Representantes do setor da indústria aprovam decisão do Copom

Entidades defendem reformas e respeito ao teto de gastos

Publicado em 28/10/2020 - 20:00 Por Alana Gandra e Wellton Máximo - Repórteres da Agência Brasil - Rio de Janeiro e Brasília

O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa Selic em 2% ao ano. A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Com o anúncio de hoje (28), representantes do setor da indústria comentaram sobre a decisão

Firjan

A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) considerou acertada a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de manter a taxa básica de juros Selic em 2% ao ano, mas pediu a aprovação urgente das reformas para que haja recuperação econômica. A informação foi divulgada esta noite (28) por meio de nota. 

“A Firjan entende que a manutenção da taxa básica de juros em 2% vai na direção correta. Mesmo diante da recuperação econômica observada, ainda há elevada capacidade ociosa em diversos setores da economia. Além disso, as expectativas para a inflação seguem dentro da meta, apesar da recente alta dos preços de alimentos. De fato, o quadro econômico e social demanda a continuidade de políticas de estímulo à atividade e garantia de emprego e renda”, afirmou a entidade, na nota.

A Firjan lembrou, entretanto, que o desequilíbrio das contas públicas coloca em risco a continuidade de regras fiscais, como o teto de gasto. A federação reiterou que é urgente a aprovação de reformas, como a tributária e a administrativa, e também a PEC emergencial. “Apenas dessa forma, será possível garantir o arcabouço fiscal, a manutenção da confiança e a recuperação econômica. Caso contrário, além do baixo crescimento e elevado desemprego, teremos por consequência inflação e juros altos em um futuro não tão distante”, conclui a nota. 

CNI

A manutenção da taxa Selic (juros básicos da economia) em 2% ao ano é necessária para manter a recuperação sustentada da economia, apesar da aceleração da inflação nos últimos meses, avalia a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Em nota, a entidade pediu compromisso com o teto federal de gastos e com a continuidade das reformas estruturais para que os juros continuem baixos por mais tempo.

“A Selic em baixo patamar segue sendo necessária para a recuperação mais célere e sustentada da economia, uma vez que incentiva a demanda e reduz o custo do crédito”, informou o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, no comunicado.

Mesmo com a aceleração da inflação nos últimos meses, a CNI destaca que as projeções do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) continuam abaixo das metas de inflação para os próximos anos. Hoje, Copom divulgou que revisou as projeções de inflação para 3,1% em 2020, 3,75% em 2021 e 3,5% em 2022.

No comunicado, a entidade pediu a preservação do regime fiscal, com a retomada das discussões de reformas que controlem os gastos públicos e impeçam novos aumentos da Selic nos próximos anos. Entre as medidas defendidas, estão a manutenção do teto de gastos e as reformas tributária e administrativa.

“As decisões de política monetária têm sido tomadas considerando a preservação do regime fiscal. Desta forma, a CNI avalia que o compromisso de manutenção do teto dos gastos e o avanço das discussões em torno das reformas estruturais, tributária e administrativa, são essenciais para a continuidade da manutenção dos juros baixos pelo Copom por um período mais prolongado de tempo”, concluiu o comunicado.

FIERGS

A Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS) disse que a decisão era esperada.

“Os efeitos da pandemia sobre os preços foram diversos: num primeiro momento geraram deflação. Hoje, geram uma pressão. Apesar da mudança na direção da inflação, o fator preponderante hoje não é monetário, e sim fiscal. Enquanto o País não mitigar suas limitações fiscais, principalmente dando sinais de que está comprometido em reverter a escalada da dívida pública, será difícil termos juros mais baixos”, diz o presidente Gilberto Porcello Petry.

Edição: Liliane Farias

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