Por Daniel Silveira, G1 — Rio de Janeiro


Dados divulgados nesta quarta-feira (16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, em 2018, quase metade do Produto Interno Bruto (PIB) foi gerado por 71 municípios, o que representa apenas 1,3% das 5.570 cidades do país.

Naquele ano, a economia brasileira avançou 1,3% na comparação com 2017 – foi a segunda alta seguida após dois de recessão econômica. Em valores correntes, chegou a R$ 6,8 trilhões.

O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia.

Ao analisar o PIB de cada um dos municípios brasileiros, o IBGE destaca a alta concentração econômica do país. Os 71 municípios com os maiores PIBs reuniam pouco mais de 1/3 de toda a população do país e responderam, juntos, por 49,9% de toda a riqueza produzida em 2018. Um ano antes, a mesma proporção do PIB havia sido gerada por 69 municípios.

Em contrapartida, 1.346 municípios com os menores PIBs responderam, juntos, por apenas 1% do PIB nacional. Juntas, estas cidades abrigavam 3,1% de toda a população do país. O IBGE destacou que Piauí, Paraíba, Rio Grande do Norte e Tocantins tinham quase metade de seus municípios entre este grupo com menor geração econômica.

Outro recorte de análise feito pelo IBGE aponta que ¼ de todo o PIB brasileiro foi gerado por apenas oito municípios em 2018, sendo que apenas um deles não é capital – Osasco, em São Paulo.

Os oito municípios com as maiores participações no PIB nacional em 2018 foram:

  • São Paulo (SP), com 10,2%;
  • Rio de Janeiro (RJ), com 5,2%;
  • Brasília (DF), com 3,6%;
  • Belo Horizonte (MG), com 1,3%;
  • Curitiba (PR), 1,2%;
  • Manaus (AM), com 1,1%;
  • Porto Alegre (RS), com 1,1%;
  • Osasco (SP), com 1,1%.

Embora ainda muito elevada, a concentração econômica vem diminuindo ao longo dos anos. O IBGE destacou que em 2002, eram 48 municípios que geraram metade do PIB e foram apenas quatro os municípios que geraram ¼ de toda a economia do país. Em 2017, foram sete cidades gerando os mesmos 25% do PIB nacional – Manaus passou a integrar este grupo em 2018.

“A ampliação do número de municípios, entre 2002 e 2018, permite identificar a tendência à desconcentração, com municípios de menor PIB ganhando participação em relação aos de maior", enfatizou o analista de Contas Nacionais, Luiz Antônio de Sá.

Mais da metade dos 71 municípios que responderam por metade da economia são do Sudeste. A Região Sul foi a segunda com o maior número de cidades entre os maiores PIBs do país, mas com menos da metade da Região Sudeste. Nordeste aparece em terceiro lugar, com três cidades a menos que o Sul. Norte e Centro-Oeste ficam na lanterna do ranking nacional.

Dos 71 municípios com os maiores PIBs do país, mais da metade deles fica no Sudeste — Foto: Divulgação/IBGE

O IBGE destacou, ainda, que entre os 25 municípios de maior PIB em 2018, 12 são capitais. Na comparação com 2017, Belém (PA) perdeu o posto nesse ranking para a Niterói (RJ), o que fez aumentar o número de não capitais nesse ranking.

Dentre os que não eram capitais, todos estavam na região Sudeste: dez paulistas, dois fluminenses e um mineiro.

“Em 2018, os municípios das capitais representavam 31,8% do PIB nacional, menor participação da série, iniciada em 2002. A cidade de São Paulo tinha maior participação (10,2%) e Rio Branco, no Acre, era a última da posição entre as capitais, com contribuição de 0,1% entre as capitais”, destacou Sá.

Além disso, três capitais ficaram fora da lista dos 100 maiores PIBs em 2018: Boa Vista (RR), na 105ª posição; Palmas (TO), na 116ª; e Rio Branco (AC), na 127ª posição.

