A autoridade monetária brasileira navega no escuro há quase duas semanas sem as últimas edições da pesquisa Focus, que coleta as estimativas dos agentes econômicos para uma série de indicadores importantes na condução da política monetária do país, como inflação (IPCA), atividade (PIB) e juros (Selic). Não significa, porém, que as projeções do mercado não estejam em movimento. Desde o último Focus, publicado em 28 de março e interrompido pela greve de servidores, a inflação oficial de março assustou, o presidente do Banco Central reagiu e o IBGE divulgou indicadores dos principais setores da economia em fevereiro.
Pesquisa do Valor com 74 instituições financeiras e consultorias, realizada hoje, mostra uma projeção mediana para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 7,5% em 2022 e 4% em 2023. As menores estimativas são 6,5% neste ano e 3,4% no próximo, enquanto as maiores são de 8,6% e 6%, pela ordem.
No último boletim do BC, cujas respostas foram coletadas em 25 de março, a expectativa mediana para IPCA era de 6,9% em 2022 e 3,8% em 2023. As metas são 3,5% e 3,25%, respectivamente, com tolerância de até 5% e 4,75%, pela ordem. O levantamento do jornal não é diretamente comparável ao Focus, que registra em torno de 130 a 140 respostas, mas ajuda a dar um norte.
“O que levou muita gente a revisar [projeção de inflação] recentemente foi o IPCA de março, a maior surpresa em 20 anos”, diz João Fernandes, economista da Quantitas, em referência à alta do índice de 1,62%. A expectativa mediana do mercado era de 1,32%, segundo o Valor Data. “Antes dele, as revisões estavam apenas se aproximando da mediana, com algumas casas que tinham números menores elevando suas estimativas. O dado mudou essa dinâmica, todas passaram a subir projeções”, afirma Fernandes. A Quantitas prevê IPCA de 8,3% em 2022 e 4,3% em 2023.
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