Mobility Now

Carro elétrico: 99, Audi e GWM defendem colaboração para acelerar resultados

Executivos que participaram de painel do #ABPlan concordam que única forma de fazer o tema avançar entre o público é criando um ecossistema mais amplo

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Victor Bianchin, AB
  • 28/04/2022 - 10:04
  • 3 minutos de leitura

    Aconteceu nesta quarta-feira , 27, como parte do evento online #ABPlan – Planejamento Automotivo 2022, o painel “Quais problemas os novos negócios da mobilidade precisam resolver?”, comandado pela editora Executiva da Automotive Business, Giovanna Riato. A mesa reuniu como convidados Gerold Pillekamp, responsável pelo gerenciamento de produto da Audi, Oswaldo Ramos, CCO da Great Wall Motors, e Thiago Hipólito, diretor da iniciativa DriverLab, da 99.


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    Giovanna iniciou o papo comentando sobre a iniciativa da 99, anunciada nesta semana, de criar a Aliança pela Mobilidade Sustentável. O grupo reúne várias empresas ligadas ao setor automotivo e tem por objetivo aumentar as vendas de crros elétricos no Brasil e fortalecer a rede de estações de carregamento.

    “O objetivo [da Aliança] é levar uma melhor condição financeira para o motorista. A gente quer democratizar o acesso ao carro elétrico e viabilizar isso no Brasil”, afirmou Hipólito. E prosseguiu:

    “Quando um motorista de app utiliza um carro elétrico, ele reduz em até 80% o custo que tem com a operação. Pelo combustível, mas também pela manutenção. É um dado concreto”, disse.

    Hipólito também contou que o plano da 99 é ter 300 carros elétricos rodando até o final deste ano e 10 mil até o fim de 2025. Atualmente, há dois modelos circulando em caráter de teste para averiguar informações, como a distância necessária entre estações de carregamento para que o motorista não fique desamparado.

    “Hoje, de fato, o carro elétrico tem um custo de manutenção mais baixo que o a combustão”, afirmou Pillekamp. O executivo disse que a Audi tem usado seu Luxury Signature como forma de incentivar esse mercado. Trata-se de um programa de assinatura em que o cliente pode customizar o carro de acordo com seu gosto, incluindo aí a possibilidade de escolher um elétrico. “A gente vem usando esse programa pra melhorar esse atual problema que é o custo alto da gasolina. Isso fortalece cada vez mais o caminho pra eletrificação”, ponderou o executivo.

    Oswaldo Ramos ressaltou que a questão do preço ainda é um obstáculo muito grande para a adoção em massa da tecnologia no Brasil. “Quando a gente fala de soluções de mobilidade, o carro por assinatura já ajuda demais. Porque, em relação à compra, existe um receio do cliente se ele vai conseguir revender, o que vai fazer com a bateria depois etc. Então, se existisse mesmo uma oferta plena desses programas, o carro elétrico viria muito forte”, disse ele.

    Colaboração é a solução

    Ao discutir as propostas de suas empresas relacionadas à mobilidade elétrica, os executivos concordaram que a solução ideal é criar um ecossistema corporativo que estimule o setor para o público final.

    “Já faz sentido convidar outras empresas para co-construir e trazer isso para a realidade. Estamos num momento que é justamente ‘como estabelecemos essa infraestrutura?’”, explicou Hipólito. 

    “O grande aprendizado é que não existe ecossistema fechado”, afirmou Pillekamp. “Não adianta uma empresa querer trazer todas as soluções. O grande barato da startup é você estar com os melhores players do ecossistema, cada um cuidando de sua especialidade." Ele prosseguiu:

    "Sim, queremos ser solução de mobilidade, sim, vamos vender carros eletrificados, sim, vamos ter carros por assinatura, mas o grande ponto é: como criar parceiros nesse ecossistema que forneçam soluções, desde car-sharing até gerenciamento de frotas executivas”, definiu.

    “Hoje, a gente conversa com as startups do meio de mobilidade e as empresas são muito fechadas, elas não compartilham dados”, continuou Pillekamp. “A proposta de um ecossistema inteiro na eletrificação é trazer módulos prontos, já conectados em 5G, e trabalhar esses dados com empresas parceiras. Não será uma arquitetura aberta, mas quem for parceiro vai ter a possibilidade de prestar serviços a partir desses dados. Essa tecnologia já existe, precisamos trazer pro mainstream”, defendeu o executivo.

    Ramos comentou que um dos caminhos para disseminar a eletrificação pode ser o mercado premium, que estaria crescendo proporcionalmente mais do que o mercado de massa.

    “Vemos muitos players entrando na parte de eletrificação porque o IPVA é mais barato, tem isenção do rodízio, o custo da manutenção é mais baixo, a emissão de CO2 é nula e também porque o cliente quer a tecnologia de ponta. Isso acaba tendo uma influência no bolso do cliente quando ele escolhe um carro de 400, 500 mil reais”, afirmou.

    No que diz respeito ao ride-hailing, Hipólito afirmou que o problema atual é o desequilíbrio entre oferta e demanda. “O que aconteceu é que nossa demanda de 2020 cresceu mais do que a oferta, então estamos em um momento de desequilíbrio. Houve aumento no uso pelas classes C e D. Então, a problemática hoje é como habilitar mais motoristas para a plataforma. Por isso, temos colocado muita ênfase em iniciativas como o DriverLab, com inovações que vão gerar melhorias pro motorista”, analisou ele.