Franklin de Freitas – Enquanto a crise não passa

O ano de 2020 foi de mudanças, um ano em que todos tivemos de nos acostumar ao chamado “novo normal”. Muitas empresas não resistiram às mudanças e tiveram de fechar as portas. Outras aderiram ao home office e investiram no comércio virtual (e-commerce). Na educação, a saída encontrada foi migrar para o ensino remoto, num movimento que fez com que muitos estudantes que vinham de outras cidades para a capital paranaense retornassem para a casa de seus pais. E em meio a toda essa transformação, o mercado de self storage acabou se sobressaindo.

Gerente de operações da Espaço A+ Self Storage, Rousy Mary Rojas conta que a demanda, até antes da pandemia, vinha crescendo numa média de 15% ao ano. Depois das transformações causadas pelo novo coronavírus, esse crescimento passou a ser de 30% ao mês. Não à toa a empresa, que já possui unidades em Curitiba e em São José dos Pinhais, na região metropolitana, pretende ainda expandir a unidade do Rebouças e inaugurar uma nova no Centro, na Rua Presidente Faria, próximo do prédio histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Ainda segundo Rojas, num primeiro momento o setor até ficou estagnado, mas a partir da altura em que começou a ficar claro que o retorno à normalidade não aconteceria tão cedo a demanda começou a aparecer. “A partir do 2º semestre teve uma procura muito grande. Entre julho e dezembro tivemos aumento de 30% mês a mês, algo bem significativo”, comenta.

O crescimento, relata ainda a gerente do Espaço A+, se principalmente por conta da procura de empresas. Muitas das que fecharam as portas, por exemplo, alugaram um espaço de self storage para guardar o estoque enquanto tentavam vender os produtos restantes online. Entre as que ficaram, a opção foi por aderir ao serviço para armazenar móveis enquanto perdurasse o home office ou também para guardar o estoque, economizando boa parte do dinheiro que gastariam com o aluguel de um espaço físico com essa finalidade.

Além disso, outro aspecto que acabou ajudando foi o aquecimento do mercado imobiliário. “O mercado imobiliário cresceu, as ofertas de venda de apartamento, muita gente investindo, se mudando, reformando. E isso foi muito benéfico, porque a pessoa vai fazer uma reforma e guarda o mobiliário aqui por 30 dias, no próximo mês tira, se precisar renova. Os contratos são mensais, é bem flexível, e dá para usar [o serviço] para qualquer situação. Casou e não sabe onde guardar os presentes? Manda no self storage”.

Atividade começa a ficar conhecida e expectativa é de bom ano

Um dos grandes desafios que o setor teve de enfrentar, afirma ainda a gerente de operações da Espaço A+ Self Storage, foi fazer o público conhecer o serviço, uma vez que pesquisas indicavam que 80% dos brasileiros sequer sabiam da existência de self storage. “Geralmente procuraram por guarda-móveis, depósitos. Aí o setor ciomeçou a investir mais em divulgação, marketing digital, e pela primeira vez teve grande procura nas buscas pela palavra self storage”.

Conforme Rojas, a expectativa é que, em 2021, o setor se consolide ainda mais. Se a demanda por parte de estudantes deve cair, na medida em que as aulas voltam ao normal, por outro lado há cada vez mais empresas, cada vez mais pessoas jurídicas interessadas. “Estamos trabalhando bastante para otimizar isso, fechar parcerias. Dentro do espaço tem toda a segurança, é o próprio cliente que guarda a mercadoria, ele que tranca e leva a chave. Não temos acesso a nada, existe todo um sigilo, um cuidado”, reforça.

Estudantes representam 8% da demanda

Pedro Wilson Silva, de 23 anos, e Lorrayne Moraes Borges, de 21, foram dois dos estudantes que deixaram Curitiba por conta da migração das universidades para o modelo de aulas online e as recomendações de iksolamento social. Enquanto ele voltou para João Pessoa, na Paraíba, ela foi para Paranavaí, no interior do Paraná, para voltar a morar com seus respectivos pais.

Para economizar com o valor do aluguel e não ter de se preocupar com todos os afazeres da casa, ambos optaram por contratar um espaço de self storage. “ Depois de esvaziar o quarto que eu alugava, surgiu a ideia do self storage, já que eu precisava de um lugar para deixar meus pertences enquanto estivesse fora da cidade”, diz Lorrayne, estudante de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR). “Ficar em Curitiba não fazia tanto sentido com a universidade sem previsão de retorno às aulas e a empresa em que trabalho estabelecendo regime de trabalho remoto”, comenta ainda Pedro, estudante de Sistemas de Informação da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

Atualmente, os estudantes representam 8% dos clientes da Espaço A+ Self Storage. “São pessoas que vieram de outras cidades, devolveram os imóveis que tinham locado e guardaram aqui as coisas. Seguem com o estudo à distância, mas pretendem voltar, até porque uma graduação dura quatro, cinco anos. Como não compensa o frete, a logística de levar tudo de volta, eles nos procuram”, explica Rousy Rojas.