Stellantis inaugura uso do 5G na produção de veículos no Brasil

Pela primeira vez no mundo dentro do grupo, montadora cria sistema de verificação de emblemas que utiliza a internet ultrarrápida

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Bruno de Oliveira
  • 27/10/2021 - 17:24
  • | Atualizado há 2 anos, 5 meses
  • 2 minutos de leitura

    A Stellantis inaugurou na América do Sul o uso do 5G na manufatura de veículos. Na quarta-feira, 27, a montadora apresentou detalhes a respeito da aplicação do sinal de internet ultrarrápida na fábrica de Goiana (PE), onde produz os modelos Jeep Commander, Compass, Renegade e a picape Fiat Toro.


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    Os primeiros passos do uso da internet de quinta geração da montadora começam com uma operação piloto na parte da linha de montagem em que são instalados os emblemas dos veículos. Um sistema de câmeras que utiliza inteligência artificial verifica se os adesivos correspondem ao modelo em produção.

    “Apesar de serem quatro modelos na mesma linha, existem mais de 100 variações de um modelo para outro que demandam arranjos diferentes de emblemas, e isso é algo visto por nós como um processo crítico”, disse André Souza, CIO da Stellantis na América do Sul, durante transmissão online.

    Foi o executivo que coordenou o projeto na montadora, que ainda teve a participação da operadora de telecom TIM, que atuou como provedora do sinal e da estrutura de rede, e da integradora Accenture, que ficou responsável pela instalação das estruturas necessárias para o empreendimento.

    Cinco outras aplicações devem ser adotadas

    Ele disse que a princípio foram escolhidas pela trinca de empresas por volta de 20 aplicações na fábrica possíveis de serem realizadas via 5G. Desse universo foram eleitas seis aplicações, dentre elas a de leitura dos emblemas. As outras cinco ainda estão em fase de desenvolvimento, segundo Souza:

    “São cases ligados ao fluxo logístico, outros ligados à comunicação dos dados entre a fábrica e os fornecedores. Mas o desenvolvimento deles depende da disponibilidade de hardware compatível no mercado”.

    A falta de equipamentos citada pelo executivo é um dos entraves relacionados à adoção da rede ultrarrápida no País. Afora esta questão existe também a exploração da tecnologia aqui, que deverá ser definida em leilão programado para ocorrer em novembro.

    Ainda que estejam definidas as frequências, ainda há dúvidas no mercado acerca do tempo de construção da infraestrutura necessária para a exploração comercial do 5G no Brasil e também outras incertezas sobre os modelos de negócios que serão adotados pelas operadoras de telecom.

    Primeira do grupo no mundo com 5G

    O caso da Stellantis é visto como o pontapé inicial da tecnologia dentro do setor automotivo nacional, que nos últimos anos intensificou os investimentos em manufatura digital baseada no conceito de Indústria 4.0. Passado o leilão do 5G, é esperada uma onda de serviços automotivos ligados à tecnologia.

    A Stellantis inaugura a aplicação do sinal de quinta geração na fábrica de Goiana por ser considerada a sua mais moderna na região. Segundo o CIO, nem em outras unidades do grupo no mundo há exemplos de aplicações que utilizam o 5G.

    Com o projeto piloto, a empresa espera que haja uma espécie de movimento no mercado de hardware pela nacionalização de equipamento compatível com o sinal 5G: “poderíamos ir mais longe no momento não fosse esta barreira relacionada aos componentes utilizados na ponta do serviço. Estamos falando com parceiros”.

    Projeto levou 3 meses

    O desenvolvimento do piloto em Goiana levou três meses e envolveu a instalação de uma torre de comunicação na unidade. A TIM obteve junto à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) uma licença temporária para prover o sinal, uma vez que ele ainda não é regulamentado no País.

    De acordo com Leonardo Capdeville, CTIO da empresa, o modelo utilizado na Stellantis não será uma espécie de padrão a ser seguido em eventuais projetos em outras fabricantes, por exemplo.

    “Vai depender muito do caso, da proximidade da fábrica da estrutura de antenas e do tipo de serviço que a empresa vai querer oferecer. Não existem modelos específicos para uma aplicação”, contou o executivo da TIM.

    A respeito de um eventual processo de atualização da fábrica de Goiana para receber novas aplicações baseadas em 5G, o CIO André Souza contou que haverá ainda uma análise para verificar os equipamentos que precisarão, de fato, ser substituídos por outros mais modernos.