A participação dos 100 municípios com os maiores PIBs também reduziu, entre 2002 e 2018, de 60% para 55,0%. Na comparação anual, a queda de concentração foi de 0,3 ponto percentual em relação a 2017, quando a participação era de 55,3%.

Petróleo alavanca ganho de participação de municípios produtores

Na passagem de 2017 para 2018, três municípios, todos fluminenses, tiveram o maior o ganho de participação no PIB do país, de 0,2 ponto percentual (p.p): Maricá, Niterói e Campos dos Goytacazes. De acordo com o IBGE, esse ganho de participação é explicado pela extração de petróleo nestas cidades.

A atividade petroleiro foi beneficiada em 2018 pelo aumento dos preços internacionais da commodity. Com isso, Ilhabela, no litoral de São Paulo, também obteve ganho de participação, de 0,1 p.p..

As capitais Vitória e Rio de Janeiro também ganharam 0,1 p.p de participação no PIB. Nelas, o ganho é explicado, respectivamente, pela extração de minério e arrecadação dos impostos, líquidos de subsídios, sobre os produtos.

Já a capital São Paulo e a vizinha Osasco foram as cidades que registraram as maiores quedas de participação. Segundo o IBGE, isso ocorreu em função das atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados devido à redução da taxa de juros, já que em ambos os municípios essa atividade tem peso destacado.

Já na comparação com 2002, quando tem início a série histórica da pesquisa, as capitais de São Paulo (-2,5 p.p) e Rio de Janeiro (-1,1 p.p) tiveram as maiores quedas de participação. Segundo o IBGE, a redução na capital paulista foi influenciada pela diminuição relativa das atividades financeiras, enquanto no Rio a perda foi puxada pela diminuição do seu peso na indústria do país.

Indústria é a atividade de maior concentração

Ao analisar o PIB dos municípios por atividade econômica, o IBGE apontou que a indústria é a atividade mais concentrada do país, enquanto a agropecuária a que tem menor concentração.

Segundo o levantamento, apenas 86 municípios concentraram metade de toda a indústria nacional em 2018. Destes, 20 concentraram ¼ dela.

Já metade da agropecuária brasileira em 2018 foi concentrada em 564 municípios, sendo que 141 deles responderam por ¼. O IBGE destacou que as maiores concentrações da atividade foram observadas no Piauí, Bahia e Rio Grande do Norte.

“No Piauí, com grande peso do cultivo de soja, quase 60% do valor adicionado bruto da agropecuária concentrou-se em 10 municípios. Acre teve a menor concentração em 2018, pois possui poucos municípios e as principais atividades, criação de bovinos e lavouras temporárias, são bem distribuídas dentro do estado”, destacou o IBGE.

A segunda atividade de maior concentração em 2018 foi a de serviços, excluída a administração pública. Segundo o IBGE, cerca de ¼ de todo valor adicionado ao PIB pela atividade de serviços foi gerado por São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal.

Já a terceira atividade mais concentrada foi a de administração, defesa, educação e saúde públicas. A maior parte dela está concentrada em Brasília, que é a sede do governo federal. Depois dela, as capitais de São Paulo e Rio de Janeiro são as de maior participação nesta atividade.

PIB per capita

O levantamento do IBGE mostra, também, que os dez municípios com os maiores PIB per capita somavam, em 2018, 1,5% do PIB nacional e 0,2% da população.

Os municípios com os maiores PIBs per capita no ano foram Presidente Kennedy (ES), e Ilhabela (SP). Segundo o IBGE, a extração de petróleo é a responsável pelo melhor desempenho de ambas as cidades.

O estado de São Paulo foi o que teve o maior número de municípios entre os dez maiores PIBs per capita do país em 2018 — Foto: Divulgação/IBGE

Já entre as capitais, Brasília foi a que apresentou o maior PIB per capita, que era 2,5 vezes maior do que a média nacional. Já o menor foi registrado por Belém (PA).

Ainda segundo o IBGE, dez capitais tinham PIB per capita maior que o do país. Em 2002, eram 11 capitais nessa condição.

Assista às últimas notícias de Economia:

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!