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Grandes empresas aceleram compras de startups na pandemia

Entre as companhias que lideram o movimento estão Locaweb e Magazine Luiza

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São Paulo

Grandes empresas estão indo às compras em busca de startups e dando dinamismo a um mercado que, até pouco tempo, apresentava baixo volume de negócios.

De acordo com mapeamento da consultoria de inovação Distrito, foram 77 fusões e aquisições envolvendo startups de janeiro a abril deste ano. É mais do que o dobro das 36 operações em 2020 e supera os 64 registros do ano de 2019 inteiro.

Segundo Leonardo Dell'Oso, sócio da consultoria PWC Brasil, a aceleração do mercado já vinha ocorrendo nos últimos anos, mas teve forte impulso com a busca por digitalização criada pela pandemia e o distanciamento social.

Entre as empresas que lideram o movimento estão Locaweb, com 10 aquisições desde setembro do ano passado, e Magazine Luiza, com 17 desde o início de 2020.

Imagem de caminhão da Magazine Luiza em centro de distribuição
Entre as empresas que lideram o movimento de compras de startups estão Locaweb, com 10 aquisições desde setembro do ano passado, e Magazine Luiza, com 17 desde o início de 2020. - Paulo Whitaker/REUTERS

A onda também envolve empresas mais jovens, como a Méliuz, de descontos no varejo eletrônico, que abriu capital em novembro do ano passado e, desde então, adquiriu quatro startups.

"No dia seguinte ao anunciarmos um investimento em uma startup nova, agora recebemos a ligação de uma grande empresa, de um concorrente dela, de uma consultoria especializada em aquisições", diz Renato Valente, sócio da gestora de investimentos em startups Iporanga.

Segundo Valente, até pouco tempo, as grandes empresas concentravam seus esforços em programas de aceleração de startups para conhecer o mercado. Agora, notando que o desenvolvimento do setor é rápido e elas podem deixar oportunidades para trás, a intenção de fazer aquisições aumentou.

O investidor ressalva que, para os fundos, o mais interessante costuma ser adiar a venda o quanto for possível para deixar a startup crescer e se valorizar.

Neste novo cenário, surgem notícias como a da compra da startup DevApi, especializada em APIs (integrações entre sistemas) pela multinacional brasileira de tecnologia Tivit, anunciada no final de abril.

Na ocasião, a empresa só tinha 10 meses de mercado e 11 pessoas. Luana Ribeiro, 28, presidente da startup, diz que o contato da Tivit veio antes mesmo de a startup começar a procurar um investidor.

Ribeiro diz ter aceitado a proposta, que não teve valor divulgado, porque a união com a empresa maior permitiria ampliar a quantidade de clientes e ter uma estrutura de crescimento sustentável. A Tivit tem um fundo de R$ 400 milhões para investir em startups até 2025. A meta é comprar até dez startups ainda em 2021, diz a empresa.

Sobre uma aquisição de startup com valor bem superior, Dennis Herszkowic, presidente da Totvs, diz que a compra da plataforma de marketing para empresas Resultados Digitais, por R$ 1,8 bilhão em março, permite uma extensão natural dos sistemas de gestão empresarial que sua empresa oferece.

Além disso, a aquisição também ajuda a atualizar a cultura da Totvs, que já possui décadas de mercado, diz o executivo.

Para Herszkowic, a compra de startups mais maduras é menos arriscada do que a de empresas muito novas. "A pequena, quando adquirida por uma muito grande, pode acabar desaparecendo ao não receber a atenção necessária", diz.

Mesmo assim, a companhia não deixa de buscar startups menores. No final do ano passado, adquiriu a empresa Tail Target, especializada em análise de dados para publicidade digital, por R$ 12 milhões. "Muitas tecnologias que precisamos estão nessas empresas, então não podemos deixar de fazer esses negócios", afirma.

Eduardo Galanternick, vice-presidente de negócios do Magazine Luiza, diz que a decisão pela compra de uma empresa acontece quando a companhia conclui que será mais rápido adquirir uma startup do que desenvolver um produto ou serviço internamente. "Mesmo com uma equipe de 1.000 engenheiros, a quantidade de coisas que queremos fazer é muito grande."

Segundo o executivo, o Magazine Luiza tem como prática manter a independência da startup comprada em suas atividades principais e oferecer sua estrutura para apoiar nas tarefas burocráticas. A preocupação é não atrapalhar: "Quando você faz várias pequenas aquisições, precisa tomar um cuidado muito grande para que a empresa maior não engula a pequena."

Outro formato que começa a surgir é o da startup que nasce para comprar outras empresas em série, pensando nos ganhos que pode obter no longo prazo.

É a opção da Nuvini, de Pierre Schurmann, especializada em comprar companhias de software. A empresa anunciou cinco aquisições de startups em 2021, que seguirão atuando com independência.

Schurmann diz que deve haver mais de 15 aquisições neste ano. O formato é possível, segundo o empresário, porque o mercado se desenvolveu e oferece muitas empresas maduras candidatas a serem compradas e existe liquidez para captar os investimentos necessários para isso.

Outra startup que busca caminho parecido é a Merama, que surgiu com a proposta de comprar participações majoritárias em uma série de marcas do varejo online para acelerar o crescimento delas.

Renato Andrade, cofundador da empresa, diz que a ideia é ajudar as marcas a crescer ampliando o número de sites em que elas são listadas, melhorando as estratégias de marketing e investindo em internacionalização.

A companhia já captou US$ 160 milhões entre venda de participação e empréstimos. Para que o modelo de negócios avance, será preciso levantar mais dinheiro, segundo os sócios da empresa.

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