Nova crise de chips corta produção mundial das montadoras

Ford, VW, Stellantis, GM e Volvo se juntam à Toyota e reduzem ritmo global nesta semana, num movimento que já chegou às fábricas do Brasil

Por REDAÇÃO AB
  • 24/08/2021 - 17:45
  • | Atualizado há 2 anos, 7 meses
  • 3 minutos de leitura

    Os sinais de uma nova crise de abastecimento de semicondutores estão cada vez mais fortes. O primeiro alerta foi dado pela Toyota, que na semana passada anunciou que reduziria sua produção mundial de veículos em 40%, o que causou uma surpresa na indústria, pois a marca foi um dos maiores exemplos de como lidar com a escassez de microchips que paralisou as fábricas do planeta no primeiro semestre.

    Em maio, por exemplo, montadoras dos Estados Unidos, México e Europa tiveram de parar suas linhas de montagem na mesma semana, o que só agravou a perda de produção estimada em mais de 1 milhão de unidades no acumulado do ano até então – isso apenas na América do Norte.

    Quando o pior parecia que já tinha passado, veio o recente anúncio da Toyota e, quase ao mesmo tempo, outros fabricantes comunicaram que também precisariam fechar fábricas ou reduzir o ritmo de produção em plantas do mundo todo.



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    A nova fase da crise de semicondutores não é exatamente uma surpresa para algumas empresas. É o caso da Volkswagen, que já havia alertado em julho, durante a divulgação do balanço da companhia, que a falta de componentes eletrônicos no segundo semestre seria ainda pior.

    E o que os mercados globais viram nos últimos dias leva a crer que a marca alemã estava certa na sua previsão: cinco fabricantes anunciaram quase todas ao mesmo tempo sua decisão de cortar a produção (veja lista abaixo).

    A causa é a escassez mundial de semicondutores, que se arrasta desde começo do ano, juntamente com um novo surto da variante Delta da Covid-19 no Sudeste Asiático, que também afeta o funcionamento das fábricas de componentes eletrônicos instalados na região, principalmente de microchips.

    No Brasil, essa nova onda de escassez de semicondutores já começou a causar estragos. No dia 11 de agosto, a Toyota comunicou a suspensão total da produção na fábrica de Sorocaba (SP) e parcial em Porto Feliz (SP). No dia 17, o sindicato de Taubaté (SP) avisou que a Volkswagen concedeu férias coletivas pela terceira vez a 2 mil funcionários da fábrica local. No mesmo dia, a GM deu férias a 200 funcionários em São José dos Campos (SP). No dia 20 foi a vez da Renault, que estendeu a paralisação em São José dos Pinhais (PR) pela segunda vez.

    Confira a seguir as maiores restrições na produção de cada uma das grandes montadoras globais anunciadas nos últimos dias.

    Volkswagen
    Um dia depois do comunicado da Toyota, a Volkswagen anunciou que a planta de Wolfsburg, Alemanha, sua maior fábrica no mundo, funcionará inicialmente com apenas um turno nesta semana, entre 23 e 27 de agosto. A unidade produz o Golf, o automóvel mais vendido da Europa, além do Tiguan, SUV que também é sucesso de vendas no país. A parada é ainda mais preocupante porque acontece logo depois que os trabalhadores alemães retornavam das férias de verão.

    A marca espanhola Seat, que pertence ao Grupo Volkswagen, também suspendeu parcialmente a montagem de veículos na unidade nos arredores de Barcelona. A Seat costuma fechar a fábrica em agosto para as férias de verão, mas reabriu este mês para compensar a perda da produção no primeiro semestre. A falta de chips, porém, acabou obrigando a um fechamento parcial por dois dias.

    Ford
    A montadora americana precisou interromper a produção da picape F-150 nesta semana na fábrica de Kansas City, nos Estados Unidos, assim como a produção do Fiesta na linha de montagem de Colônia, na Alemanha.

    No caso da planta europeia, a pausa é mais preocupante porque ocorre logo depois que os funcionários voltaram de um mês de férias. Além disso, já está prevista para o dia 17 a mudança para o trabalho de meio período por duas semanas (que poderá se estender), também por falta de componentes eletrônicos.

    Stellantis
    Após a paralisação por várias semanas das linhas de montagem do Peugeot 308 perto de Sochaux, agora é a vez da fábrica de Rennes, oeste da França, onde trabalham cerca de 2.000 pessoas. A unidade que monta os modelos Peugeot 5008 e o Citroën C5 Aircross ficará quase parada nesta semana. Além disso, a Stellantis também vai suspender parcialmente a linha de montagem Sochaux, no leste do país.

    General Motors
    A GM suspendeu nesta semana a fabricação dos modelos elétricos Chevrolet Bolt EV e UEV na planta de Orion, Estados Unidos. Outras fábricas também foram afetadas, como Lansing Delta Township, onde são feitos o Chevrolet Traverse e o Buick Enclave, que só deve retornar à atividade por volta de 6 de setembro, depois de ficar parada desde 19 de julho.

    Volvo
    A Volvo Cars vai interromper a produção da fábrica nos arredores de Gotemburgo (Suécia) entre 30 de agosto e 3 de setembro, depois de já ter passado por uma paralisação duas semanas antes. "O cenário básico que temos é que a escassez de chips não vai melhorar, o que significa que nosso crescimento de vendas e receita no segundo semestre será estável em comparação com o segundo semestre de 2020", disse Bjorn Annwall, diretor financeiro da Volvo.