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Diversidade feminina dentro das empresas gera lucro e maior competitividade de mercado.

Mulheres na liderança

Bem-estar e diversidade são essenciais para sustentabilidade da empresa

Stephanie Abdalla, especial para o GazzConecta
09/03/2021 17:52
A necessidade de readaptar o ambiente de trabalho ao formato home office reforçou ainda mais um conceito que já vinha sendo apresentado como fundamental dentro das empresas: o bem-estar. Com a união de vários âmbitos da vida em um único espaço, cuidar da mente, corpo e espírito tornou-se essencial para o bom desempenho de funcionários e líderes mas, nesse cenário, as mulheres são as que mais enfrentam dificuldades para alcançar o objetivo.
Por serem alvos mais fortes de
campanhas de autocuidado e por já exercerem múltiplas jornadas antes da
pandemia, para elas, o alcance do bem-estar torna-se, muitas vezes, mais uma
tarefa a ser concretizada sob pressão, ao invés de um exercício prazeroso e
facilitador.
Foi sobre isso que debateram Isabella Quartaroli, CEO da Women Leadership (WL), e Priscila Siqueira, CEO da Gympass, na palestra de abertura da semana de liderança feminina Elas Lideram, uma parceria da WL com Ebanx. O bate-papo aconteceu nesta segunda-feira (8), totalmente digital e gratuito.
De acordo com Priscila, para as mulheres, a alternativa ao bem-estar por pura pressão só existe a partir do momento que se permite admitir a existência de dificuldades. “Principalmente agora, quem é que não está com problemas? Falar deles não nos torna menos resilientes mas, sim, mais cuidadosas com nossos próprios limites”.
Além disso, para exercer uma boa
liderança, a CEO afirma que esse canal aberto de comunicação de problemas é
fundamental. Segundo ela, a partir do momento que a líder compartilha suas
dores, ela naturaliza a existência delas para os demais funcionários, o que os
faz sentir mais amparados e confiantes para desempenhar um bom papel dentro da empresa.
“Uma vez que o canal esteja aberto, é também importante pensar em soluções”, diz Priscila. “Como líder preciso pensar em como empoderar a equipe e como reconhecer esforços de uma forma genuína. Um dos valores da Gympass é a ‘liderança por exemplo’. Se quem lidera está consciente sobre o que é se sentir bem, será exemplo para os demais, e toda a produção será mais prazerosa”, completa.

Liderança feminina e nova economia

O Elas Lideram reuniu também as líderes Daniele Fonseca, do Ebanx, Cris Alessi, da Agência Curitiba, e Claudia Coser, da Nobis Services, para falar sobre a importância da presença de mulheres em cargos de liderança para a nova economia.
Quando se fala em inovação e tecnologia também se está falando de uma área do conhecimento ocupada majoritariamente por homens. É um mercado que, segundo as palestrantes, tem grande perspectiva de expansão nos próximos anos, gerando vagas e movimentando capital. No entanto, o não incentivo da ascensão de mulheres a esse mercado irá condená-lo a métodos tradicionais e ultrapassados de produção, além de sobrecarregar profissionais homens que não darão conta da demanda.
“Os avanços tecnológicos vão, primeiramente, substituir trabalhos mais braçais que, hoje, são ocupados principalmente por mulheres. Então, além de não estarem em locais de decisões com relação à tecnologia, elas serão as primeiras a serem substituídas por ela”, explica Cris Alessi. “Nós precisamos com urgência de políticas públicas e empresariais claras que incentivem as mulheres a alcançarem esses espaços”, complementou.
De acordo com Claudia, ao contrário do que prega o senso comum, no âmbito empresarial, não existem características biológicas exclusivamente femininas e masculinas - são características frutos de aprendizados culturais que colocaram a mulher como mais sensível e, portanto, pertencente ao ambiente familiar.
“No entanto, no atual contexto de startups, são justamente as ‘soft skills’, tão aprimoradas pelas mulheres, que se fazem extremamente necessárias. Então, não ampliar os espaços de inovação e tecnologia para elas é fadar esse mercado a um crescimento a curto prazo e impotente”, explica.
Finalmente, Daniele chama atenção para a necessidade de eliminar comportamentos machistas, autoritários e não inclusivos dentro das empresas. “Esse é o primeiro passo para atrair mais mulheres para essas áreas e depende principalmente da clareza de valores da instituição”, falou.
Como sugestão, ela pontua a criação de um código de conduta e de uma hot line para denúncias anônimas dentro da empresa. “É importante também ter um comitê que avalie essas denúncias e tome providências. Passou do tempo em que a performance técnica se sobrepunha ao comportamento. Temos que seguir evoluindo, seguir educando e ter uma clareza do que admitimos ou não”, diz ela.

Diversidade na liderança

Para encerrar o primeiro dia de evento, Ana Minuto, fundadora da Minuto Consultoria, ressaltou a importância de se considerar diversidade, ao se falar em liderança feminina. “Temos que pensar que as mulheres não são todas iguais e, se por um acaso, você olha para a sua startup e enxerga só um tipo de mulher, então sua empresa só está reproduzindo o que se vê em sistemas empresariais já existentes e nada inclusivos”, afirma.
Segundo ela, diversidade vai além da questão de gênero, ela inclui questões étnico-raciais, de idade, traços invisíveis, como status socioeconômico, e traço visíveis como deficiências, por exemplo. Dentre os benefícios de expandir a equipe corporativa para esses grupos está a capacidade de lidar com problemas de forma mais diversa, gerando mais lucro e competitividade no mercado.
“Uma empresa plural também incentiva o engajamento e colaboração dos funcionários, pois eles se sentirão mais pertencentes. Consequentemente, os funcionários serão mais criativos e a empresa vai garantir mais inovação, atração e retração de talentos”.
A programação do Elas Lideram segue até sexta-feira (12). Confira os horários e speakers.

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