Commodities disparam com guerra, seguro de carro mais caro e o que importa no mercado

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Commodities sobem junto com tensões na Ucrânia

​O avanço da ofensiva russa na Ucrânia mais uma vez deu o tom nos mercados nesta quarta-feira (2) e impulsionou a alta das commodities.

O barril do petróleo do tipo Brent valorizou 8%, para US$ 113 (R$ 584), no maior patamar desde junho de 2014.

O que explica: os preços de diversos materiais básicos agrícolas e metálicos têm disparado junto com o agravamento da crise no Leste Europeu. A decisão da Opep e aliados –entre eles a Rússia– de não aumentar o ritmo de elevação da oferta de petróleo também pressionou as cotações.

A Rússia é grande produtora de petróleo e gás natural e, junto da Ucrânia, tem participação importante na oferta global de trigo– o grão que mais disparou até agora– e milho. As sanções e as decisões das empresas de evitarem a região têm pressionado os preços.

Nas Bolsas: no primeiro pregão após o feriado, o Ibovespa fechou em alta 1,80%, a 115.173 pontos, alavancado pelas commodities. Vale e Petrobras, as duas empresas com maior peso no índice, subiram 7,99% e 1,97%, respectivamente.

  • Outras petroleiras, como 3R Petroleum (12,93%) e PetroRio (9,02%), avançaram ainda mais.
  • O dia também foi positivo nos EUA, onde o presidente do Fed, Jerome Powell, indicou que irá apoiar na próxima reunião um aumento de 0,25 p.p.(ponto percentual) na taxa de juros– o mercado previa um avanço de 0,5 p.p. antes da guerra.
  • O dólar recuou 0,91%, a R$ 5,11, com os estrangeiros de olho na apreciação das commodities. A valorização do real pode compensar ao menos em parte o efeito da alta dos preços dos alimentos na inflação.

Consequências: com a disparada nas cotações do petróleo, o mercado já vê uma grande defasagem entre os preços internacionais e aqueles praticados pela Petrobras. A estatal, porém, ainda não tomou uma decisão sobre os reajustes, diz o presidente Joaquim Silva e Luna.


A guerra e as criptos

Depois de aplicar diversas sanções ao presidente russo Vladimir Putin e a bilionários aliados, agora os países do Ocidente querem ter a certeza de que elas serão cumpridas.

Para isso, desejam impedir que os alvos consigam driblar as punições por meio das criptomoedas.

Entenda: como as moedas digitais funcionam em uma rede descentralizada, sem ter um regulador, não é possível impedir sua transação. Desde o pacote de sanções, a compra de criptos em rublos disparou.

As transações não necessariamente foram feitas por alvos de sanções, e podem ter sido uma tentativa de cidadãos russos de proteger seu patrimônio em um momento em que o rublo derrete.

Representações da criptomoeda bitcoin sobre notas de rublo
Representações da criptomoeda bitcoin sobre notas de rublo - Dado Ruvic/Reuters

O que fazer? Para impedir que as pessoas punidas transfiram seu patrimônio para as criptos, a União Europeia e o G7 estudam pedir às plataformas que limitem o acesso a determinados usuários.

Calote? Com as punições impostas ao sistema financeiro russo, como as que congelaram ativos do banco central, os investidores estrangeiros temem que o país não conseguirá honrar com o pagamento de suas dívidas em dólares pela primeira vez na história.

A aflição aumentou nesta quarta, quando a autoridade russa interrompeu o pagamento de cupons de títulos em rublos, o que deixou os investidores presos com os ativos.


Seguro salgado

Assim como aconteceu com os veículos novos, usados e as peças de reposição, os seguros de carro também ficaram mais caros durante a pandemia.

O que explica: a indústria automobilística foi atingida em cheio com o desarranjo das cadeias produtivas que surgiu como efeito da crise sanitária.

  • As peças –principalmente os chips semicondutores– ficaram escassas e mais caras, o que atrasou a entrega de carros novos e acabou transferindo a demanda para usados, que se valorizaram.
  • A falta de insumos segue afetando a indústria neste ano e levou as fábricas da Caoa Chery e da Mercedes Benz a pararem a produção temporariamente.
  • Como a cotação dos seguros é proporcional ao valor do veículo, os valores das apólices também subiram.

Em números: a arrecadação do setor acompanhou a alta e chegou a R$ 38,4 bilhões em 2021, um avanço de 8,8% em relação a 2020, segundo dados da Fenseg (Federação Nacional de Seguros Gerais).

Disrupção: a Folha mostrou no ano passado como as insurtechs (startups de seguros) querem oferecer serviços a custos menores e aumentar a competitividade no setor. Para isso, elas se inspiram na transformação que as fintechs geraram no sistema financeiro.

Uma das novidades é o modelo de seguros "liga e desliga", cuja contratação cresceu na pandemia.

Mais sobre carros:

Em mais um resultado negativo para o setor automotivo, 129,3 mil veículos leves e pesados foram emplacados em fevereiro, uma queda de 22,8% na comparação com o mesmo mês de 2021.


Iates de oligarcas 'fogem' das sanções

Pelo menos cinco iates de bilionários russos foram vistos ancorados ou navegando nesta quarta nas Maldivas, mostraram dados de rastreamento de embarcações. A nação insular do Oceano Índico não tem tratado de extradição com os EUA.

O que explica: as embarcações chegaram ao arquipélago após o governo americano afirmar que movimentará uma força-tarefa para confiscar propriedades de oligarcas russos sancionados.

Quem são os oligarcas: esse é o termo usado hoje em dia para se referir a um grupo de russos extremamente ricos que ganhou destaque após a queda da União Soviética em 1991.

Talvez o mais conhecido deles seja Roman Abramovich, com patrimônio estimado em US$ 14,3 bilhões (R$ 73 bilhões). Nesta quarta, o bilionário colocou o Chelsea, clube inglês que comprou em 2003, à venda.

Outros bilionários russos ligados a Putin:

  • Vladimir Potanin, empresário do setor de mineração, é considerado o mais rico da Rússia, com fortuna estimada em US$ 27,9 bilhões (R$ 143 bilhões).
  • Boris e Arkady Rotenberg, chamados de 'companheiros de Putin' pela imprensa britânica. Boris frequentou o mesmo clube de judô que Putin na infância.
  • Mikhail Fridman, fundador do Alfa Group. Seu banco, o Alfa-Bank, é um dos punidos pelos países do Ocidente.
  • Veja aqui o nome de alguns oligarcas sancionados.

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