No setor automotivo, mulheres são as mais afetadas pelos efeitos da pandemia

Pesquisa de AB em parceria com MHD Consultoria apura que elas enfrentam sobrecarga e têm maior receio de perder o emprego

Por NATÁLIA SCARABOTTO, PARA AB
  • 17/12/2020 - 19:34
  • | Atualizado há 2 anos, 9 meses
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    A nova realidade imposta pela pandemia de Covid-19 impactou a qualidade de vida dos colaboradores do setor automotivo, sobretudo das mulheres. Elas estão mais ansiosas, esgotadas e se sentem mais inseguras em relação aos seus empregos do que os homens, de acordo com a pesquisa Pandemia no Setor Automotivo: Trabalho e Sentimento, realizada por Automotive Business e MHD Consultoria.



    - Faça aqui o download do relatório da pesquisa Pandemia no Setor Automotivo: Trabalho e Sentimento



    O estudo foi respondido por um total de 754 profissionais que trabalham no setor automotivo. Durante o distanciamento social, as profissionais que atuam no segmento apontaram que a ansiedade foi a sensação mais prejudicial: 92% relataram terem lidado com este sentimento e 85% sentiram esgotamento mental. Nos homens, os mesmos sintomas foram vivenciados por 81% e 65% dos respondentes, respectivamente.

    JORNADA DUPLA



    A pesquisa aponta que uma das prováveis causas dessa diferença está relacionada com a dupla jornada de trabalho. Isso porque 37% das mulheres são responsáveis por todo ou pela maior parte do trabalho doméstico em suas casas, enquanto apenas 11% dos homens afirmam ter a responsabilidade pela principal parcela das tarefas domésticas e familiares.

    Para agravar a situação, as mulheres foram as que mais fizeram home office integral, cerca de 13 pontos a mais que os homens. Assim, elas passaram mais tempo dentro de casa em isolamento social e com a jornada de trabalho intensificada pelo acúmulo das tarefas de casa.

    Outro ponto relevante é que as colaboradoras do setor automotivo são as que mais convivem mais com pessoas do grupo de risco da Covid-19 (pessoas com mais de 60 anos), o que ajuda a entender também a adoção mais ampla do home office por elas. Os homens, no entanto, convivem mais com filhos que dependem deles (com idade de até 15 anos).

    O FUTURO PÓS-PANDEMIA



    Em relação ao futuro pós-pandemia, homens e mulheres acreditam que será um período de incerteza, esperança e mudança. Parte dos homens é mais otimista ao apostar que será uma fase de oportunidades.

    Em relação ao trabalho, 51% das mulheres têm medo de perder o emprego, preocupação que atinge porcentual bem menor de homens, 41%. As mulheres se dizem mais preocupadas em terem promoções adiadas, aumento da cobrança e do estresse no trabalho e de voltar à jornada presencial em tempo integral. Os homens compartilham das duas primeiras preocupações, mas de forma mais branda, além de terem preocupação mais acentuada com a redução da remuneração.

    A PESQUISA



    A pesquisa “A Pandemia no Setor Automotivo: Trabalho e Sentimento” foi respondida por 754 profissionais de todas as áreas do setor, sendo a 41% de funcionários de empresas de autopeças e 21% de montadoras. O perfil da amostragem é dividido entre 74% de homens e 26% de mulheres.

    Foram ouvidas também 76 empresas. Parte das respostas de colaboradores e das empresas foram cruzadas a fim de obter uma visão mais ampla do setor durante a pandemia. A pesquisa abordou questões sobre rotina de trabalho, cuidado e acolhimento, qualidade de vida e perspectivas e oportunidades durante a pandemia.