Carlos Costa/CMC – Secretária Márcia Huçulak esteve ontem em audiência na Câmara de Curitiba

A Prefeitura de Curitiba decidiu prorrogar o decreto da bandeira laranja até a próxima sexta (28). A decisão partiu do Comitê de Técnica e Ética Médica da Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba, que esteve reunido nesta terça-feira (25) para avaliar os indicadores da pandemia na capital. No momento, segundo a prefeitura, a pontuação da bandeira fechou em 2,65, muito próximo dos 2,70 que eleva o alerta ao risco máximo (Bandeira Vermelha). Mesmo com um cenário de ascensão, em razão dessa instabilidade, os técnicos optaram pela prorrogação das medidas até uma nova análise na sexta-feira. Apesar da explicação técnica pela prorrogação, nos bastidores, a Prefeitura de Curitiba cobra a adesão dos municípios da região metropolitana à bandeira vermelha para segurar a “quarta onda” de Covid. E há grande possibilidade de o governo do Estado criar um decreto especial para a Grande Curitiba, assim como aconteceu em 19 de março.

Em audiência pública on-line com quase cinco horas de duração, ontem, a secretária de Saúde Curitiba Márcia Huçulak, falou sobre a necessidade de as cidades vizinhas a Curitiba colaborarem com restrições para evitar o colapso no sistema de saúde. Ela ponderou que o objetivo das medidas mais restritivas em determinado momento de picos da pandemia é fazer com que as pessoas circulem menos pela cidade. Dessa forma, diminui-se os casos de acidentes e traumas, situações que levam muita gente para os hospitais e pronto socorros, sobrecarregando um sistema que precisa atender o elevado número de casos de covid. Estas medidas, segundo a secretária, atualmente não vêm encontrando respaldo nas administrações dos municípios da região metropolitana, que permanecem com comércio funcionando com menos restrições que a capital. Com isso, os casos de trauma de pacientes oriundos da região metropolitana permanecem altos e estes pacientes acabam sendo atendidos na capital. “Faço um apelo à região metropolitana. O paciente que quebra uma perna lá é atendido aqui. Estamos sobrecarregados”, afirmou Márcia. Segundo a secretária, enquanto Curitiba criou 525 novos leitos de UTI covid e 726 leitos de enfermaria exclusivos para covid, hospitais da região metropolitana apenas converteram antigos leitos para o atendimento de covid. Com isso, os pacientes de trauma da região metropolitana atualmente sobrecarregam ainda mais os pronto-socorros da capital.

Márcia destacou a complexidade da pandemia e a necessidade de um trabalho conjunto, de toda a sociedade, para a cidade transpor essa fase de dificuldades. “Estamos lidando com um vírus que derrubou o mundo. É um vírus respiratório que exige máscara e distanciamento. Faço um apelo para todos nos ajudarem. Só vamos vencer o vírus juntos”, disse Márcia.

Boletim atualizado – A Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba registrou, ontem, 908 novos casos de covid-19 e 26 óbitos de moradores da cidade infectados pelo novo coronavírus. Quinze destes óbitos ocorreram nas últimas 48 horas. As vítimas são 18 homens e oito mulheres, com idades entre 26 e 95 anos. Nove pessoas tinham menos de 60 anos. Até o momento foram contabilizadas 5.275 mortes na cidade provocadas pela doença neste período de pandemia.

Com os novos casos confirmados, 209.587 moradores de Curitiba testaram positivo para a covid-19 desde o início da pandemia. Ontem, a taxa de ocupação dos 525 leitos de UTI SUS exclusivos para covid-19 estava em 96%, restando apenas 23 leitos livres. A taxa de ocupação dos 726 leitos de enfermarias SUS covid-19 estavaem 101%. Não havia leitos vagos de enfermaria até o fechamento deste boletim e pacientes aguardavam em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) pela transferência.

Capital está na iminência da quarta onda e com estoques críticos de medicamentos

O diretor do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba, Alcides Oliveira, afirmou ontem, em audiência pública na Câmara de Vereadores, que a Capital paranaense está “na iminência de uma quarta onda” de Covid-19, ao defender as novas medidas restritivas baixadas pela prefeitura para tentar a pandemia.

De acordo com os dados exibidos, as medidas mais restritivas foram eficazes em ondas anteriores para que houvesse uma diminuição da transmissão e do número de novos casos, freando a disseminação do vírus. “As medidas são eficazes. Quando temos diminuição dos deslocamentos, temos uma queda mais expressiva dos casos”, disse Oliveira. Os vereadores questionaram a secretária sobre a falta de medicamentos para intubação de pacientes com covid-19. Segundo Márcia, não há falta, mas alguns medicamentos, como bloqueadores neuromusculares, encontram-se com estoque em nível crítico. A SMS aguarda, inclusive, o desembaraço de uma compra internacional realizada de um fornecedor da Índia há mais de um mês. Os produtos já estão em São José dos Pinhais, aguardando a liberação por parte da Anvisa.

Paraná amplia toque de recolher e reduz horários do comércio a partir de sexta-feira

Em razão do aumento do contágio da Covid-19 no Paraná e da maior taxa de transmissão do País, o Governo publicou ontem o decreto 7.716/21, que amplia ainda mais as medidas restritivas. O texto anterior venceria no dia 31 de maio. As novas regras começam a vigorar às 5 horas de sexta-feira (28) e valem até as 5 horas do dia 11 de junho, podendo ser prorrogadas. Medidas mais rígidas adotadas pelos municípios terão apoio da administração estadual.

Também haverá reforço operacional das forças de segurança, em apoio às vigilâncias municipais da saúde, para coibir festas clandestinas, aglomerações e eventos. As medidas preveem restrição da circulação de pessoas e de venda e consumo de bebida alcoólica em espaços de uso público ou coletivo depois das 20 horas. O toque de recolher e a lei seca atual vigoram das 22 horas até as 5 horas do dia seguinte.

Comércio e atividades não essenciais seguem proibidas de funcionar aos domingos. Nos outros dias da semana, em municípios com mais de 50 mil habitantes poderão abrir ao público das 9h às 18h, com 50% de ocupação (o texto anterior era das 10h às 22h). Aos domingos e fora desses horários, durante a semana, só delivery.

Os shoppings, que até então podiam funcionar das 11h às 22h, devem abrir até as 20h, com 50% da ocupação. Os supermercados, que não tinham limite de horário, poderão atender das 8h às 20h, com 50% de ocupação. As academias podem funcionar das 6h às 20h, com até 30% da ocupação. O horário de restaurantes, bares e lanchonetes será das 10h às 20h, com 50% do público, podendo atender 24 horas na modalidade de entrega. Fica vedado o consumo no local nos domingos, mas com o delivery permitido.