Por Alexandro Martello e Laís Lis, G1 — Brasília


O governo federal avalia a possibilidade de prorrogar o Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda (BEM), informou nesta quinta-feira (28) o secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Bianco.

Ele também disse que podem ser propostas flexibilizações na legislação trabalhista, para aumentar a formalização de trabalhadores.

Segundo Bianco, a ideia é proteger o mercado de trabalho contra os impactos da pandemia de Covid-19.

O BEM vigorou em oito meses do ano passado e possibilitou às empresas a suspensão do contrato, ou redução da jornada de trabalho, com pagamento de parte do salário pelo setor público.

"Estamos analisando o programa ainda, todas as medidas. Tudo encontra-se ainda em análise. O melhor cenário, no caso de renovação do BEM, certamente seria algo horizontal para que todos que assim necessitarem possam se valer", disse Bianco a jornalistas.

"Isso sempre esteve na prancheta, mas demanda uma análise das circunstâncias e política, que estamos fazendo junto com nosso ministro e com o presidente da República. Está em análise [a prorrogação] e, tão logo tenhamos algo concreto, faremos o anúncio", acrescentou.

O secretário afirmou ainda que a área econômica trabalha para não deixar o desemprego aumentar. "Não vamos esperar uma ressaca [do Caged, que mostrou abertura de vagas em 2020]", acrescentou.

No ano passado, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), de abril a dezembro de 2020, 9.849.115 de empregados formais tiveram redução de jornada e salário ou suspensão do contrato de trabalho.

O Ministério da Economia informou que o programa de manutenção do emprego ajudou a evitar a perda de vagas em 2020 e, com isso, contribuiu para o resultado do emprego formal nos últimos meses - o país gerou 142.690 empregos com carteira assinada no ano passado.

Em um ano, 11,5 milhões perderam emprego no setor privado

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Flexibilizações de regras trabalhistas

Bianco foi questionado sobre a possibilidade de o governo retomar a carteira de trabalho verde amarela (medida provisória 905), um um incentivo à contratação formal de jovens de 18 a 29 anos que vigorou no ano passado, mas perdeu a validade.

O secretário afirmou que o governo continuará buscando uma formalização maior no mercado de trabalho, mas não garantiu que a MP será reeditada. No contrato verde e amarelo, as empresas pagavam menos tributos e encargos trabalhistas.

"A busca para equacionar esse desafio passa pela MP 905? Talvez sim, talvez não. Politicas que lá estavam podem ser refeitas, reformuladas. Podemos pensar em outras formas. A formalização é fundamental, assim como redução do custo de contratação. A adequação da CLT às novas formas de contratação também é uma discussão fundamental, e oportuna. Estamos avaliando todas as possibilidades", declarou.

Vacinação como política econômica

Durante coletiva para comentar o resultado do Tesouro Nacional de 2020, o secretário do Tesouro, Bruno Funchal, afirmou que a política econômica e fiscal mais importante, na visão dele, seria a política de vacinação. Isso, diz Funchal, diante do espaço fiscal reduzido que o Brasil tem e diante do cenário de recuperação do mercado de trabalho.

“A volta do programa de emprego e o auxílio emergencial são políticas que, com a recuperação do mercado de trabalho, eu não acho que são as melhores políticas para o momento. Para mim a melhor política no momento é a política de vacinação. É melhor política de saúde, econômica e fiscal, hoje o foco deve ser esse”, disse.

O secretário do Tesouro afirmou discordar da necessidade de um programa de manutenção do emprego no momento, já que o mercado de trabalho estaria em recuperação. Funchal avalia que o governo tem que estar preparado e pensar em medidas, caso elas voltem a ser necessárias.

“Agora, a gente tem ainda muita incerteza. E nessa incerteza algum cenário pior pode se realizar e pode mudar esse cenário, pode realizar um cenário que a gente não goste, que afete o mercado de trabalho, que faça com q pessoas voltem a ter sua locomoção restringida e aí temos que estar com as medidas preparadas”.

Entenda o programa de preservação do emprego

No caso dos contratos suspensos, os salários são cobertos pelo governo federal até o limite do teto do seguro-desemprego (à época em R$ 1.813,03) para funcionários de empresas com receita bruta até R$ 4,8 milhões. Já quem teve a jornada reduzida, recebe o salário proporcional da empresa e um complemento relativo a uma parte do valor do seguro-desemprego, paga pelo governo.

A previsão do governo é de pagar R$ 34,3 bilhões dentro do programa. Até o momento, R$ 33,4 bilhões foram gastos - parte dos valores está sendo paga em 2021.

Em ambos os casos, os trabalhadores têm direito à estabilidade pelo tempo equivalente à suspensão ou redução.

Benefícios

Veja como ficam os pagamentos dos benefícios para preservação de emprego:

  • Suspensão do contrato de trabalho: recebe 100% da parcela do seguro-desemprego, que pode variar de R$ 1.045 a R$ 1.813,03 (exceto no caso de funcionário de empresa com receita bruta superior a R$ 4,8 milhões – neste caso: recebe 30% do salário + 70% da parcela do seguro-desemprego)
  • Redução de 25% na jornada: recebe 75% do salário + 25% da parcela do seguro-desemprego
  • Redução de 50% na jornada: recebe 50% do salário + 50% da parcela do seguro-desemprego
  • Redução de 70% na jornada: recebe 30% do salário + 70% da parcela do seguro-desemprego
  • Nenhum trabalhador vai ganhar menos do que um salário mínimo

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