Por Darlan Alvarenga, g1


Produção industrial cresceu 0,7% em fevereiro

Produção industrial cresceu 0,7% em fevereiro

A produção industrial brasileira cresceu 0,7% em fevereiro, na comparação com janeiro, segundo divulgou nesta sexta-feira (1) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

"Esse resultado eliminou parte da queda de 2,2% registrada em janeiro, mas, mesmo com o avanço, o setor permanece 2,6% abaixo do patamar de antes do início da pandemia. Também está 18,9% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011", destacou o IBGE.

O IBGE também revisou o resultado de janeiro para uma queda de 2,2%, ante leitura inicial de recuo de 2,4%.

Frente a fevereiro de 2021, a indústria teve queda de 4,3% – a sétima seguida nesta base de comparação.

As expectativas em pesquisa da Reuters eram de aumento de 0,3% na variação mensal e de recuo de 5,2% na base anual.

A indústria acumula queda de 5,8% no ano e crescimento de 2,8% nos últimos doze meses, o que representa uma desaceleração da intensidade do crescimento e da recuperação do setor.

Na média móvel trimestral até fevereiro, a indústria teve crescimento de 0,4%, após avançar 0,2% nos trimestre até janeiro e 0,7% no trimestre até dezembro de 2021.

O setor vem enfrentando dificuldades para aumentar seu ritmo de produção. Nos últimos 12 meses, registrou avanço frente ao mês imediatamente anterior em apenas 4.

"Mesmo com essa melhora de comportamento nos últimos meses, o setor industrial ainda está longe de recuperar as perdas mais recentes", destacou o gerente da pesquisa, André Macedo, destacando que a atividade econômica continua sendo pressionada pelos juros altos, inflação persistente , queda da massa de rendimentos e aumento da inadimplência.

O que puxou a alta no mês

Todas as quatro grandes categorias econômicas e 16 dos 26 ramos pesquisados tiveram avanço na passagem de janeiro para fevereiro, com destaque para a produção das indústrias extrativas (5,3%) e de produtos alimentícios (2,4%).

“O setor extrativo teve uma queda importante em janeiro (-5,1%), por conta do maior volume de chuvas em Minas Gerais, naquele mês, o que prejudicou a extração do minério de ferro. Com a normalização das chuvas, houve uma regularização da produção", destacou o gerente da pesquisa.

Já produtos alimentício tiveram o quarto mês seguido de avanço, acumulando no período ganho de 14%, com destaque para a produção de açúcar e carnes e aves.

Outras altas significativas no mês vieram de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (12,7%), veículos automotores, reboques e carrocerias (3,2%), metalurgia (3,3%), bebidas (4,1%), outros equipamentos de transporte (15,1%) e produtos de borracha e de material plástico (2,9%).

Do lado das quedas, os recuos que mais pesaram no índice geral foram em produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,8%) e celulose, papel e produtos de papel (-3,4%).

Só 8 segmentos retomaram nível pré-pandemia

Dos 26 ramos pesquisados pelo IBGE, apenas 8 superaram ou igualaram em fevereiro o nível pré-pandemia. Na lanterna, estão os segmentos de produção de veículos (-19,6%), artigos de couro e calçados (-21,1%) e móveis (-23%) .

Veja quadro abaixo:

Patamar de produção das grandes categorias:

  • Bens de capital: 6,9% acima do patamar pré-pandemia
  • Bens intermediários: 1,3% acima do patamar pré-pandemia
  • Bens de consumo duráveis: 6,2% abaixo do patamar pré-pandemia
  • Bens de consumo semiduráveis e não duráveis: 5,7% abaixo do patamar pré-pandemia

Perspectivas

A produção industrial fechou 2021 com um avanço de 3,9%, depois de dois anos seguidos de perdas, mas ainda continua sendo impactada pela alta dos preços das matérias-primas, pela falta de insumos e também pela demanda fraca.

"Continuamos enxergando dificuldades para a produção industrial, mesmo com a redução do IPI adotada pelo governo federal. O setor sofre com o aperto das condições financeiras e monetárias, além do aumento de custos, intensificados com o conflito geopolítico na Ucrânia, e problemas logísticos, relacionados às novas medidas de restrições adotadas na China para conter o avanço da Covid-19", afirmou Felipe Sichel, sócio e economista-chefe do banco Modal.

O índice de confiança da indústria cai pelo 8º mês seguido em março e atingiu o menor nível desde julho de 2020, segundo mostrou a FGV.

A alta dos juros e inflação persistente têm tirado o poder de compra e de consumo das famílias. A quantidade de endividados e a proporção de famílias com dívidas ou contas em atraso bateram recorde em março, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Os economistas do mercado financeiro projetam atualmente um avanço de apenas 0,50% do PIB em 2022, bem abaixo da média global, e inflação de 6,86%, segundo o último boletim Focus do Banco Central. Parte dos analistas já veem, no entanto, uma inflação acima de 6% no ano.

Para a taxa básica de juros da economia, atualmente em 11,75% ao ano, os analistas projetam Selic l em 13% ao ano no final de 2022.

Sardenberg analisa os dados do Pnad sobre desemprego no Brasil

Sardenberg analisa os dados do Pnad sobre desemprego no Brasil

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!