São Paulo – O mercado de reposição automotivo está integrado à transformação pela qual todo o setor vem passando e passará nos próximos anos, tendo a eletrificação do powertrain como o grande vetor. Neste ponto, aliás, os negócios de aftermarket, em tese, perdem: o carro elétrico é menos complexo, tem menos peças e, portanto, requer menos manutenção.
“Veremos uma redução de volume para alguns produtos ou serviços tradicionais enquanto precisamos estar preparados para novas tecnologias”, afirmou Philippe Colpron, desde dezembro líder global da divisão aftermarket da ZF. “Por exemplo, veículos totalmente elétricos não exigem as mesmas rotinas de troca de filtro, enquanto veículos híbridos transportam os produtos necessários em um sistema de duplo acionamento, utilizando tanto componentes convencionais como elétricos”
Ele não vislumbra, porém, reduções drásticas na receita de sua divisão – no ano passado respondeu por 7% do faturamento global da ZF, segundo informações publicadas no balanço financeiro da companhia, rendendo 2,5 bilhões de euro aos seus cofres. Por duas razões: a primeira, óbvia, é que o parque de veículos antigos seguirá em circulação, demandando ainda componentes para a reposição. A segunda tem a ver com uma esperada mudança no modelo de negócio.
Colpron explicou melhor: embora menos peças sejam demandadas para a reposição nos veículos elétricos, as trocas envolverão componentes com maior valor agregado. Haverá, também, busca maior por serviços, atualizações de softwares e outras maneiras de rentabilizar o negócio.
A ZF busca preparar todos os seus parceiros para essa transformação. O líder do aftermarket reforçou a importância da digitalização como motor de negócios – além das vendas em canais digitais, mandatórias já no atual contexto. “Vai além disso na forma como os fluxos logísticos podem ser otimizados ou como as ferramentas utilizadas pelos mecânicos serão cada vez mais baseadas em softwares”.
Os acessos aos dados dos veículos contribuem, e muito, para o negócio da reposição. O executivo acredita que evoluirão para soluções de reparo, manutenção e para previsão de desgaste, o que colabora para evitar avarias na estrada e permite o desenvolvimento de serviços de maior valor agregado.
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