Nove ações pioneiras para promover a diversidade no setor automotivo

Há processo seletivo focado em negros, contratação de pessoas transexuais e avaliação de performance atrelada a metas de inclusão

Por NATÁLIA SCARABOTTO, AB
  • 03/05/2021 - 11:09
  • | Atualizado há 2 anos, 8 meses
  • 3 minutos de leitura


    Diversidade e inclusão está, definitivamente, na agenda estratégica do setor automotivo. Em uma indústria em que a força de trabalho feminina corresponde a apenas 19% do total de colaboradores, há desafios específicos, como indicam os estudos realizados pela AB Diversidade. A seguir, a reportagem traz algumas ações pioneiras promovidas por organizações do segmento que decidiram sair do discurso sobre o tema para fomentar diversidade e inclusão na prática. Para mais referências de boas práticas no tema, clique aqui e baixe o relatório Diversidade no Setor Automotivo, que traz mais de 200 ações recomendadas para estimular a pluralidade.

    1- Transportadora Sulista adapta rotas para atrair mulheres caminhoneiras



    O projeto “Diversidade em Movimento” da Transportadora Sulista tem como objetivo atrair e ampliar o número de mulheres dirigindo caminhões. Para isso, a empresa investiu em estacionamentos seguros e em um quarto exclusivo para elas no hotel de trânsito em São Paulo. A empresa também ajustou as rotas para que as motoristas atuem em trajetos urbanos, permitindo que conciliem a rotina de trabalho com a vida familiar.

    2- Na CNH Industrial, avaliação de performance da liderança está atrelada a metas de diversidade



    Há cinco anos, a CNH Industrial trabalha com metas de diversidade e inclusão. Para garantir o engajamento da liderança no tema, no ano passado, a empresa definiu objetivos para o C-Level, que foram desdobrados para outros níveis da organização. Com isso, todos os executivos passaram a ter uma meta específica para suas equipes, que conta pontos preciosos na avaliação de performance dos gestores e, até mesmo, no bônus que eles receberão.

    Atualmente, 16% da liderança da empresa no Brasil é composta por mulheres; e 5% dos funcionários no país são de PCDs. A companhia se preocupa também com a diversidade geracional: 3% dos colaboradores têm mais de 50 anos.

    3- Renault tem processo seletivo com tradução em Libras



    O programa de estágio da Renault tem como objetivo ampliar a diversidade na empresa com foco em mulheres, negros, LGBTI+ e pessoas com deficiência. Para garantir a inclusão de todos, o processo seletivo conta com tradução de informações para Libras e padronização da comunicação para pessoas com visão limitada. O programa promete garantir desenvolvimento em todas as áreas do negócio, além das capacidades técnicas e habilidades comportamentais.

    4- Volkswagen Caminhões e Ônibus financia faculdade para PCDs



    Criado há dez anos, o programa Novos Horizontes da VWCO é voltado para a contratação e formação acadêmica de Pessoas Com Deficiência (PCDs). A iniciativa financia o curso superior dos colaboradores das mais diferentes áreas, desde engenharia e produção até comunicação e jurídico. Em uma década, 70 funcionários foram beneficiados pela iniciativa, entre os já graduados e os que ainda estão na universidade.

    5- Lear realiza programa de estágio exclusivo para pessoas negras



    A Lear lançou o Programa de Estágio 2021 com foco em estudantes negros (que se autodeclaram pretos ou pardos). A empresa abriu 37 vagas em diferentes áreas, como engenharia, recursos humanos, finanças, logística, tecnologia da informação, manutenção e compras. Com o objetivo de atrair talentos com bagagens e experiências de vida diversas, o processo seletivo retirou dos pré-requisitos aspectos como conhecimento em língua inglesa, habilidade técnica prévia e a experiência profissional anterior.

    6- Bosch contrata consultores 50+ aposentados



    Para valorizar o conhecimento dos profissionais com mais de 50 anos, a Bosch recruta colaboradores aposentados pela empresa para serem consultores de diversas áreas. Eles trabalham com contratos por prazo determinado e a remuneração é baseada em seus salários anteriores. São mais de 1,5 mil profissionais atuando na empresas nestas condições em todo o mundo, incluindo o Brasil.

    7- Gerdau reserva metade das vagas de trainee para mulheres engenheiras



    O programa de trainee G. Future é voltado para homens e mulheres da engenharia, mas garante metade das vagas exclusivamente para elas. No ano passado, 11 posições foram destinadas às candidatas do gênero feminino. De acordo com a empresa, a iniciativa visa promover a igualdade de gênero dentro da organização e, consequentemente, no setor.

    Na Gerdau, as trainees têm a oportunidade de desenvolver capacidades técnicas e comportamentais para acelerar a formação em temas como negócio, segurança, liderança, gestão de projetos e de pessoas. Atualmente, 18% dos cargos de comando da empresa são ocupados por mulheres.

    8- Basf recruta pessoas transexuais



    Em parceria com a Transempregos, a Basf é uma empresa que se preocupa em ampliar a inserção de pessoas transexuais no mercado de trabalho por meio de processos seletivos exclusivos. As vagas são destinadas para profissionais de diversas áreas como comunicação, vendas e produção.

    Para garantir a inclusão dos colaboradores trans – pessoas que têm identidade de gênero que não corresponde ao seu sexo biológico, a empresa assegura aspectos como o uso do nome social em crachá, folha de pagamento, entre outros canais.

    9- Shell conta história de caminhoneira trans em comercial



    Em 2019, uma caminhoneira transexual estrelou um vídeo publicitário da Shell. Afrodite contou como se descobriu mulher depois de anos vivendo como homem e trabalhando em profissões vistas como tipicamente masculinas, como eletricista. Em 2016, ela decidiu assumir sua identidade de gênero: trocou o nome, adotou visual feminino e não deixou de lado o gosto por dirigir caminhões.

    O comercial fez parte da série “De Causo em Causo”, que tinha como objetivo divulgar histórias inspiradoras vividas por diferentes caminhoneiros nas estradas. Naquele ano, a Shell venceu na categoria publicidade do POC Awards, premiação que reconhece ações e influencers engajados com a causa LGBTI+.