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R$ 5 bilhões de prejuízo: nova alta do diesel gera críticas das empresas de ônibus

Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) quer tratamento tributário diferenciado para o setor

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Victor Bianchin, AB
  • 01/10/2021 - 10:56
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             Setor de ônibus sofre com queda na demanda e alta no preço dos combustíveis / Imagem: Divulgação (SPTrans)

    Nesta terça-feira, 28/9, a Petrobras anunciou uma nova alta no preço do diesel, de 8,89%. A justificativa foi os valores do mercado internacional e o câmbio do dólar. Neste ano, o diesel já subiu 28,02%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE.

    As frequentes altas no preço do combustível têm colocado pressão sobre as empresas de transporte. Segundo levantamento da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), com dados publicados até dezembro de 2020 pelo IBGE, o preço do diesel sofreu um aumento de 202,37% superior ao preço da gasolina e 248,26% maior que o IPCA nos últimos 21 anos, o que resultou na alta acumulada de 511,12% para o transporte público, maior que os 308,75% de impacto para o transporte individual.

    “Considerando que o diesel no transporte público representa 26,6% do custo total, o impacto somado ao aumento que já foi feito este ano, que foi de 51%, representa mais de R$ 5 bilhões e meio por ano de prejuízo”, afirma Otávio Cunha, presidente da NTU, ressaltando que o setor não consegue repassar para o consumidor esse valor devido à queda na demanda. Na semana passada, durante o evento Lat.Bus, a NTU alertou que o setor de ônibus teve, entre março de 2020 e junho de 2021, um prejuízo total de R$ 16,7 bilhões causado pela pandemia.

    “Esses reajustes obedecem a uma sistemática que a Petrobras adotou veiculada ao preço internacional, portanto a gente nunca sabe quando aumenta. Os reajustes deveriam ser para cima e para baixo, mas este ano foram só para cima”, afirma Cunha. “Considerando que o transporte público é um serviço essencial e um direito da sociedade, ele mereceria um tratamento tributário diferenciado. Não tem como reajustar tarifas no país”, defendeu ele.

    Para tentar mudar o cenário de crise dos transportes rodoviários, onde houve 36 falências e 87 mil demissões durante a pandemia, a NTU e outros personagens estão propondo ao governo federal um Marco Regulatório para o setor. O texto prevê a criação de parâmetros nacionais de qualidade e eficiência e também a criação de um fundo nacional de transporte público urbano para repassar dinheiro do governo federal às operadoras, que ficariam menos dependentes das tarifas. Isso, de acordo com os cálculos da NTU, reduziria em 15% o valor dos serviços.