Por Daniel Silveira e Darlan Alvarenga, g1 — Rio de Janeiro e São Paulo


Trabalhadores desempregados aguardam atendimento no Sine de Porto Alegre (RS) em registro feito em maio de 2020. — Foto: Alex Rocha/Prefeitura Municipal de Porto Alegre

Embora o desemprego tenha diminuído no Brasil, a melhora no mercado de trabalho ainda não foi suficiente para reduzir a proporção de trabalhadores que espera há muito tempo por uma recolocação no mercado.

Dados divulgados nesta sexta-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que aproximadamente três em cada dez desempregados permanecem em busca por trabalho há mais de dois anos.

De acordo com o levantamento, ao final do 2º trimestre de 2022 o número de trabalhadores desempregados há mais de 2 anos era de 2,985 milhões, cerca de 29,6% do total de desempregados no país, estimado em 10,080 milhões.

Na comparação com o 1º trimestre, diminuiu em cerca de meio milhão o número de desempregados que tentavam nova oportunidade há mais de dois anos. Todavia, proporcionalmente não houve variação significativa, ou seja, essa condição permaneceu atingindo quase 1/3 dos desempregados no país.

Só é considerado desempregado aquele trabalhador que não está ocupado no mercado de trabalho, tem disponibilidade para trabalhar e está, efetivamente, em busca de uma vaga.

A análise trimestral dos dados sugere que, quanto mais tempo o trabalhador fica desempregado, maior a dificuldade dele em conseguir uma recolocação no mercado de trabalho.

A grande maioria dos trabalhadores que buscava nova oportunidade de trabalho ao final do 2º trimestre deste ano estava na fila do desemprego há mais de um mês, mas a menos de um ano -proporção 2 pontos percentuais maior que a observada no 1º trimestre.

Segundo o IBGE, historicamente é na faixa entre mais de 1 mês e menos de 1 ano que se concentra a maior parcela dos desempregados no país. No segundo trimestre de 2020, auge da crise provocada pela pandemia, os desempregados nesta faixa representavam 58% do total, proporção recorde de toda a série histórica da pesquisa.

Já a menor parcela (12,2%) estava na fila há mais de 1 ano, mas há menos de 2 anos. Os que buscavam nova vaga há menos de 1 mês somavam 15,7% do total de desempregados.

A coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy, apontou que desde 2015 há tendência inversa da proporção de desempregados na busca de trabalho de 1 mês a menos de 1 ano em relação àqueles na fila há mais de 2 anos - vem diminuindo a do primeiro grupo e aumentando a do segundo.

Considerando apenas o 2º trimestre de cada ano, em 2022 foi observada a menor proporção dos que estão na fila do desemprego de 1 mês a menos de 1 ano. Em movimento contrário, a fila superior a 2 anos atingiu a maior proporção este ano.

Esse movimento sugere que, quanto mais tempo o trabalhador fica desempregado, maior dificuldade ele tem para conseguir uma recolocação no mercado de trabalho.

A pesquisadora destacou, ainda, haver grandes diferenças regionais na análise do tempo de busca por novo trabalho. No segundo trimestre deste ano, a Centro-Oeste era a que tinha a maior proporção (50,2%) de pessoas na fila de 1 mês a menos de 1 ano, seguida pela Região Sul (50%).

Já a menor proporção de desempregados nesta fila foi observada na Região Nordeste (37,4%), seguida pela Região Norte (38,7%). No Sudeste, essa proporção foi de 44,2%.

Na fila de espera superior a 2 anos, foi a Região Nordeste que concentrou a maior proporção de desempregados (35,1%), seguida pela Norte (28,9%). A menor proporção, por sua vez, foi observada no Centro-Oeste (19,9%), seguida pela Região Sul (22,8%). No Sudeste, eram 28,6% de desempregados na fila há mais de 2 anos.

4,3 milhões desistiram da busca

O levantamento do IBGE mostrou, também, que o país encerrou o 2º trimestre deste ano com um contingente de 4,3 milhões de desalentados, ou seja, pessoas desistiram de buscar uma vaga no mercado de trabalho.

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