Encerramento do ENAI aponta barreiras e possibilidades para indústria 4.0

Como enfrentar os desafios da 4ª revolução industrial pautou o último painel do Encontro Nacional da Indústria. O evento deste ano aconteceu de forma virtual até esta quarta (18)

Os desafios enfrentados com a quarta revolução industrial e a transformação digital, sob o ponto de vista da educação e de setores importantes para o desenvolvimento do país, pautaram o último painel do 12º Encontro Nacional da Indústria (ENAI). O encerramento ocorreu nesta quarta-feira (18/11), com mediação do diretor de Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Carlos Eduardo Abijaodi.

Ao questionar os convidados sobre as dificuldades e as iniciativas que estão sendo adotadas para superá-las, ele destacou que o empresário enxerga o alto custo como um dos principais obstáculos para implementação da indústria 4.0.


“Queremos mostrar às indústrias que não é assim, há alternativas. Indústria 4.0 é para todos, não interessa o setor e o porte. É um tema chave para transformação da indústria brasileira e não se resume à aquisição de equipamentos”, pontuou.


No entendimento de Abijaodi e dos representantes do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) e da Associação Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM), a indústria 4.0 se faz com integração das cadeias produtivas, conectividade, internet das coisas, big data, inteligência artificial, entre outros. Ao passar por esse processo, o setor ganha em eficiência e produtividade.

Mudanças e competitividade

Carlos Eduardo Abijaodi apontou que há alternativas para implementação da Indústria 4.0 independente do setor e do porte da empresa

O diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi, ressaltou que a internet está cada vez mais onipresente e que, apesar de o Brasil não investir como os países desenvolvidos, há potencialidade.


“China e EUA investem 500 bilhões de dólares, enquanto o Brasil, 40 bilhões. Mas temos ambições e estamos em condição competitiva. As barreiras são os custos de implementação; a falta de trabalhadores qualificados, o que aumenta responsabilidade do Senai; e as linhas de crédito.”


O perfil das indústrias brasileiras - mais de 95% de pequeno e médio porte e baixa produtividade, com equipamentos especializados e menos flexíveis, que restringem a integração e a conexão interna e externa - também precisa ser levado em conta nesse cenário. “Há uma dificuldade com inovação aberta e barreiras até culturais, de basear as decisões em intuição e não em dados”, alertou Lucchesi.

Presidente do Sindipeças, Dan Ioschpe defendeu que são necessárias políticas construtivas e continuadas, planejadas para curto, médio e longo prazo. Além de convergência fiscal, melhora da desigualdade social e sustentabilidade.

“No setor automotivo, o desafio é mais da porta para fora que da porta para dentro. Perdemos o somatório de esforços com os ciclos econômicos”, lamentou. Para ilustrar, ele falou das diferenças entre unidades que pertencem aos mesmos grupos empresariais. 

Enquanto na Europa, na Ásia e nos Estados Unidos, é possível perceber avanços expressivos, aqui há um investimento menor porque “é preciso lidar com um ciclo econômico mais perverso e questões de curto prazo”.

Ciro Marino, presidente da ABIQUIM completou: “Temos em média 10 anos de atraso em relação aos países que compõem a OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico]. Hoje, precisamos conectar automação, que já é bem desenvolvida no nosso setor químico, aos processos digitais, como 5G, big data e analytics”. 

Oportunidades

Para melhorar esse cenário, os convidados apontaram iniciativas bem sucedidas, como o programa Rota 2030, que promove o fomento à pesquisa e à inovação com contrapartida tributária. Lucchesi destacou ainda os R$ 4 bilhões investidos pelo SENAI em inovação e uma agenda importante, em parceria com o governo federal: o Indústria mais produtiva, de lean manufacturing, com o qual houve um ganho médio de 52%.

Como Abijaodi comentou no início, a CNI aposta na sensibilização, na orientação, no apoio e no fomento às condições competitivas, que incluem fontes de recurso e crédito, para a transformação. Esforço que tem dado resultado. “Não se pode mistificar o assunto. Vimos empresas que já estão nessa jornada sem se dar conta”, comemorou Ioschpe.

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