Franklin de Freitas – Primeira criança vacinada contra a Covid-19 em Curitiba

Seguindo um movimento que afeta todo o país, o Paraná registrou em 2021, pelo terceiro ano consecutivo, uma redução nas coberturas vacinais do calendário básico de imunização, que compreende as vacinas do Plano Nacional de Imunizações (PNI). No ano passado, 78,76% das crianças que deveriam ser atendidas foram vacinadas, a menor cobertura entre a população paranaense desde 2010.

Apesar dos resultados bastante abaixo do que seria considerado ideal, a situação paranaense ainda pode ser considerada um tanto privilegiada. Isso porque, entre todas as unidades da federação, apenas Santa Catarina (com 78,81%) possui uma cobertura vacinal média maior que a do Paraná. No Brasil, essa taxa ficou em 68,48% em 2021, com o Amapá (52,15%) e o Rio de Janeiro (53,7%) registrando os piores resultados de todo o país.

Ainda assim, os resultados não são bons, especialmente por conta da sucessão de quedas — num movimento que teve início em 2016, com uma pequena recuperação em 2018 e quedas sucessivas desde então. No ano passado, a expectativa era que houvesse uma inversão nessa tendência após o primeiro ano de pandemia do coronavírus, mas o que acabou ocorrendo foi mais uma redução na média de cobertura vacinal, que passou de 87,57%| para 78,76% (uma redução de 10 pontos porcentuais).

Cada doença tem uma cobertura vacinal indicada, de acordo com a capacidade de transmissão. Para a meningite e o HPV, por exemplo, esse porcentual é de 80%. Para o rotavírus, o influenza e a tuberculose, é de 90. E para as demais vacinas, de 95%. No entanto, segundo dados extraídos do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), o Paraná não conseguiu atingir a meta em nenhum dos casos no ano passado, com a cobertura vacinal para as doenças variando entre 82,48% (caso da tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola) e 77,47% (vacina BCG, contra a tuberculose).

Na comparação com 2015, último ano em que o Paraná conseguiu atingir as coberturas consideradas ideais para a maioria das vacinas, verifica-se ainda que a cobertura vacinal média teve queda de 22,53% no estado, passando de 101,67% para 78,76%. As reduções mais expressivas foram relacionadas às vacinas contra a Hepatite A (-26,69%, com a cobertura passando de 105,64% para 77,44%), contra a tuberculose (-26,68%, passando de 105,66% para 77,47%), contra a meningite (-23,32%, passando de 102,77% para 91,51%) e contra a Hepatite B (-23,32%, passando de 101,88% para 78,25%). Os valores acima de 100% se devem a estimativas populacionais subdimensionadas.

Por último, é importante lembrar que é obrigação legal dos pais e responsáveis levarem crianças e adolescentes para a vacinação, havendo, inclusive, previsão legal de penalizações em casos de omissão (como multa, detenção ou até mesmo perda do poder familiar). Caso os pais não saibam a data do calendário nacional, basta levar a criança com sua carteirinha até uma unidade de saúde e os vacinadores já saberão qual dose aplicar para cada faixa etária.

Média de Cobertura Vacinal no Paraná

2021: 78,76%
2020: 87,57%
2019: 88,70%
2018: 91,92%
2017: 91,05%
2016: 91,64%

Coberturas Vacinais no Paraná por Imuno, a cada ano (em %)

Imuno201620172018201920202021
Total91,6491,0591,9288,787,5778,76
BCG94,1196,3197,9391,1988,5677,47
Rotavírus Humano90,7489,892,4290,887,2878,44
Meningococo C93,5592,0191,4592,9388,878,8
Hepatite B104,6990,7490,979,0388,0878,25
Penta91,5890,6690,979,0388,0878,25
Pneumocócica95,2295,0694,4892,3889,8180,48
Poliomielite87,5490,4190,8889,6986,0677,21
Hepatite A75,4386,3588,5591,2986,3977,44
Tríplice Viral  D191,8788,1389,7891,9985,0482,48

Fonte: Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI)

Geração desprotegida pode acarretar no ressurgimento de ‘velhas doenças’

Com um número cada vez maior de paranaenses abandonando as vacinas, o risco que se corre é o de criar uma geração de pessoas suscetíveis à doenças contagiosas, algumas delas, inclusive, que estavam eliminadas ou em baixíssima circulação em todo o país. A poliomielite é um exemplo disso. Recentemente, a doença ressurgiu em Israel e no Malauí, na África. No Brasil, o último caso foi detectado em 1989 e desde 1994 o país tem certificado de erradicação da doença.

Há, no entanto, um “alto risco de reintrodução” da doença por conta da cobertura vacinal, que despencou nos últimos anos, caindo de 97,39% no Paraná em 2015 para 80,48% em 2021, consideradas as três primeiras doses da vacina (aplicadas no primeiro ano de vida da criança). Desde 2016 a cobertura vacinal contra a polio está abaixo de 95%, considerada a meta para proteção populacional contra a paralisia infantil.

Quatro em cada dez crianças já foram vacinadas contra o novo coronavírus

Quase dois meses após o início da vacinação infantil contra a Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos no Paraná, mais de 40% desse público já foi ao menos parcialmente imunizado, ou seja, tomou pelo menos a primeira dose do imunizante contra a doença pandêmica.

Segundo informações do “Vacinômetro Covid-19”, mantido pelo Ministério da Saúde, até ontem 493.533 paranaenses com idade entre 5 e 11 anos haviam sido vacinados no estado, o equivalente a 45,9% do público nessa faixa etária. A estimativa do Ministério é que o Paraná tenha 1.075.294 crianças nesse intervalo de idade. Desse público infantil, 79.639 já completaram o ciclo vacinal, ou seja, tomaram as duas doses da vacina contra o novo coronavírus.