Caminhões e ônibus Volkswagen já rodam em mais de 30 países – e fabricante quer mais

Caminhões VW Delivery em concessionária de Honduras: presença em mais de 30 países

Por PEDRO KUTNEY, AB
  • 13/04/2021 - 15:00
  • | Atualizado há 2 anos, 9 meses
  • 6 minutos de leitura

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    Vendas internacionais fazem parte da história da Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO) desde o ano um de sua fundação, com estratégia marcada pela mesma ousadia que há 40 anos lançou no Brasil os primeiros caminhões do mundo com o logo VW colado na grade dianteira. A marca provou sua força também para veículos comerciais pesados não só no mercado brasileiro, mas também em diversas outras partes do mundo. Desde 1981, a fabricante já vendeu mais de 15% de sua produção no exterior, algo em torno de 155 mil caminhões e ônibus que hoje rodam em mais de 30 países – e a fabricante quer mais, com um amplo plano de internacionalização desenhado para a próxima década.



    Este texto faz parte da série especial de reportagens sobre os 40 anos da Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO)
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    As exportações dos primeiros caminhões VW começaram logo no primeiro ano de atividade da fabricante, em 1981, quando 37 unidades dos modelos 11.130 e 13.130 foram embarcados para Chile, Paraguai e a Argentina, país que pela proximidade e tamanho rapidamente se transformou no maior cliente estrangeiro da fabricante, onde hoje rodam mais de 42 mil caminhões e ônibus VW. O início tímido no exterior foi seguido por grandes saltos nas vendas externas, com o fechamento de grandes negócios até então pouco usuais para o segmento no Brasil.


    Caminhão Peterbilt rodando nos EUA: produzido pela VW no Brasil para a Paccar

    Entre as vendas externas mais vistosas da história da VWCO, o primeiro grande contrato externo foi assinado em 1984, quando o grupo americano Paccar assinou contrato para comprar 10 mil unidades dos modelos VW de 11 e 13 toneladas, equipados com motor Cummins turbinado de 210 cv, exclusivamente para exportação, que foram vendidos nos Estados Unidos com as marcas Peterbilt e Kenworth.

    Numa época em que poucos acreditavam que a China se transformaria no maior fabricante e mercado de veículos do mundo, em 1985 a Volkswagen exportou para lá mil caminhões 11.130. Os dois grandes contratos externos (EUA e China) fizeram naquele ano a participação das exportações saltar para 28% da produção, com o embarque de 1,5 mil unidades.


    Caminhão VW L80: modelo 8.140 adaptado para exportação à Alemanha em 1995

    Dez anos depois, em 1995, mais uma importante transação internacional foi fechada: a primeira exportação para a Alemanha, com a venda de 2 mil caminhões leves L80 (equivalente ao 8.140 vendido no Brasil na época).

    EXPANSÃO INTERNACIONAL



    Com exceção dos primeiros grandes contratos, as exportações da VWCO registraram volumes baixos na primeira metade dos anos 1990, somando não muito mais que 10% da produção anual, só voltaram a ficar acima de mil unidades/ano a partir de 1995, e só superaram as 2 mil naquele ano, ficando sempre abaixo desse patamar até 2003, quando as vendas externas começaram a empinar a partir de uma estratégia melhor estruturada para fazer a marca aparecer crescer no exterior.

    Fez parte dessas ações a primeira exposição internacional de peso no IAA de Hannover, na Alemanha, o maior salão de veículos comerciais do mundo, que em 2002 teve o cavalo mecânico Titan Tractor chamando a atenção dos visitantes que nunca tinham visto antes um caminhão VW.


    Caminhão VW Constellation no Salão de Veículos Comerciais de Hannover, na Alemanha: chamando a atenção dos visitantes

    Há 30 anos na empresa, Ricardo Alouche, hoje vice-presidente de vendas e marketing, lembra que os negócios externos mantiveram uma trajetória errática de crescimento até 2004, quando a VWCO decidiu estabelecer um programa de internacionalização que, mais do que exportar veículos, precisava construir sua presença no mundo.

    Patrocínio


    “Nascemos uma multinacional ao contrário, uma empresa quase familiar no Brasil com uma marca internacional. Mas só o mercado brasileiro não é suficiente para pagar investimentos e adotar novas tecnologias. Começamos então nossa trajetória de construir uma marca para o mundo”, recorda Ricardo Alouche.



