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Eduardo Filipe Mazzarolo Marques*

Tecnologia invisível

É tempo de disseminar conhecimento sobre cidades inteligentes

11/02/2021 09:00
2021 deu início aos novos mandatos municipais em todo o Brasil, com muitas iniciativas, organizações e entidades da sociedade civil correndo atrás de auxiliar os gestores em assuntos relacionados às cidades inteligentes. Afinal, o tema foi amplamente debatido nas campanhas, a partir da realidade de cada cidade e região. Mas será que essa disseminação de conhecimento sobre smart cities está sendo feita de forma eficaz?
Um webinar recente realizado pelo iCities trouxe o especialista Silvio Barros, ex-prefeito de Maringá, ex-secretário de Desenvolvimento Urbano do Paraná e professor do iCities Expert, programa de especialização em smart cities. Barros apresentou análises interessantes sobre soluções smart para infraestrutura urbana, saúde, educação e segurança, as quais apresento a seguir.
Quando falamos em “cidade”, a primeira coisa que vem na nossa cabeça é uma localização, uma estrutura física. Nos conectamos com a imagem de prédios, praças e monumentos. Mas, quando o assunto é inteligência das cidades, abordamos algo não necessariamente visível. Em uma cidade inteligente, como Maringá, Londrina ou Curitiba, isso vai além do físico. E acaba gerando falta de clareza nas pessoas sobre o que estão visualizando.
Qual o efeito disso? Muita gente “vendendo” soluções de smart cities como se fossem apenas troca de lâmpadas para iluminação de LED. O que é perfeitamente possível, por exemplo, quando se inclui nas lâmpadas um hardware capaz de fazer muito mais do que mensurar a intensidade da lâmpada ou os horários de funcionamento. Mas é muito pouco, e não traduz o conceito de cidade inteligente.
“Gerir uma cidade é algo absurdamente complexo e acaba levando algumas pessoas a vender o conceito de smart cities de forma deturpada. É fundamental disseminar os conhecimentos acerca das cidades inteligentes para expor um número maior de pessoas a camadas conceituais”, reforçou Barros.

Pessoas inteligentes

Uma cidade é composta de gente, portanto é impossível termos uma cidade inteligente sem pessoas inteligentes. É o primeiro requisito, para poder implantar e utilizar as ferramentas tecnológicas e físicas de uma smart city. A população precisa que seus serviços públicos proporcionem uma vida cada vez melhor. Dentro do setor público, existem mais oportunidades do que se imagina.
Edifícios sustentáveis, zero energia e zero água são apostas para o curto prazo. O Paraná já tem 180 escolas públicas sendo transformadas em zero energia (autossuficientes, que geram 100% de toda a energia necessária para operar), um número que deve bater o recorde mundial da Califórnia. E já existem cidades como Caraguatatuba, no litoral norte paulista, que obrigou a instalação de energia fotovoltaica em edifícios públicos — em prédios novos e nos já existentes.
É preciso entendermos que a inteligência de uma cidade não está apenas na nuvem ou na estrutura física, mas também no subsolo, nos serviços de drenagem, coleta de água e esgoto, de comunicação e energia, nos sistemas organizados de maneira inteligente. E que permitam, através de um aplicativo no celular, identificar onde estão os problemas, como se fosse um “raio X” daquele local. Ainda hoje, pouquíssimas prefeituras são abordadas com conceitos assim.

Digitalização acelerada

A pandemia acelerou a digitalização de muitos setores. Um exemplo é o ensino à distância (EAD), que tanto sofria com as regulações e barreiras do Conselho Nacional de Educação, e passou a ser autorizado em todas as etapas de ensino. Criar e implantar a educação híbrida, com parte do tempo em conjunto na escola e parte virtual, em casa, com muito mais eficiência e controle do que o aluno está fazendo, em plataformas já existentes e disponíveis. Inclusive otimizando o controle do conteúdo e do rendimento das turmas pelos coordenadores pedagógicos, diretores e pelas secretarias de educação de cada município.
O mesmo vale para a autorização da telemedicina pelo Ministério da Saúde. As consultas remotas se tornaram rotina. Existem plataformas para monitorar os sinais vitais do paciente e repassar online para o médico, a distância, saber o que está acontecendo com ele. Lembrando que já existe um aparelho que passa por cima da pessoa, sem encostar, e é capaz de identificar 12 tipos diferentes de doenças, com diagnóstico e recomendação de tratamento - tecnologia digna da ficção científica.
E na segurança, sabemos que uma cidade que possui plataformas tecnológicas integradas consegue prevenir problemas de segurança e antecipar soluções, melhorando a resolução de uma série de ocorrências. São soluções que vão além das câmeras de vigilância e iluminação pública bem aplicada.
Os processos precisam ser aprendidos e estimulados pelos tomadores de decisão de cada cidade, para que as cidades continuem avançando e não regridam após a pandemia. A melhor maneira de uma smart city funcionar é quando todos trabalham juntos, de forma colaborativa a partir da área de competência de cada um.
*Eduardo Filipe Mazzarolo Marques é sócio-diretor e diretor de estratégia e finanças do iCities, empresa de soluções para cidades inteligentes que organiza a edição brasileira do maior evento de cidades inteligentes do mundo, o Smart City Expo Curitiba, entre outras iniciativas de fomento ao ecossistema de smart cities no Brasil, como o iCities Expert, programa de especialização em cidades inteligentes.

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