Maioria das negociações coletivas de 2021 terminou com reajuste salarial abaixo da inflação, segundo o boletim Salariômetro, da Fipe.
Maioria das negociações coletivas de 2021 terminou com reajuste salarial abaixo da inflação, segundo o boletim Salariômetro, da Fipe.| Foto: Agência Brasília

A maioria das negociações coletivas deste ano resultou em reajuste abaixo da inflação, o que significa redução no poder de compra do trabalhador. De acordo com o boletim Salariômetro, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), 50,5% dos acordos e convenções celebrados entre janeiro e julho terminaram com aumento de salário inferior ao INPC acumulado até a data-base.

Segundo o relatório, em 26,6% das negociações os trabalhadores ganharam reajuste igual ao INPC, e apenas 22,9% resultaram em aumento real, isto é, acima da inflação. Os dados do Salariômetro são compilados de documentos depositados no Sistema de Negociações Coletivas de Trabalho (Mediador) do Ministério da Economia.

Como a inflação se acelerou nos últimos meses, cresceu a proporção de acordos com perda no poder de compra. Considerando-se apenas as negociações com data-base de julho, 59,3% resultaram em reajuste abaixo da inflação, 13,2% proporcionaram aumento salarial igual ao INPC e 27,5%, acima.

"A inflação continua a comprimir os reajustes. Julho foi o mês mais cruel em 12 meses", informa o boletim. O reajuste mediano no mês foi de 7,6%, 1,6 ponto porcentual abaixo do INPC acumulado em 12 meses (9,2%).

As perspectivas para os próximos meses não são animadoras. A tendência é de aumento do índice de preços, o que reduz ainda mais as chances de repasse integral da inflação ou ganho real ao trabalhador.

De acordo com projeções do Itaú e do Santander exibidas no boletim, o INPC acumulado em 12 meses deve chegar a 9,9% ao fim de agosto e a algo entre 10,1% e 10,2% em setembro, para só então começar a recuar. E, mesmo assim, o índice deve terminar o ano muito próximo de 9% – o Santander projeta um índice de 8,7% e o Itaú, de 8,9%.