O alto custo da energia elétrica nas indústrias vai impactar em R$ 2,2 bilhões o Produto Interno Bruto (PIB) do setor ainda em 2021. É o que mostra um levantamento divulgado nesta semana pela Confederação Nacional da Indústria. A cifra se refere ao valor que seria economizado sem o aumento da energia elétrica. O estudo denominado “Impacto econômico do aumento do preço da energia elétrica” também avaliou as projeções para 2022 e estima que o impacto será ainda maior. A redução do PIB Industrial para o próximo ano deve se aproximar de R$ 3,8 bilhões.

Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), no acumulado de janeiro de 2019 até junho de 2021, a tarifa média da energia elétrica aumentou 19,3%. Esse percentual é superior à inflação média apurada no mesmo período, que foi de 14,53%. Com o aumento dos custos, as empresas precisam adotar medidas para economizar ao máximo possível e tentar equilibrar os custos que serão repassados ao consumidor, também afetado pelo aumento da tarifa.

Nesse contexto, evitar custos também significa investir, especialmente em manutenção de maquinário e de toda estrutura da empresa, o que pode evitar o consumo desnecessário de energia elétrica. Uma das ferramentas ainda bastante utilizada para alcançar esse objetivo é a TPM, sigla em inglês para Total Productive Maintenance ou Manutenção Produtiva Total, em português.

Criada no Japão, essa nova maneira de lidar com os processos de uma organização veio para o Brasil na década de 80 e ainda é amplamente usada com o intuito de garantir uma maior lucratividade e a melhoria dos procedimentos por meio do monitoramento da eficiência e da eliminação das perdas geradas no fluxo de produção. Estudo de caso desenvolvido em uma empresa em Caxias do Sul, mostrou que a implantação da TPM aumentou a eficiência geral das máquinas de 68,3% para 76,6% em dois anos. A produtividade da empresa – que produz peças, aumentou de 266 unidades fabricadas por hora para 379. Além disso, o retorno anual do investimento foi superior a 100%.

Segundo o especialista em mecânica elétrica e industrial Saulo José da Silva, a TPM tem a possibilidade de transformar a indústria de ponta a ponta, atuando de forma organizacional no comportamento das pessoas e de como elas lidam com os problemas que surgem nos processos de produção. “A TPM envolve todos os funcionários da empresa, ocorrendo uma reestruturação que vai da cultura organizacional à cadeia de produção. A ideia é detectar falhas antes da total quebra do equipamento”, afirma o profissional com mais de 20 anos de atuação na área.

Silva também explica que a aceleração de produção associada à competitividade do mercado trouxe a ideia de melhorar o processo de planejamento de manutenção, ou seja, ir além da simples manutenção corretiva de equipamentos. “O foco estendeu-se para a melhoria da qualidade dos produtos, redução de quebra de equipamentos e redução de acidentes de trabalho”, enfatiza.

Diminuir custos é apenas um dos resultados obtidos, pois a ferramenta modifica a cultura da empresa, possibilita uma mentalidade voltada ao compromisso da eficiência dos sistemas de produção, garantindo o envolvimento e um elo de compromisso de todos os colaboradores, os quais acabam se sentindo parte integrante da empresa.

Silva ainda cita que a metodologia possibilita a eliminação de perdas no sistema produtivo, reduz o tempo ocioso das máquinas, aumenta a produção e a lucratividade da organização, além de contribuir com a integração entre os vários setores envolvidos. “Essa ferramenta é capaz de gerar comprometimento entre os funcionários resultando em excelência de indicadores de desempenho e garantindo a confiabilidade no setor. Um poderoso recurso que transforma manutenção em lucro”, conclui o especialista.