Aracaju, 29 de março de 2024

Como inserir uma empresa na economia circular?

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Um dos maiores desafios globais do século XXI é balancear os constantes econômicos das nações ao mesmo passo que as atividades humanas precisam se tornar menos agressivas ao planeta. Pesquisadores, cientistas, governos e empresas de todas as partes do mundo se debruçam sobre estudos e estratégias que possam tornar a exploração dos recursos naturais e geração de resíduos práticas mais sustentáveis e financeiramente viáveis.

Inserida nessa lógica, a economia circular, ou Economia C, torna-se uma tendência cada vez mais ampla para atuar nas duas extremidades do problema: impulsionar mercados e diminuir impactos ambientais ao mesmo tempo.

Economia circular x economia linear

Quando pensamos na evolução do planeta, a natureza sempre encontrou meios de reaproveitar aos máximos seus insumos naturais: folhas e frutos mortos se tornam nutrientes para o solo, a água passa por diferentes estágios e se renova.

Mas, quando pensamos nas cadeias produtivas lineares, grande parte dos produtos e bens consumidos na modernidade acabam parando no lixo. Há ainda o agravante de que materiais como o plástico, por exemplo, demoram mais de um século para se decompor e substâncias manipuladas pelo homem, como os ativos químicos de uma pilha, podem poluir milhares de litros de água de uma única vez.

Pensando no modelo de negócio de uma empresa, a economia linear atua da mesma forma que ecossistemas naturais:  as atividades são desenvolvidas inseridas em modelo contínuo, reorganizando a entrada, saída e retorno de recursos. Dentro de um sistema de economia circular, não existe o fim de vida de um produto, mas um processo cíclico que reduz, reutiliza, recupera e recicla materiais, matérias primas e a energia necessária para a atividade produtiva desempenhada.

Modernização, gestão de resíduos e logística reversa

Enquanto países como a Suécia já contam com supermercados de materiais usados, o Brasil ainda caminha a passos curtos para uma democratização mais ampla e profunda de tecnologias e ações públicas que incentivem uma gestão de resíduos mais moderna e rentável para todos os segmentos econômicos.

Para que a economia circular funcione, as empresas precisam enfrentar desafios que vão além da mudança de conceitos operacionais, mas que também empreguem tecnologias que possam substituir processos de lineares de extração, produção e descarte.

Uma das etapas mais importantes para que o ciclo da economia C possa funcionar está nos sistemas de logística reversa e de reciclagem. No Brasil, essa atividade imprescindível para a preservação do planeta depende quase que exclusivamente da ação de catadores autônomos ou das cooperativas de reciclagem de triagem. Segundo a ONG Cataki, esses profissionais são responsáveis por 90% da coleta de todo o material reciclado no Brasil e essa é uma frente de trabalho que atua com pouca ou nenhuma tecnologia

Muito da modernização dos sistemas de logística reversa e reciclagem ficam a cargo de startups e desenvolvedores. Um exemplo é a mineira VG Resíduos, especialista em gestão de resíduos, que criou uma plataforma que opera um mercado de resíduos online, uma espécie de  leilão em que empresas de todos os portes podem anunciar seus resíduos para tratadores especializados na reciclagem desse tipo de material. A ideia gera receita para as duas partes da negociação e colabora para que o material que inicialmente seria descartado possa ser reinserido na economia circular.

Vantagens competitivas da economia circular

Aderir a modelos produtivos dentro de um sistema de economia circular pode demandar um planejamento apurado e investimentos iniciais, mas que trazem uma série de vantagens estratégicas para o mercado.

Em médio e longo prazo, as empresas de economia circular não serão afetadas pelas oscilações de preços de matérias-primas brutas, pois poderá agregar materiais reciclados ao ciclo produtivo. Há também um redesenho do sistema operacional capaz de identificar e mitigar desperdícios de materiais e de fontes de energia, barateando os custos produtivos.

Por fim, e não menos importantes, empresas ambientalmente corretas são capazes de gerar mais engajamento para sua marca diante de um público cada vez mais exigente e consciente de seus hábitos de consumo. Para além do marketing verde, a economia circular colabora para a diminuição dos problemas ambientais e sociais gerados pelos séculos de produção linear e de descarte desenfreado de resíduos no planeta.

Imagem: reprodução pixabay.com

Por Aline Matos
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