Por Pedro Henrique Gomes e Gustavo Garcia, g1 — Brasília


O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quarta-feira (29) a industriais que, se reeleito, eles indicarão o ministro de Indústria e Comércio.

Ele já havia prometido a recriação desse ministério durante evento da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) em Belo Horizonte, no final de maio.

A declaração do presidente nesta quarta-feira foi dada durante pronunciamento em evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) no qual os pré-candidatos à Presidência da República dialogaram com empresários do setor industrial. Segundo a organização, havia cerca de 1,5 mil empresários na plateia.

"O Paulo Guedes pegou uma missão enorme, um adensamento de mais quatro ministérios. Já separamos o Trabalho e Previdência de um lado e pretendemos, conforme foi sugerido na Fiemg há dois meses, em havendo uma reeleição, recriar o Indústria e Comércio, cujo ministro seria indicado pelos senhores, com o perfil dos senhores, para exatamente ter liberdade para trabalhar", disse o presidente nesta quarta.

Na campanha à presidência em 2018, Bolsonaro tinha prometido 15 ministérios. No ano seguinte, o governo começou com 22 e agora tem 23.

'Mudança de cor' do Brasil

Durante sua fala no evento da CNI, Bolsonaro afirmou que o Brasil "pode mudar de cor", fazendo referência a uma possível vitória de um candidato de esquerda nas eleições de outubro.

"Os Estados Unidos não podem ficar isolados neste contexto. Estamos vendo o que aconteceu com a Venezuela. O que está acontecendo com a nossa querida Argentina, em especial na questão econômica. No Chile, que era redondinho, arrumadinho, também, tendo em vista as escolhas. A nossa Colômbia agora também. E o Brasil, com uma ameaça de mudar de cor. E nós sabemos que essa mudança de cor não deu certo em lugar nenhum do mundo", disse.

O presidente afirmou que espera que os Estados Unidos invistam mais no Brasil como uma forma de frear o crescimento dos aportes de empresas da China no país.

"Como, por exemplo São Paulo, grande parte foi privatizado para empresas chinesas. O que eu falei com ele e que é um recado para o mundo é que nós gostaríamos de investimentos dos EUA em nosso país", declarou Bolsonaro.

Corrupção

No mesmo evento, Bolsonaro reconheceu que há casos de corrupção no governo, mas afirmou que são episódios "isolados" e que a corrupção na sua gestão não é "endêmica".

"O estudo avançado do ingresso do Brasil na OCDE é sinal que o Brasil é bem-visto globalmente. Nós atacamos a facilitação de negócios, bem como, o combate à corrupção. Isso nós estamos muito bem no governo. Não temos nenhuma corrupção endêmica no governo", afirmou Bolsonaro.

"Tem casos isolados que pipocam, e a gente busca solução pra isso. Mas, além da escolha dos ministros, além de conversar com eles qual é a real função dele, em cada ministério nós temos aí uma célula composta de servidores da PF, da CGU, da AGU e até mesmo TCU para analisar aquilo que é de mais caro pra nós. De modo que a gente ataca a possível corrupção na origem. Não interessa descobrir o corrupto, nós queremos é evitar que apareça a figura do corrupto", acrescentou o presidente.

CPI do MEC

As falas de Bolsonaro foram proferidas em meio a um escândalo de desvios no Ministério da Educação. São investigadas denúncias de suposto favorecimento de amigos de pastores evangélicos no repasse de recursos da pasta durante a gestão do ex-ministro Milton Ribeiro.

No Senado, já foi protocolado o pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar as possíveis irregularidades.

Sem mencionar o requerimento de criação da "CPI do MEC", Bolsonaro, no evento, afirmou pagar um preço alto porque, segundo ele, não negociou ministérios com partidos políticos.

"Há poucos anos, tinha um problema qualquer, tal partido ganhava ministério, outro perdia, ganhava banco, perdia uma estatal. Era assim. então as pessoas realmente não eram as mais adequadas para ocupar esses postos-chaves", disse.

"Conosco, [foi] diferente. Paguei e pago preço altíssimo por isso. Olha a CPI quase saindo aí, de um assunto que parece que está enterrado, parece. Mas quando se abre CPI, abre-se um mar de oportunidades para oportunistas fazerem campanha contra a gente", completou o presidente.

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