Vendas de caminhões Scania crescem 138% até maio

Nova geração de caminhões Scania completa dois anos no Brasil na liderança do segmento de pesados

Por PEDRO KUTNEY, AB
  • 28/06/2021 - 20:25
  • | Atualizado há 2 anos, 9 meses
  • 4 minutos de leitura

    Após grandes perdas em 2020, com queda nas vendas de caminhões pesados de 31%, bem pior que a concorrência, a Scania virou o jogo no segmento no primeiro semestre de 2021. De janeiro a maio as vendas cresceram 139% em comparação com o mesmo intervalo do ano passado, o dobro da média de expansão da categoria (+71%), colocando a marca sueca na liderança da maior e mais rentável fatia do mercado nacional de caminhões, com 6.373 modelos vendidos – apenas meia dúzia de veículos à frente da Volvo –, fazendo sua participação no setor saltar de 18,6% há um ano para quase 26% agora.

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    As vendas da Scania em março (1.718 caminhões), abril (1.532) e maio (1.736) representaram os maiores volumes mensais de emplacamentos desde 2013, até agora o melhor ano no País, indicando que se o ritmo atual for mantido a fabricante caminha para um de seus melhores resultados em 64 anos no Brasil – a serem completados no próximo 2 de julho.

    “O mercado de caminhões continua muito aquecido. Até agora a falta de semicondutores não bateu à nossa porta, estamos atendendo os pedidos e já estamos recebendo encomendas para 2022. No segundo semestre esperamos por crescimento parecido com o da primeira metade deste ano”, projeta Roberto Barral, vice-presidente de operações comerciais



    O executivo credita o bom momento principalmente ao desempenho da nova geração de caminhões lançada há dois anos no mercado brasileiro, que vem conquistando clientes ao agregar tecnologias que garantem até 20% de redução de consumo de diesel em comparação à geração anterior, que já figurava entre os caminhões pesados mais econômicos do mercado. Desde o lançamento a Scania vendeu cerca de 29 mil caminhões da nova geração, que segundo calcula a fabricante já entregaram economia de 160 milhões de litros de diesel, o equivalente a R$ 453 milhões. Não há melhor argumento para os transportadores, que têm no combustível o seu maior custo.

    “Fizemos promessas importantes no lançamento da nova geração Scania, que os clientes seguem comprovando na prática. Quem compra esta solução transforma sua gestão operacional e o jeito de contabilizar rentabilidade e disponibilidade”, destaca Silvio Munhoz, diretor de vendas da Scania Brasil. “É imbatível a nossa tecnologia de alta pressão de injeção com múltiplos pontos (XPI com sistema Common Rail) para diminuir o consumo e as emissões. A isso agregamos tecnologias como acelerador inteligente que aumentou ainda mais a eficiência. Estamos à frente da concorrência”, garante.

    O que não tem sido possível prometer aos clientes é estabilidade nos preços. “Não temos uma situação confortável de custos, com aumentos significativos de insumos, principalmente o aço. Costumávamos fazer poucos reajustes por ano, mas hoje precisamos fazer com mais frequência. Mas essa situação tende a melhorar com a maior estabilidade do câmbio”, avalia Munhoz.

    CRESCIMENTO NA ESTRADA E FORA DELA



    O executivo aponta que todos os segmentos atendidos pelos caminhões Scania estão em crescimento, mas nos últimos meses houve um salto nos pedidos de modelos fora-de-estrada para os setores de mineração, florestal e colheita de cana-de-açúcar. Com isso, a Scania já projeta que em 2021 deverá bater o recorde de vendas desses veículos preparados para operar em terrenos acidentados.

    Outro bom resultado vem da venda de caminhões a gás natural lançados pela Scania no País há pouco mais de um ano. Já foram vendidas 150 unidades no primeiro semestre, ou dois terços da meta de 200 projetada para o ano todo, indicando que o objetivo pode ser superado, graças ao aumento da demanda de embarcadores e transportadores interessados em adotar veículos pesados de baixa emissão.

    Segundo Barral, vem aumentando o número de interessados, especialmente no segmento de transporte de alimentos e artigos pessoais, mas também os setores florestal e de cana têm demonstrando interesse, pois podem aproveitar a biomassa que geram para abastecimento dos caminhões com biometano.

    CONEXÃO COM SERVIÇOS



    Com a nova geração de caminhões, a Scania intensificou a oferta de serviços conectados que também vêm contribuindo para o crescimento das vendas. “Deixamos de ser um fornecedor de caminhões e passamos a ser um provedor de soluções de transporte”, afirma Munhoz. Este ano a Scania atingiu 45 mil veículos (incluindo ônibus) conectados rodando no Brasil e 20 mil programas de manutenção ativos, em 95% das novas vendas os compradores ativam o rastreamento e monitoramento remoto e 62% contratam planos de serviços de oficina.

    Este ano a Scania registra alta de 40% nas vendas de serviços e aumento de 55% nas contratações de programas de manutenção. “A venda de serviços em 2021 será a melhor da história da marca no País”, afirma Marcelo Montanha, diretor da área que comanda um time dedicado a criar soluções no setor.

    A mais recente é o lançamento do Programa de Manutenção Scania Premium Flexível Uptime, em que o cliente paga somente pelo que usar ou pelas peças que efetivamente precisam de troca. O plano também agrega o sistema chamado Control Tower, que monitora as oficinas da rede de concessionárias e as necessidades de serviços transmitidas pelos veículos, realizando agendamentos mais eficientes, o que na média reduz em 32% o tempo de parada, segundo um programa piloto com 183 caminhões realizado em dezembro, o que na prática reduz os custos da operação com a maior disponibilidade da frota. A Scania já soma 4 mil veículos usuários do Control Tower.

    ÔNIBUS EM QUEDA LIVRE



    Se no mercado de caminhões e serviços a Scania aproveita o momento de expressivo crescimento, ainda parece distante a recuperação do segmento de ônibus, o setor da indústria automotiva mais afetado pela pandemia. Em 2020 a empresa ficou na última colocação entre as seis fabricantes de chassis, com 2,8% de participação e apenas 394 unidades vendidas, o que significou retração de 56% sobre 2019. Este ano a situação é ainda mais dramática: a marca vendeu 26 ônibus de janeiro a maio, queda de 84% em relação ao mesmo período do ano passado, ficando com menos de 0,5% de market share até agora.

    “O primeiro semestre deste ano foi trágico para o segmento de ônibus, a falta de passageiros é enorme e ninguém quer comprar”, avalia Silvio Munhoz. “A média de quilometragem das frotas que monitoramos vem subindo aos poucos, mas a ocupação ainda é baixa, as pessoas têm medo de se expor ao vírus e evitam viajar”, aponta.

    Munhoz prevê que a recuperação das vendas de ônibus só deve começar no fim do ano, quando a vacinação avançar mais, fazendo que as pessoas voltem a viajar. “Pode até acontecer uma explosão na demanda em dezembro, quando muitos já imunizados vão querer fazer turismo ou rever parentes. Mas ainda é muito difícil fazer qualquer previsão para este segmento”, resume.