CNH Industrial faturou US$ 17,8 bilhões em meio à separação da Iveco

Negócios na agricultura elevaram os números da empresa, que tem a América do Sul como seu 2º mercado regional

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Bruno de Oliveira
  • 24/02/2022 - 01:55
  • 3 minutos de leitura

    Foi na ensolarada Miami, nos Estados Unidos, que a CNH Industrial mostrou os primeiros resultados financeiros como montadora independente de veículos fora de estrada com as marcas Case IH e New Holland, fruto de um de um spin-off anunciado há pouco mais de dois anos que as separaram das irmãs Iveco e FPT. No ano passado, o desempenho comercial registrado nos Estados Unidos e na América do Sul levaram a empresa a registrar alta 30% na sua receita global, chegando a US$ 17,8 bilhões.


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    "Nasceu uma nova CNH Industrial. Estamos construindo uma nova empresa a partir de uma base muito sólida", disse o CEO Scott Wine no Fillmore Theater, palco tradicional de shows musicais e peças teatrais que, na terça-feira, 22, abrigou uma plateia diferente formada por executivos, concessionários e analistas à espera dos números do balanço da companhia, que acabara de passar modificações estruturais para parecer mais atrativa aos investidores da Bolsa de Valores de Nova York, onde mantém suas ações listadas.

    A nova empresa citada por Wine, no caso, é uma companhia que ainda vê melhores resultados comerciais no seu braço ligado ao agronegócio. No ano passado, a operação conjunta das marcas Case IH e New Holland Agriculture no segmento somaram uma receita de US$ 14,7 bilhões no ano passado. Não há base de comparação, uma vez que este é o primeiro resultado divulgado após o spin-off concretizado. Contudo a empresa interpretou os valores como positivos e como indicadores de que "estão no caminho certo", segundo Wine.

    O balanço divulgado mostrou que a operação da CNH Industrial tem como principais mercados o norte-americano e a América do Sul. No primeiro, o faturamento no ano passado foi o maior do grupo na região, com US$ 5 bilhões. Já na segunda região, que tem o Brasil como principal mercado local, o faturamento foi de US$ 2 bilhões, sustentado pelas demandas da cana de açúcar. "Os resultados na região poderiam ter sido melhores não fossem os efeitos da pandemia na economia", disse o CFO Odone Incisa.

    
             Scott Wine, ao centro, assumiu o cargo de CEO no ano passado com a missão de conduzir a transição pós-separação de marcas

    Aumento do nível tecnológico

    O executivo-chefe da área financeira comentou que os recursos obtidos no ano passado, que foi marcado pela transição provocada pela separação das empresas, serão aplicados na renovação e na expansão do portfólio de veículos nestes principais mercados, inclusive no Brasil.

    Sobre o primeiro item, a empresa trabalha para incorporar novas tecnologias ao seu portfólio, sobretudo tecnologias que aumentam a produtividade no campo com poucos recursos, como pulverizadores mais modernos e veículos de colheita autônomos.

    Para isso, ocorreu um processo de aquisição de empresas e startups, como foi o caso da Raven Industries, e também a contratação de um Chief Digital Officer (CDO), no caso, Parag Grag, que tem vasto currículo no mundo da tecnologia com passagem pela Amazon e pela Microsoft.

    Já no caso da expansão, são esperados mais de 150 lançamentos no mundo envolvendo modelos de grandes e pequenos tratores, colheitadeiras e outros veículos auxiliares na produção agrícola. Todos eles, segundo a empresa, terão em seu desenvolvimento a aplicação da automação e serviços baseados em conectividade e, também, desenvolvimento de veículos movidos a combustíveis alternativos, como biogás e eletricidade.

    Com esta estratégia a empresa pretende aumentar o seu faturamento total para US$ 22 bilhões até 2024.

    E o Brasil?

    De acordo com o CEO Scott Wine o Brasil integra a lista de mercados que vão receber veículos com estas novas tecnologias, ainda que em ritmo mais lento do que aquele esperado para os Estados Unidos, por exemplo.

    "O Brasil é a nossa grande prioridade na região, mas a eletrificação é algo que ainda vai demorar para acontecer neste mercado especificamente", disse o executivo usando como argumento o fato de que ainda existem questões a serem resolvidas no país para que veículos elétricos possam trabalhar no campo.

    Elas são as mesmas relatadas no segmento de automóveis e caminhões, como falta de estrutura de recarga de baterias e, principalmente, viabilização de custo operacional. Por não haver ainda a estrutura necessária para a operação com veículos elétricos na produção agrícola, tais modelos poderiam, por ora, se mostrarem como mais caros na comparação com os veículos que, hoje, estão disponíveis no mercado.

    Uma empresa mais leve

    Quando perguntados sobre como a empresa se encontra hoje após pouco mais de dois meses da oficialização do spin-off, tanto o CEO quanto o CFO classificaram como mais leve a operação da CNH Industrial. Para Odone Incisa, após a separação ficou mais claro para o investidor onde ele está investindo, que é, no caso, em uma empresa produtora de veículos fora de estrada.

    Com a presença da Iveco (caminhões, ônibus e comerciais), da FPT (motores) e da Magirus (caminhões para aplicações especiais) na mesma estrutura, não ficava muito claro para quem era dono do dinheiro onde ele estava sendo aplicado e a diversidade de mercados prejudicava a análise das ações da empresa na Bolsa de Valores de Nova York.