    O primeiro grande passo para tornar a VWCO uma multinacional de verdade foi dado em 2004, quando a empresa inaugurou no México sua primeira unidade industrial fora do Brasil. No mesmo ano foram instaladas duas linhas no país, uma para montar alguns modelos de caminhões VW em Puebla – no mesmo complexo onde a Volkswagen tem fábrica de automóveis desde 1967 – e outra para ônibus em Querétano, onde ambas as operações foram unificadas a partir de 2010. As exportações ao México já haviam começado um ano antes, em 2003, e atualmente o país é o segundo maior mercado externo da VWCO, onde rodam mais de 17 mil veículos comerciais pesados da marca.


    Linha de montagem da VWCO em Querétano, México: primeira operação industrial fora do Brasil, em 2004

    Já em 2005 a VWCO inaugurou sua segunda linha no exterior, na África do Sul, em fábrica da MAN localizada em Port Elisabeth, onde hoje é finalizada a montagem de caminhões VW importados semidesmontados do Brasil (SKD), com direção instalada à direita para atender países com “mão inglesa”. O país africano soma frota de 3,5 mil caminhões da marca.

    MAIS OPORTUNIDADES EXTERNAS



    A VWCO segue buscando novas oportunidades de ampliar sua presença internacional e instalar linhas de montagem no exterior, principalmente na África, onde já fez tentativas e negociações na Nigéria, no Quênia, Marrocos e em Angola, país onde já vendeu mais de mil veículos.

    Segundo Alouche, o plano é aumentar as exportações do atual nível de 27% da produção no Brasil para mais de 30% no horizonte próximo. “Temos limitações na Europa e Estados Unidos por causa de diferenças tecnológicas e na legislação de emissões, além da competição com outras marcas do Grupo Traton. Mas o resto do mundo está aberto para a VWCO. Já estamos ampliando nosso mapa de exportações, recentemente embarcamos o primeiro lote para as Filipinas. Nosso objetivo é expandir presença para vários mercados e hoje temos uma equipe dedicada trabalhando nisso”, afirma Alouche.


    Roberto Cortes, presidente da VWCO, apresenta no IAA Hannover de 2018 as ambições da empresa como membro do Traton Group: mais internacionalização

    O vice-presidente de vendas e marketing avalia que a integração ao Traton Group (holding criada em 2018 que reúne as fabricantes de veículos comerciais pesados que inclui MAN, Scania e VWCO) pode se traduzir em mais oportunidades de expansão internacional para os caminhões e ônibus VW.

    “Passamos a ter acesso a mais tecnologias globais que dificilmente teríamos caminhando sozinhos, o que nos dá acesso a mais mercados. Ao mesmo tempo, das três marcas, somos a que tem o portfólio mais amplo de produtos. Podemos aproveitar essa sinergia para consolidar nossa presença em outras localidades em segmentos ainda não explorados. Parte de nosso projeto de internacionalização contempla essa parceria com as outras empresas do mesmo grupo”, destaca Alouche.

    Exemplo dessas trocas de tecnologias que expandem mercados é o e-Delivery, primeiro caminhão elétrico da VWCO projetado no Brasil, que começa a ser produzido comercialmente no primeiro semestre de 2021. Nenhuma outra empresa do Grupo Traton tem um veículo elétrico com as mesmas características e capacidade de carga. “Sem a barreira da legislação de emissões, que no Brasil está atrasada alguns anos em relação à Europa e Estados Unidos, um veículo com emissão zero abre as portas para exportar a outros mercados”, explica Rodrigo Chaves, vice-presidente de engenharia da VWCO.


    O elétrico e-Delivery exporto no IAA de Hannover, na Alemanha, em 2018: tecnologia traz maior protagonismo internacional

    Desde que assumiu a presidência da VWCO, em 1998, Roberto Cortes vem renovando e ampliando os planos de internacionalização da empresa, com direcionamento de esforços e recursos cada vez maiores para esse fim. Segundo ele, parte do maior programa de investimentos já anunciado pela fabricante, de R$ 2 bilhões no período 2021-2025, será aplicado na continuação da expansão internacional da marca, incluindo o desenvolvimento de produtos específicos para diferentes mercados.

    “Queremos ter no exterior o mesmo sucesso que atingimos no mercado brasileiro. Nós crescemos no Brasil fazendo produtos exatamente do jeito que o cliente quer. Essa mesma bula vamos aplicar em outros países. Também enxergamos oportunidades de entrar em novos mercados, como Oriente Médio e Norte da África. Estamos em mais de 30 países hoje e isso é só o início, há muito mais por vir”, promete Roberto Cortes.



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