Economia

Bolsonaro diz que acordo com EUA facilita negócios e chama americanos a investirem no país

Em evento em SP, conselheiro da Casa Branca diz que iniciativa pode levar a tratado de livre comércio, mas que isso 'deve ser feito passo a passo'
Os presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump: três acordos bilaterais devem "reduzir burocracias e trazer ainda mais crescimento" ao comércio entre os países Foto: Brendan Smialowski / AFP
Os presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump: três acordos bilaterais devem "reduzir burocracias e trazer ainda mais crescimento" ao comércio entre os países Foto: Brendan Smialowski / AFP

BRASÍLIA — O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira que o Brasil e os Estados Unidos finalizaram três acordos bilaterais — facilitação de comércio, boas práticas regulatórias e anticorrupção — que devem "reduzir burocracias e trazer ainda mais crescimento" ao comércio entre os países.

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A declaração foi dada durante evento virtual promovido pela Câmara de Comércio dos EUA. Os acordos serão assinados em evento no fim do dia de hoje, em Brasília, a duas semanas das eleições presidenciais americanas, em que Donald Trump tenta a reeleição. Bolsonaro é aliado do republicano.

— Há poucos dias, representantes do Brasil e dos EUA concluíram, em tempo recorde, negociação de três acordos há muito demandados pelos setores privados em nossos países. Um acordo de facilitação de comércio, um acordo de boas práticas regulatórias e um acordo anticorrupção — disse Bolsonaro hoje pela manhã.

Ele acrescentou:

— Esse pacote triplo será capaz de reduzir burocracias e trazer ainda mais crescimento ao nosso comércio bilateral, com efeitos benéficos também para o fluxo de investimentos.

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O conselheiro de segurança dos Estados Unidos, Robert C. O’Brien, disse que os acordos a serem assinados hoje podem evoluir para reduções de tarifas no futuro , mas que "um acordo de livre comércio entre os países deve ser feito passo a passo". Ele participou de evento na Fiesp, em São Paulo.

Sem garantia de livre acesso aos EUA

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) também avalia que a iniciativa abre caminho para negociar um tratado de livre comércio com os americanos. Mas isso só seria possível se os termos fossem negociados com todos os países do Mercosul.

Pelas regras atuais do bloco, não se pode negociar separadamente um acordo que prevê a queda das tarifas. Daí a razão de os acordos que serão assinados nesta segunda-feira não significarem o maior acesso de produtos brasileiros ao mercado americano.

O pacote de medidas de facilitação do comércio, antecipado pelo GLOBO, pode baratear em até 15% os custos com o intercâmbio bilateral, que este ano somou US$ 29,8 bilhões no período de janeiro a agosto.

Robert O'Brien, conselheiro da Casa Branca, diz que acordo com EUA pode levar a tratado de livre comércio, mas que isso 'deve ser feito passo a passo' Foto: MANDEL NGAN / AFP
Robert O'Brien, conselheiro da Casa Branca, diz que acordo com EUA pode levar a tratado de livre comércio, mas que isso 'deve ser feito passo a passo' Foto: MANDEL NGAN / AFP

A aproximação entre Bolsonaro e Trump, no entanto, ainda não trouxe ganhos comerciais ao Brasil, que deixa de exportar US$ 676,5 milhões por ano devido às barreiras comerciais aplicadas pelos Estados Unidos.

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Durante o evento na manhã desta segunda-feira, Bolsonaro ressaltou a importância do investimento americano no Brasil e "convidou" os investidores dos EUA a "examinarem atentamente a carteira de programas de parceria de investimentos e a conhecer melhor as oportunidades que o Brasil oferece em matéria de concessões e privatizações".

O presidente brasileiro disse que, "em parceria com Donald Trump", os dois mandatários eleveram as relações entre os dois países ao "seu melhor momento".

'Relação clara e sincera'

Ele também falou do apoio "fundamental" dos EUA ao ingresso do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que ainda não ocorreu, mas seria "um firme propósito do Estado Brasileiro", segundo Bolsonaro.

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— A prioridade que o Brasil confere a essa relação é clara e sincera. Desde o início do meu governo, visitei os EUA em quatro oportunidades e em todas estive com o presidente Trump — comentou.

O presidente brasileiro também afirmou que o Brasil deve seguir com a "ambiciosa agenda de reformas" e que o "próximo passo" é a administrativa.

Bolsonaro citou também a reforma tributária, que, segundo ele, promoverá a unificação de impostos e resultará em um sistema de arrecadação mais simples, justo e racional".