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Saiba o que olhar na hora de escolher um fundo de investimento

Especialistas dão dicas para completar a carteira de acordo com o perfil de risco do investidor

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São Paulo

Fundos de investimento são um coringa na carteira. Eles são recomendados para todos os investidores por serem uma maneira simples e eficaz de diversificar os aportes —caso sejam bem escolhidos. Na infinidade de fundos disponíveis, porém, é difícil saber qual o mais adequado e com o melhor retorno para cada tipo de investidor.

Segundo especialistas, a busca por um fundo deve seguir um roteiro básico. O primeiro passo é procurar os que se adequem ao perfil de risco do investidor (conservador, moderado, arrojado ou agressivo). Os que são mais avessos ao risco, por exemplo, devem evitar fundos de ações e preferir os de renda fixa e multimercados. Já os mais agressivos podem arriscar até um fundo de criptomoedas.

O segundo passo é analisar, dentro da variedade de produtos recomendados para cada perfil de risco, os fundos disponíveis. O mais importante nesta etapa, de acordo com Paula Zogbi, analista da Rico, é checar se a estratégia do fundo faz sentido na carteira.

"É preciso ler a lâmina e ver se não é algo parecido com os investimentos que já se tem e se o investidor concorda com as estratégias de investimento do fundo", diz Paula.

Lâmina é um documento que todos os fundos devem apresentar publicamente e pode ser encontrada no site da gestora do fundo ou pelas corretoras utilizadas na hora de comprar a cota. Ela é um resumo com as principais características do fundo, como investimento mínimo, taxas cobradas, composição da carteira e política de resgate.

Esse último ponto requer atenção especial. Segundo Paula, liquidez D+1 (intervalo de um dia útil para que o resgate caia na conta corrente do investidor) e D+0 (resgate no mesmo dia) podem ser importantes para quem não sabe quando vai ter que acessar os recursos.

É comum, porém, que fundos, especialmente os multimercados, tenham prazos de resgate mais longos, chegando até a 60 dias úteis.

Em seguida, é preciso avaliar a taxa de administração e se ela é adequada ao tipo de fundo em questão. Fundos com gestão complexa, nos quais há troca diária de ativos, tendem a ser mais caros. Já os passivos, que apenas acompanham índices de referência, como o Ibovespa ou a Selic, tendem a ser mais baratos. Nesses casos, a taxa geralmente é de menos de 1% .

Em alguns fundos também é cobrada uma taxa de performance quando a rentabilidade supera um certo patamar previamente estabelecido. Na média, fundos de ações cobram uma taxa de administração de 2% ao ano e uma taxa de performance de 20% sobre o ganho que superar o desempenho do Ibovespa no período em questão.

"É preciso também olhar a equipe de gestão, se são pessoas bem cotadas no mercado com um trabalho excepcional há muitos anos", diz Paula.

Uma boa maneira de avaliar os gestores é acompanhá-los nas redes sociais e em eventos virtuais. A maioria tende a ser ativa nesses canais, compartilhando visões macroeconômicas e estratégias de investimento. "O investidor deve ver se o gestor está aderente ao ESG [conjunto de melhores práticas ambientais, sociais e de governança], o que demonstra seriedade", diz Fábio Focaccia, diretor de estratégia da Santa Fé Investimentos.

Por fim, deve-se analisar a rentabilidade passada do fundo. Mesmo que ela não seja garantia de rentabilidade futura, é uma boa métrica para avaliar a qualidade de gestão. Fundos com resultados consistentes e acima da média são preferíveis.

No primeiro semestre de 2021, segundo levantamento da Economatica, por exemplo, os fundos multimercado que mais renderam foram os que estavam posicionados em ativos ligados à Selic, que está em trajetória de alta. Nos últimos anos, porém, a tendência dos juros era oposta.

Os fundos de ações, por sua vez,se aproveitaram da alta das commodities, apostando em ações ligadas a siderurgia e indústria, e no crescimento do ecommerce, com papéis de logística.

Quanto maior o histórico analisado, melhor informada será a decisão. "A consistência na rentabilidade passada é importante para avaliar se o fundo está rendendo menos, mas não se deve olhar alguns meses e sim entre quatro e cinco anos", diz Focaccia.

Segundo ele, novos fundos podem não ser uma boa escolha, pois ainda precisam se provar. A recomendação é escolher entre os que têm pelo menos dois anos de operação.

Para quem não tem o tempo para fazer uma análise cuidadosa, a dica é escolher um fundo de fundos. Ou seja, um fundo de investimento que compra cotas de outros fundos. Para escolher esses ativos, o investidor pode olhar as recomendações de sua corretora ou banco, além de fazer uma rápida busca na imprensa e nas redes sociais.

Outra dica é manter no portfólio um fundo que apresenta bom desempenho em momentos de crise, e outro que vai bem em momentos de bom desempenho econômico.

Conheça as principais modalidades de fundos

Fundos de ações
Têm no mínimo 67% investido em ações. Alguns têm como objetivo acompanhar a variação de um índice do mercado acionário, como o Ibovespa ou o Small Cap, que reúne as empresas de menor capitalização na Bolsa. Os fundos de ações são mais indicados aos arrojados e agressivos que tenham objetivos de longo prazo, pois haverá tempo para que eventuais perdas com as oscilações dos preços das ações sejam recompostas

Fundos multimercado
Mesclam diversos ativos, como câmbio, ações, derivativos e renda fixa e podem ter diferentes graus de risco, que precisam ser avaliados pelo investidor. Dessa forma, podem se encaixar em todos os perfis de risco

Fundos de renda fixa
Aplicam apenas em ativos de renda fixa, em sua maioria títulos públicos federais, debêntures, CDBs (certificados de depósito bancário), LCIs (letras de crédito imobiliário), entre outros. Podem ter também títulos que apresentam maior risco de crédito, como os títulos privados, e podem utilizar derivativos tanto para proteção da carteira quanto para alavancagem

Fundos imobiliários
São destinados ao aporte em empreendimentos imobiliários, o que inclui a aquisição de direitos sobre imóveis e títulos imobiliários, como LCI, LH (letras hipotecárias), cotas de outros fundos, CRI (certificados de recebíveis imobiliários), entre outros. As cotas destes fundos são negociadas na Bolsa da mesma forma que ações.

COMO SABER SEU PERFIL DE INVESTIDOR

Antes de investir, é necessário descobrir qual o seu perfil, para determinar que riscos está disposto a correr –e, a partir daí, definir os ativos de sua carteira.

O perfil é obtido por questionários e avaliação financeira de bancos, corretoras e casas de análise. Para ter uma boa parte da carteira em ações, como no perfil arriscado, por exemplo, é preciso ter sangue frio para lidar com eventuais desvalorizações do mercado.

Conservador
Preza estabilidade do investimento. Quer saber o rendimento ao fim do mês, sem arriscar perder dinheiro ou ter surpresas no meio do caminho. No passado, mantinha toda a carteira em renda fixa, mas, com a queda da rentabilidade, analistas recomendam uma pequena alocação em fundos multimercado.

Moderado
Aceita mais oscilações nos investimentos, especialmente a longo prazo, mas também preza a garantia do retorno. Sua carteira tem mais espaço para a renda variável.

Arrojado
Está mais disposto a correr risco em nome do retorno maior. Tem mais tranquilidade para lidar com oscilações bruscas na renda variável, que ocupa boa parte da carteira.

Agressivo
Não tem medo de perder em algumas aplicações para ganhar em outras. Tem sangue frio para aguentar o tranco de uma queda brusca de ações.

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