Por Alexando Martello, G1 — Brasília


O nível de atividade da economia brasileira registrou alta pelo segundo mês seguido em julho, embora tenha apresentado desaceleração, segundo números divulgados nesta quarta-feira (15) pelo Banco Central.

O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), teve alta de 0,60% em julho, na comparação com o mês anterior. O número foi calculado após ajuste sazonal, uma espécie de "compensação" para comparar períodos diferentes.

Apesar de ter registrado alta, houve desaceleração (crescimento menor) na comparação com o mês anterior. De maio para junho, segundo o BC, houve uma crescimento de 0,92% na prévia do PIB.

Na comparação com julho do ano passado, informou o Banco Central, o indicador teve crescimento de 5,53%.

Ainda de acordo com o Banco Central:

  • No acumulado dos sete primeiros meses deste ano, o índice de atividade econômica registra expansão de 6,80% - sem ajuste sazonal.
  • Já em 12 meses até julho de 2021, houve alta de 3,26% – também sem ajuste sazonal.

Miriam Leitão sobre projeção do PIB: ‘A economia é afetada diretamente pela política’

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Pandemia e ruídos políticos

O resultado do nível de atividade acontece em meio à pandemia da Covid-19, que começou a atingir a economia de forma mais intensa em março do ano passado.

Neste ano, com o avanço da vacinação e queda do distanciamento social, a economia vem registrando um patamar mais alto de expansão.

Entretanto, o ritmo de crescimento tem sido impactado, nas últimas semanas, por ruídos políticos e dúvidas sobre as contas públicas.

O mercado aguarda uma definição sobre como o governo vai custear a expansão do Bolsa Família em 2022, e também assiste ao desenrolar de tensões políticas – após o presidente Jair Bolsonaro ter dado declarações golpistas no feriado de 7 de setembro e depois recuado.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu na semana passada que o "barulho político" dos últimos dias poderá afetar o ritmo de crescimento da economia brasileira, gerando uma desaceleração. Analistas têm revisado para baixo a expectativa de crescimento em 2022.

PIB X IBC-Br

Os resultados do IBC-Br são considerados uma "prévia do PIB". Porém, nem sempre mostraram proximidade com os dados oficiais do Produto Interno Bruto.

O cálculo dos dois é um pouco diferente – o indicador do BC incorpora estimativas para a agropecuária, a indústria e o setor de serviços, além dos impostos, mas não considera o lado da demanda (incorporado no cálculo do PIB do IBGE).

O IBC-Br é uma das ferramentas usadas pelo BC para definir a taxa básica de juros do país. Com um maior crescimento da economia, por exemplo, teoricamente haveria mais pressão inflacionária.

Com a alta recente da inflação, o Banco Central promoveu, em março, o primeiro aumento da taxa básica de juros em quase seis anos, de 2% para 2,75% ao ano.

Em maio, o Copom elevou o juro para 3,5% ao ano e, em junho, a taxa avançou ara 4,25% ao ano. Na semana passada, a Selic subiu para 5,25% ao ano.

Os analistas das instituições financeiras estimam que a taxa subirá mais nos próximos meses, atingindo 8% no fim de 2021 e de 2022.

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