Nove ações pioneiras para promover a diversidade no setor automotivo
Há processo seletivo focado em negros, contratação de pessoas transexuais e avaliação de performance atrelada a metas de inclusão
Diversidade e inclusão está, definitivamente, na agenda estratégica do setor automotivo. Em uma indústria em que a força de trabalho feminina corresponde a apenas 19% do total de colaboradores, há desafios específicos, como indicam os estudos realizados pela AB Diversidade. A seguir, a reportagem traz algumas ações pioneiras promovidas por organizações do segmento que decidiram sair do discurso sobre o tema para fomentar diversidade e inclusão na prática. Para mais referências de boas práticas no tema, clique aqui e baixe o relatório Diversidade no Setor Automotivo, que traz mais de 200 ações recomendadas para estimular a pluralidade.
1- Transportadora Sulista adapta rotas para atrair mulheres caminhoneiras |
O projeto “Diversidade em Movimento” da Transportadora Sulista tem como objetivo atrair e ampliar o número de mulheres dirigindo caminhões. Para isso, a empresa investiu em estacionamentos seguros e em um quarto exclusivo para elas no hotel de trânsito em São Paulo. A empresa também ajustou as rotas para que as motoristas atuem em trajetos urbanos, permitindo que conciliem a rotina de trabalho com a vida familiar.
2- Na CNH Industrial, avaliação de performance da liderança está atrelada a metas de diversidade |
Há cinco anos, a CNH Industrial trabalha com metas de diversidade e inclusão. Para garantir o engajamento da liderança no tema, no ano passado, a empresa definiu objetivos para o C-Level, que foram desdobrados para outros níveis da organização. Com isso, todos os executivos passaram a ter uma meta específica para suas equipes, que conta pontos preciosos na avaliação de performance dos gestores e, até mesmo, no bônus que eles receberão.
Atualmente, 16% da liderança da empresa no Brasil é composta por mulheres; e 5% dos funcionários no país são de PCDs. A companhia se preocupa também com a diversidade geracional: 3% dos colaboradores têm mais de 50 anos.
3- Renault tem processo seletivo com tradução em Libras |
O programa de estágio da Renault tem como objetivo ampliar a diversidade na empresa com foco em mulheres, negros, LGBTI+ e pessoas com deficiência. Para garantir a inclusão de todos, o processo seletivo conta com tradução de informações para Libras e padronização da comunicação para pessoas com visão limitada. O programa promete garantir desenvolvimento em todas as áreas do negócio, além das capacidades técnicas e habilidades comportamentais.
4- Volkswagen Caminhões e Ônibus financia faculdade para PCDs |
Criado há dez anos, o programa Novos Horizontes da VWCO é voltado para a contratação e formação acadêmica de Pessoas Com Deficiência (PCDs). A iniciativa financia o curso superior dos colaboradores das mais diferentes áreas, desde engenharia e produção até comunicação e jurídico. Em uma década, 70 funcionários foram beneficiados pela iniciativa, entre os já graduados e os que ainda estão na universidade.
5- Lear realiza programa de estágio exclusivo para pessoas negras |
A Lear lançou o Programa de Estágio 2021 com foco em estudantes negros (que se autodeclaram pretos ou pardos). A empresa abriu 37 vagas em diferentes áreas, como engenharia, recursos humanos, finanças, logística, tecnologia da informação, manutenção e compras. Com o objetivo de atrair talentos com bagagens e experiências de vida diversas, o processo seletivo retirou dos pré-requisitos aspectos como conhecimento em língua inglesa, habilidade técnica prévia e a experiência profissional anterior.
6- Bosch contrata consultores 50+ aposentados |
Para valorizar o conhecimento dos profissionais com mais de 50 anos, a Bosch recruta colaboradores aposentados pela empresa para serem consultores de diversas áreas. Eles trabalham com contratos por prazo determinado e a remuneração é baseada em seus salários anteriores. São mais de 1,5 mil profissionais atuando na empresas nestas condições em todo o mundo, incluindo o Brasil.
7- Gerdau reserva metade das vagas de trainee para mulheres engenheiras |
O programa de trainee G. Future é voltado para homens e mulheres da engenharia, mas garante metade das vagas exclusivamente para elas. No ano passado, 11 posições foram destinadas às candidatas do gênero feminino. De acordo com a empresa, a iniciativa visa promover a igualdade de gênero dentro da organização e, consequentemente, no setor.
Na Gerdau, as trainees têm a oportunidade de desenvolver capacidades técnicas e comportamentais para acelerar a formação em temas como negócio, segurança, liderança, gestão de projetos e de pessoas. Atualmente, 18% dos cargos de comando da empresa são ocupados por mulheres.
8- Basf recruta pessoas transexuais |
Em parceria com a Transempregos, a Basf é uma empresa que se preocupa em ampliar a inserção de pessoas transexuais no mercado de trabalho por meio de processos seletivos exclusivos. As vagas são destinadas para profissionais de diversas áreas como comunicação, vendas e produção.
Para garantir a inclusão dos colaboradores trans – pessoas que têm identidade de gênero que não corresponde ao seu sexo biológico, a empresa assegura aspectos como o uso do nome social em crachá, folha de pagamento, entre outros canais.
9- Shell conta história de caminhoneira trans em comercial |
Em 2019, uma caminhoneira transexual estrelou um vídeo publicitário da Shell. Afrodite contou como se descobriu mulher depois de anos vivendo como homem e trabalhando em profissões vistas como tipicamente masculinas, como eletricista. Em 2016, ela decidiu assumir sua identidade de gênero: trocou o nome, adotou visual feminino e não deixou de lado o gosto por dirigir caminhões.
O comercial fez parte da série “De Causo em Causo”, que tinha como objetivo divulgar histórias inspiradoras vividas por diferentes caminhoneiros nas estradas. Naquele ano, a Shell venceu na categoria publicidade do POC Awards, premiação que reconhece ações e influencers engajados com a causa LGBTI+.