AutoAvaliar projeta vendas 20% maiores em 2021

Para o CEO J.R. Caporal, se não fosse a pandemia, o mercado brasileiro teria condições de alcançar 200 mil carros vendidos pela plataforma da Auto Avaliar

Por SUELI REIS, AB
  • 20/01/2021 - 19:19
  • | Atualizado há 2 anos, 8 meses
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    Para a AutoAvaliar, empresa especialista na negociação de carros usados entre concessionárias e revendas independentes, 2021 é um ano promissor e para tanto projeta crescimento de 20% das vendas de veículos usados por meio da plataforma. Em sua projeção, o CEO J. R. Caporal indica que a expectativa é de retomada do mercado.

    “Em 2020 negociamos 150 mil carros e para 2021 a ideia é passar de 180 mil, considerando ainda os efeitos da pandemia. Se estivéssemos em uma situação normal, este número seria de 200 mil. Está faltando carro no mercado, então as transações serão menores”, afirma o CEO da Auto Avaliar.



    O executivo revela que apesar das vendas menores no ano passado, a empresa conseguiu empatar seu faturamento com o de 2019. “Esperávamos crescer, mas não crescemos. No entanto, a retomada aconteceu, o lucro foi melhor e fechamos o ano com caixa e sem dívida”, completa.

    Ele conta que em meio às adaptações da empresa diante da pandemia, foi preciso reduzir parte da equipe, embora tenha contratado mais adiante, conforme a necessidade da nova rotina. Ao mesmo tempo, a AutoAvaliar adotou medidas de redução de custo. “Como toda empresa, ficamos assustados lá no início da pandemia, foi ruim sim, mas também inspirador e nos tirou da zona de conforto. Toda a alta gestão baixou seu rendimento em 50%”, revela. “O exemplo tem que vir de cima”, carimba Caporal.

    APESAR DA PANDEMIA, MERCADO DE USADOS MELHORA EM 2020


    Em sua avaliação, Caporal indica que apesar dos efeitos da pandemia o mercado de veículos usados ganhou muita relevância nas concessionárias, ao mesmo tempo em que elas enfrentam uma série de contratempos com o carro zero-quilômetro, principalmente pela falta de veículos, uma vez que as montadoras ainda têm dificuldades de produção por falta de insumos e de um ritmo equilibrado com a cadeia de fornecedores.

    O estudo Performance Veículos Usados 2020 (PVU) da Megadealer, consultoria que abriga a AutoAvaliar, confirma essa visão ao analisar os mais de 1,7 milhão de transações realizadas pela plataforma no ano passado. O desempenho do segmento de usados nas concessionárias melhorou significativamente a partir do segundo semestre de 2020, o que ajudou a elevar a margem bruta média do ano para 13,5% - em 2019, essa média foi de 11,2%.

    A melhora da margem bruta média se deu pelo aumento dos preços dos veículos, que em 2020 fecharam com ticket médio de R$ 48,8 mil – no ano anterior, essa média foi de R$ 42,1 mil.

    Outro índice que demonstra a retomada do mercado de usados dentro das concessionárias, considerando os dados da AutoAvaliar, foi a aceleração do chamado giro de estoque, que representa o período de dias que o carro fica na concessionária desde que entra até a data de sua venda. Segundo a análise da Megadealer, a média foi de 41 dias contra 48 em 2019. Em dezembro, historicamente um mês aquecido para o mercado de veículos em geral, o giro de estoque médio foi de 26 dias.

    Segundo Fabio Braga, diretor da Megadealer no Brasil, mesmo no momento crítico causado pela pandemia, principalmente no primeiro semestre de 2020, as concessionárias brasileiras agiram com rapidez para evitar mais dificuldades de caixa e de liquidez. “O setor aprendeu muito com crises anteriores e desde então já buscavam trabalhar de maneira mais enxuta, reduzindo custos, e isso acabou fortalecendo parte dos grupos. Até por isso o mercado brasileiro mostrou uma recuperação já no segundo semestre”, destaca.

    Para Daniel Nino, vice-presidente de vendas da AutoAvaliar, o mercado de usados só deve sentir mais fortemente o efeito da atual baixa produção de veículos daqui a dois anos. “Cerca de 1 milhão de carros deixaram de ser fabricados no Brasil em 2020. Nossa base de dados indica que os veículos que mais entram na plataforma têm apenas dois anos de uso, ou seja, em 2022 o mercado vai sentir essa falta de mercadoria, porque são carros que não estarão disponíveis para troca”, analisa.

    Braga acrescenta que a indústria nacional ainda levará tempo para retomar os níveis de produção pré-pandemia: “Demora meses até alcançar uma cadência, até porque a cadeia produtiva também depende de componentes que vêm de fora, então as montadoras ainda vão levar um tempo para retomar e isso vai impactar no mercado de carro usado, porque o cliente que prospectava um modelo novo pode passar a optar por um seminovo, até mais completo do que o zero-quilômetro que ele desejava.”