Fenabrave reduz projeção de venda de veículos leves em 2021

Com limitações na produção, entidade baixa de 15,8% para 10,7% estimativa de crescimento no ano

Por PEDRO KUTNEY, AB
  • 02/07/2021 - 17:37
  • | Atualizado há 2 anos, 8 meses
  • 3 minutos de leitura

    A falta de componentes, especialmente semicondutores, que vem paralisando linhas de produção em todo o mundo limitou a recuperação do mercado de veículos leves no primeiro semestre e fez a Fenabrave reduzir sua projeção de crescimento do segmento em 2021. Em janeiro, a expectativa era vender 2,26 milhões automóveis e utilitários este ano, o que representaria expansão de 15,8% sobre 2020. Na sexta-feira, 2, a entidade que reúne as revendas autorizadas do País divulgou novas previsões, baixando o avanço projetado para 10,7%, equivalente a 2,16 milhões de unidades emplacadas em 12 meses.

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    Seja pela paralisação total ou parcial das linhas por falta de componentes, ou pelo fechamento de concessionárias decretado em algumas cidades do País para conter o alastramento da Covid-19, as limitações impostas à produção e aos negócios reduziram em cerca de 20% os volumes de vendas de veículos leves no primeiro semestre, o equivalente a 201 mil automóveis e utilitários que deixaram de ser vendidos no período, segundo cálculo da Fenabrave apresentado por Alarico Assumpção Jr., presidente da entidade.

    “As concessionárias estão sem estoques de alguns modelos e as entregas estão represadas, o que compromete a recuperação. Por isso reduzimos a expectativa de crescimento, que pode até parecer muita diferença em termos porcentuais, mas equivale a cerca de 100 mil unidades [a menos este ano], o que não é expressivo. E caso a produção seja regularizada, certamente o volume será maior”, avalia Alarico Assumpção Jr.





    O presidente da Fenabrave avalia ser difícil uma reversão do quadro este ano. Segundo ele, em trocas de informações mantidas com associações congêneres nos Estados Unidos, Europa e Ásia, a regularização do fornecimento de semicondutores à indústria automotiva só deverá acontecer a partir do segundo trimestre de 2022. Até lá, serão inevitáveis as paradas de produção que se refletem em falta de veículos nas concessionárias.

    CRÉDITO FAVORECE O CRESCIMENTO



    Com exceção desse problema, Assumpção Jr. destaca que o cenário é de crescimento. “O que vende automóvel é juro baixo e facilidade na aprovação do financiamento. E o mercado de crédito continua aquecido, temos boa oferta dos bancos e boa demanda do consumidor em todas as categorias de automóveis, com taxas que ainda são bastante razoáveis e clientes com bom histórico. Esse não é um problema. Na média, a cada 10 pedidos de financiamento, os bancos provam quase sete”, afirma o dirigente.

    “Temos no Brasil um histórico de juros e spreads muito altos, mas não é o que está acontecendo agora. O momento é de elevação da inflação e da Selic, que deve chegar ao fim de 2021 em 6,5% a 7% [ao ano], mas isso não deve afetar o crescimento da economia. Também não estamos vendo um alargamento muito grande do spread [as taxas efetivamente cobradas pelos bancos], o que mantém o crédito ao consumidor ainda atrativo”, avalia Tereza Fernandes, economista da MB Associados que faz assessoria econômica para a Fenabrave.

    RECUPERAÇÃO MAIS LENTA NO PRIMEIRO SEMESTRE



    Conforme antecipou Automotive Business na quinta-feira, a Fenabrave confirmou que as vendas de veículos leves somaram 169,5 mil emplacamentos em junho, o que resulta em leve queda de 3,3% sobre maio. No acumulado do primeiro semestre de 2021, foram emplacados pouco mais de 1 milhão de automóveis e utilitários, em alta de quase 32% na comparação com o mesmo período de 2020, justamente quando o impacto da pandemia foi mais sentido pelo mercado.

    “A alta em relação ao primeiro semestre do ano passado já era esperada, pois tivemos um a paralisação quase completa da economia em abril de 2020, mas de qualquer forma o mercado mostrou boa adaptação à pandemia”, diz o presidente da Fenabrave.

    Houve comportamento oposto nos dois segmentos de veículos leves em junho. Enquanto as vendas de automóveis somaram 133,3 mil unidades, em queda de 6,5% sobre maio, os emplacamentos de comerciais leves cresceu 10,8%, com o total de 36,3 mil emplacamentos. A explicação é a demanda recorde pelas duas picapes da Fiat este ano, especialmente a Strada, que tornou-se o veículo mais vendido do País. Embora esses modelos sejam classificados como veículos utilitários leves, a maioria das vendas se concentra em clientes que usam a picape como carro de transporte pessoal e familiar.



    - Faça aqui o download do relatório da Fenabrave com os emplacamentos de veículos no primeiro semestre de 2021
    - Faça aqui o download da revisão das projeções de vendas em 2021 elaborado pela Fenabrave
    - Veja outras estatísticas em AB Inteligência