
Do lado das exportações, as vendas brasileiras para Rússia são concentradas em: produtos agrícolas (soja, café), da indústria alimentícia (carne, açúcar), máquinas e equipamentos agrícolas e metalurgia (ferronióbio), de modo que os exportadores possivelmente precisarão realocar essas vendas. Entre os manufaturados, 10,5% dos tratores e 11,6% dos aparelhos usados para pulverizar líquidos ou pós exportados pelo Brasil nos últimos 5 anos foram para Rússia. Outros 6,5% das vendas brasileiras desses aparelhos entre 2017 e 2021 foram para Ucrânia.
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