O relator da proposta da reforma do Imposto de Renda, Celso Sabino (PSDB-PA), já disse que o vale-refeição não está ameaçado, porém, o ruído em torno do assunto ainda não foi totalmente silenciado. A nova versão da reforma do IR elaborada por Paulo Guedes e o relator trouxe um trecho que elimina a possibilidade de empresas deduzirem o vale-alimentação da base de cálculo do imposto, o que desidrataria oPAT (Programa de Alimentação do Trabalhador), mas Sabino afirmou, na semana passada, que o texto não seria levado ao plenário se houvesse qualquer risco de um trabalhador perder seus vales.
Para Fabio Pina, assessor econômico da FecomercioSP, a garantia só virá no papel, com um novo texto. Pina, que foi subsecretário no Ministério da Economia, tem voz de peso porque a FecomercioSP é uma entidade que tem o empresário Abram Szajmanna presidência, um especialista no assunto. Szajman fundou a VR em 1977, um ano após a instituição do PAT.
Do lado dos trabalhadores, o clima entre as centrais sindicais é de ansiedade. Miguel Torres, presidente da Força, diz que espera uma manifestação mais concreta do governo sobre a preservação do programa. “Desagradou tanto o trabalhador como o empresário. Estamos em um momento em que precisamos ficar atentos”, afirma.
Sérgio Nobre, presidente da CUT, também segue com receio. “Mesmo que não haja nada no projeto [da reforma] literalmente afirmando que o PAT será extinto, nem precisa, porque, na prática, é o que irá acontecer se mantiver o artigo que retira o incentivo fiscal às empresas”, diz.
Já Ricardo Patah, da UGT, vê "bode na sala". Ele afirma que o governo não tem centralização, mas detonar o vale dos trabalhadores seria loucura. "Não tem ambiente de pressão empresarial. Pelo contrário. Isso não interessa a ninguém. Qualquer mudança que pudesse impedir o vale dos trabalhadores causaria uma revolução", diz.
Com Mariana Grazini, Andressa Motter e Filipe Oliveira
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