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Índice de absenteísmo de trabalhadores nas montadoras é recorde com ômicron

Fábrica de carros. Operário olha carro na linha de montagem da fábrica da montadora de automóveis Ford, em São Bernardo do Campo (SP) - Rodrigo Paiva/Folhapress
Fábrica de carros. Operário olha carro na linha de montagem da fábrica da montadora de automóveis Ford, em São Bernardo do Campo (SP) Imagem: Rodrigo Paiva/Folhapress

07/02/2022 21h10Atualizada em 07/02/2022 21h27

Várias montadoras seguem com operações parciais e funcionários suspensos, e o baixo desempenho da produção no mês passado pode atrasar o retorno às fábricas. Em janeiro foram produzidos apenas 145,4 mil veículos, o mais baixo volume para o mês em 19 anos, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Além da escassez de semicondutores e férias coletivas, um dos motivos do baixo desempenho é que de 6% a 7% dos funcionários foram afastados desde o início ano por estarem contaminados com covid, ou com suspeita de infecção pela variante ômicron. As montadoras empregam atualmente 101,3 mil funcionários.

Somente a fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP) teve 968 afastamentos desde janeiro, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Na unidade da Mercedes-Benz, 276 trabalhadores foram dispensados na primeira semana deste mês. Os números acumulados desde o mês passado não foram divulgados.

Em várias montadoras também há funcionários com contratos suspensos (lay-off) em razão da escassez de semicondutores ou para mudanças nas linhas de produção.

A General Motors dará férias coletivas de um mês a partir do dia 21 para os trabalhadores de Gravataí (RS). A unidade produz apenas o modelo Onix e, no ano passado, ficou fechada por quase cinco meses por falta de semicondutores. O retorno de apenas um turno de trabalho ocorreu em agosto, mas, com a nova paralisação, toda a linha será suspensa novamente.

Desta vez, a empresa alega necessidade de atualizar e modernizar áreas da fábrica, que ainda tem metade de sua equipe em lay-off desde abril do ano passado, informaram funcionários. A GM não comentou o assunto.

VW ADOTA LAY-OFF EM TAUBATÉ

Na unidade da Volkswagen em Taubaté (SP), que estava parada desde o fim de dezembro, funcionários do primeiro turno voltaram ao trabalho nesta segunda-feira, 7, mas a equipe do segundo turno, cerca de 1,2 mil pessoas, foi colocada em lay-off na última quinta-feira, por período de dois a cinco meses.

A empresa não confirma os números nem informa o motivo da medida. Diz apenas, em nota, que o lay-off "é uma ferramenta de flexibilização utilizada conforme a necessidade". Segundo fontes do setor, além de problemas de abastecimento de chips, uma das razões seria seria a preparação da fábrica para uma nova plataforma de produção, de onde sairá o Polo Track, carro a ser lançado neste ano.

Já em São Bernardo do Campo (SP), onde 1,9 mil trabalhadores estão em lay-off, o grupo opera em um turno e abriu recentemente um Programa de Demissão Voluntária (PDV). Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos, até agora o PDV recebeu 164 adesões.

A Volkswagen alega ter 450 excedentes que operavam em um terceiro turno encerrado em 2019. "A empresa está avaliando os próximos passos", informou, em nota. Disse ainda que as filiais de São Carlos (SP) e São José dos Pinhas (PR) operam normalmente.

Na fábrica de caminhões e ônibus da Scania, também em São Bernardo, funcionários que estavam em férias coletivas desde 23 de dezembro também retornaram hoje ao trabalho. Inicialmente a volta estava prevista para 17 de janeiro, mas foi estendida em razão da falta de semicondutores, prazo depois prorrogado para hoje.