Por Daniel Silveira, G1


Reabertura de comércios e serviços levou 1,6 milhão de brasileiros voltarem a procurar emprego no país, segundo o IBGE — Foto: Giuliano Gomes/PR Press

O número de desempregados diante da pandemia do novo coronavírus voltou a crescer na segunda semana de agosto, após leve queda na semana anterior. De acordo com a estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada nesta sexta-feira (4), em uma semana o contingente de desempregados aumentou em cerca de 300 mil pessoas, chegando a 12,9 milhões o total de trabalhadores em busca de uma oportunidade no mercado de trabalho.

Com o aumento, a taxa de desemprego passou de 13,3% para 13,6%. Todavia, o IBGE considera que houve estabilidade do indicador e atribui o crescimento da população desocupada à retomada da busca por emprego diante da crescente retomada das atividades econômicas pelo país.

Desemprego volta a crescer após leve queda na primeira semana de agosto, segundo o IBGE — Foto: Economia/G1

Segundo o IBGE, diminuiu em cerca de 1 milhão o número de pessoas que gostariam de trabalhar, mas não buscaram emprego na segunda semana de agosto. Uma parcela dessa população conseguiu se ocupar, mas a restante foi para a desocupação. (Inicialmente o IBGE informou que 1,6 milhão de pessoas voltaram a procurar trabalho no período, mas a informação foi corrigida pelo órgão às 11h22. Já às 13h29, o IBGE esclareceu que, ao contrário do informado anteriormente, essa queda "não significa, necessariamente, que essa população voltou a pressionar o mercado de trabalho".)

Esse número vem da queda de 28,1 milhões para 27,1 milhões no número de pessoas que gostaria de trabalhar, mas não procurou trabalho no período. Também reduziu de 18,3 milhões para 17,7 milhões o grupo de pessoas que gostaria de trabalhar, mas não procurou devido à pandemia ou por falta de trabalho no local onde vive.

“Embora pouco significativo, tivemos um leve aumento da população ocupada e da desocupada, e uma discreta diminuição da população fora da força de trabalho. Isso sugere, como já tínhamos observado na semana anterior, uma leve retomada das atividades econômicas e da recuperação do emprego”, avaliou a coordenadora da pesquisa, Maria Lúcia Vieira

A população ocupada e não afastada do trabalho foi estimada em 75,1 milhões de pessoas, aumentou de cerca de 400 mil pessoas em relação à semana anterior, mas que também é considerado como estabilidade pelo IBGE.

na comparação com a primeira semana de maio, quando esse contingente era estimado em 63,9 milhões, houve alta de 17,5%, o que corresponde a um acréscimo de 11,2 milhões de pessoas ocupadas no mercado de trabalho.

Informalidade volta a ter leve alta

O IBGE destacou que essa leve retomada do mercado de trabalho também pode ser vista nos dados de informalidade. Aumentou em cerca de 100 mil o número de trabalhadores informais na comparação com a primeira semana de agosto. Com isso, chegou a 29 milhões o número de informais em atividade no país e a taxa de informalidade ficou em 34,1%.

São considerados como trabalhadores informais pelo IBGE aqueles empregados no setor privado sem carteira assinada, trabalhadores domésticos sem carteira, trabalhadores por conta própria sem CNPJ e empregadores sem CNPJ, além de pessoas que ajudam parentes.

Informalidade se mantém estável, segundo o IBGE — Foto: Economia/G1

Em 3 meses, nº de afastados pela pandemia caiu 74%

O levantamento do IBGE mostrou, ainda, que cerca de 4,3 milhões de trabalhadores continuavam afastados do trabalho devido ao isolamento social imposto pela pandemia na segunda semana de agosto. Esse número é 74% menor que o registrado na primeira semana de maio, quando o contingente de afastados chegou a 16,2 milhões de pessoas.

Em relação à semana anterior, caiu em cerca de 400 mil pessoas o total de afastados do trabalho devido o isolamento social, o que corresponde a uma redução de 8,5% e enfatiza o avanço da reabertura das atividades econômicas pelo país.

Proporcionalmente, apenas 5,2% dos trabalhadores ocupados ainda estavam afastados do local de trabalho devido o isolamento social. Na primeira semana de maio, esse percentual era de 19,8%.

Na comparação com a primeira semana de maio, número de afastados pela pandemia caiu 74% — Foto: Economia/G1

Pnad Covid X Pnad Contínua

O levantamento foi feito entre os dias 9 e 15 de agosto por meio da Pnad Covid19, versão da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua realizada com apoio do Ministério da Saúde para identificar os impactos da pandemia no mercado de trabalho e para quantificar as pessoas com sintomas associados à síndrome gripal no Brasil.

Apesar de também avaliar o mercado de trabalho, a Pnad Covid19 não é comparável aos dados da Pnad Contínua, que é usada como indicador oficial do desemprego no país, devido às características metodológicas, que são distintas. Os dados da Pnad Contínua mais atuais são referentes a julho, e apontaram uma alta do desemprego para 13,3%, com queda recorde no número de ocupados.

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