SÃO PAULO — Assim como outras culturas, as videiras usadas para a produção de vinhos e espumantes também podem receber um tratamento sustentável para minimizar o impacto ambiental da produção. Um desses “atestados verdes” é o selo de Produção Integrada de Uva para Processamento (PIUP).
Depois de a Vinícola Ravanello, em Gramado (RS), ter sido a primeira a ter o certificado de que emprega boas práticas agrícolas e de produção de vinhos em 2018, agora, a Chandon, marca do grupo Moët Hennessy, divisão de vinhos e destilados do maior grupo de luxo do mundo, o LVMH, é que colhe os frutos de um trabalho semelhante, mas em espumantes.
No começo do ano, a empresa passou a vender seus primeiros borbulhantes feitos a partir de parâmetros sustentáveis em todo o processo, do campo à garrafa.
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Philippe Mével, enólogo-chefe da Chandon, explica que a empresa começou o processo de certificação do vinhedo próprio em Encruzilhada do Sul (RS) durante o ciclo vegetativo de 2019/2020. Obteve a certificação da plantação “verde” em 2020 e 2021.
No ano passado, foi a vez de a adega ser auditada e ganhar a mesma certificação. Assim, os espumantes fabricados a partir das uvas daquele vinhedo recebem o atestado de sustentável nos rótulos.
— A Chandon conquistou essa certificação colocando em prática técnicas de sustentabilidade neste terroir (conjunto de características que determinam a qualidade do local onde as uvas são produzidas), que consistem em estimular as defesas naturais da videira, reduzindo o uso de produtos químicos, racionalizando o manejo do vinhedo e melhorando as condições para cobertura vegetal e o aumento da biodiversidade — detalha Mével.
Ele diz que este tipo de ação mantém a boa saúde do solo, aumentando sua fertilidade, drenagem e retenção da água. Esses fatores elevam o teor de matéria orgânica do solo, que, assim, sequestra o gás carbônico, um dos principais gases do efeito estufa.
A Chandon também tem sistema de logística reversa para reutilizar os resíduos. O lixo é enviado a fornecedores locais que o reciclam — mais de 99,34% dos resíduos gerados durante o processo produtivo na vinícola são reciclados.
Isso não significa que não há mais obstáculos. Na safra de 2022, a vinícola teve de lidar com as altas temperaturas, que poderiam afetar as qualidades das uvas e, consequentemente, dos espumantes.
Para lidar com isso, a equipe de enologia acompanhou de perto a curva de maturação das uvas, tomando a decisão de antecipar e acelerar sua colheita para preservar a acidez e o teor de açúcares moderado. A própria pandemia também exigiu mudanças no trabalho da equipe de colheita.
Para os professores Leonardo Cury, especialista em Viticultura e Inovação, e Shana Sabbado Flores, de Gestão e Inovação, do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), internalizar os princípios de sustentabilidade é um desafio operacional.
Segundo eles, "é necessário que as definições estratégicas sejam refletidas em diversas áreas como compras, logística, gestão de pessoas e produção”.
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