Reciclagem é a base dos negócios das starturps mineiras Yattó e Vertown

1 de abril de 2022 às 0h28

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Propósito final é ter um mundo sem lixo, afirma Guiarruda | Crédito: Divulgação

Se a ideia é inovar no uso e na destinação do plástico, as startups não ficam para trás. A exemplo disso, duas empresas nascidas em Belo Horizonte já atendem grandes multinacionais provendo soluções em logística reversa, economia circular e educação ambiental.

A Yattó nasceu dentro da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 2004, desenvolvendo sensores para coletores de resíduos. Hoje, a empresa se apresenta como uma consultoria em projetos de economia circular, acelerada pelo  InovAtiva de Impacto Socioambiental – vertente diferenciada do hub InovAtiva, exclusiva para aceleração de negócios inovadores com propósito socioambiental.

Segundo o CEO da Yattó, Luiz Otávio Grilo, facilitar a vida dessas empresas com soluções logísticas e integralizar uma cadeia capaz de transformar o resíduo contaminado em nova matéria-prima foi o grande acerto da startup.

“O plástico reciclado é o melhor fim para o material. Vimos que os fabricantes estão muito focados em fazer o negócio dar certo, porém também é de responsabilidade deles a logística reversa. Na prática elas não conseguem fazer isso e é aí que entramos. Embalagens plásticas flexíveis, como as de biscoito, por exemplo, são leves, volumosas e compostas por muitos compostos químicos para que o alimento seja conservado. É difícil de reciclar porque têm muitos componentes e sujidades orgânicas. Isso é um problema no mundo. Desenvolvemos uma cadeia produtiva para reciclar esse material no Brasil”, explica Grilo.

A empresa utiliza a coleta de reciclável que já existe, atuando junto às cooperativas, remunerando pela triagem e pela coleta. O projeto opera com 25 cooperativas e, em 2021, trabalhou 15 toneladas de rejeito plástico. A expectativa para esse ano é chegar a 70 toneladas processadas, escalando para todo o País.

“Em Belo Horizonte temos um projeto com a Suvinil, recolhendo os baldes de tinta nos canteiros de obra. Para as construtoras é interessante porque elas podem obter certificações verdes a partir dessa ação. A criação de polos de reciclagem vai trazer viabilidade econômica para a atividade. As cidades que estão deixando de ganhar renda. Estamos perdendo com o desperdício diário. Mas também é necessário tomar cuidado com o greenwashing. É preciso analisar as variáveis na circularidade de cada material. A logística reversa é só um capítulo”, destaca o CEO da Yattó.

Desenvolvemos uma cadeia produtiva para reciclar o plástico no Brasil, explica Grilo | Crédito: Marco Matos

Já a Vertown, fundada em 2017, oferece ao mercado um software que centraliza toda a gestão da cadeia de resíduos e conformidade ambiental, com capacidade de administração consciente e sustentável de todos os materiais em diferentes momentos da cadeia produtiva. De acordo com um dos fundadores da Vertown, Guiarruda, o propósito final da empresa é ter um mundo sem lixo.

“Uma das formas que atuamos é ajudando nossos clientes intermediando a relação das geradoras de resíduos – no caso as indústrias – com empresas que usam o material como matéria-prima, fazendo destinações mais corretas. Para o plástico existem muitas soluções e o desafio é mostrar que existe viabilidade econômica. A boa notícia é que a sociedade já começou a pressionar e até financiar os custos das empresas atrás dessas soluções. Também o mercado financeiro já mede o impacto socioambiental além do resultado financeiro. Mais de 50% dos nossos clientes viraram aterro zero no ano passado. Essa composição do mercado financeiro com a sociedade é que vai fazer acontecer. A resolução da ONU também pressiona. A tecnologia já existe, mas tem muito trabalho fazer”, analisa Guiarruda.

Diferentemente do que aconteceu durante a crise financeira de 2017/2018, quando chegou a perder contratos, a startup quase triplicou de tamanho durante o período da pandemia. A pressão da sociedade fez com que contratos que chegaram a ser questionados, fossem mantidos. Ao mesmo tempo, o processo de internacionalização foi iniciado a partir do Uruguai e do Peru e as primeiras conversas com os norte-americanos já aconteceram.

“As empresas foram obrigadas pelo consumidor a continuar. O ponto sem volta já foi ultrapassado, não basta só ser sustentável, temos que ter uma economia regenerativa. A economia circular é o primeiro passo para isso. Existe uma maior aproximação das empresas com a universidade. Vão aparecer novas tecnologias. Precisamos de leis, regras públicas para incentivar ainda mais o processo. As empresas têm que comprovar que fizeram o trabalho”, completa o empresário.

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