Incentivos à exportação na Argentina ajudam pouco, dizem fabricantes

Exportação de picapes Nissan Frontier da Argentina para o Brasil: sem incentivos

Por PEDRO KUTNEY, AB
  • 05/10/2020 - 20:50
  • | Atualizado há 2 anos, 8 meses
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    As medidas de incentivo às exportações e entrada de dólares anunciadas na sexta-feira, 2, pelo governo argentino pouco vão ajudar a indústria automotiva no país. Isso porque a alíquota do imposto de “direitos de exportação” foi zerada somente para veículos embarcados para fora do Mercosul, o que exclui 68% dos carros exportados pela Argentina atualmente, sendo 66,2% somente para o Brasil, que comprou 62,5 mil dos 94,3 mil dos automóveis e comerciais leves embarcados entre janeiro e setembro deste ano – Uruguai e Paraguai ficaram com volumes residuais de menos de 1,5 mil unidades no período. “É muito positivo que tenham aumentado o nível de restituições [de impostos] ao setor, mas seria importante analisar a ampliação do benefício de redução de retenções, dado a importância para a economia da indústria automotiva, que representa 35% das exportações de bens manufaturados industriais e é o maior setor exportador do país”, declarou Daniel Herrero, presidente da Adefa, que reúne 12 montadoras instaladas na Argentina.

    Com a exclusão dos veículos exportados para países do Mercosul, que seguirão pagando o imposto de exportação, poucas montadoras irão se beneficiar do incentivo. Nissan, Fiat, PSA e GM, por exemplo, têm quase todas as exportações de suas fábricas na Argentina concentradas no Brasil. Pela ordem, Toyota, Volkswagen, Ford e Renault são as que mais exportaram veículos para outros mercados fora do bloco econômico regional.

    O governo argentino também anunciou a redução de 3,68% para 3% na alíquota do importo sobre direitos de exportação aplicados a autopeças. Contudo, segundo dirigentes da Afac (associação que reúne os fabricantes de componentes) disseram ao La Nacion, a redução de nada adiantará com a desvalorização cambial acentuada, que no futuro aumenta o valor retido. “O que parece uma redução hoje na verdade representa um aumento de impostos de exportação no futuro. É difícil gerar dólares exportando impostos”, criticou Juan Catarella, gerente geral da Afac.