Metalúrgicos aprovam acordo e encerram greve na Arteb
O secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges, durante assembleia dos trabalhadores da Arteb na tarde de quinta-feira, 28
Os trabalhadores da fabricante de faróis Arteb encerraram uma greve de dois dias na unidade de São Bernardo do Campo (SP) após aprovarem um acordo durante assembleia realizada na quinta-feira, 28. A produção estava paralisada desde a terça-feira, 26, após a empresa comunicar a demissão de 200 dos 800 funcionários da fábrica.
Os demitidos foram informados pela manhã sobre a proposta, que foi aprovada à tarde em assembleia por todos os trabalhadores da unidade. Após a aprovação, os metalúrgicos retomaram a produção a partir do segundo turno – a operação volta a operar normalmente em dois turnos na sexta-feira, 29.
Segundo o secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges, pelo acordo, a Arteb se comprometeu a recontratar 50 dos 200 demitidos a partir de setembro, quando a empresa deverá iniciar um novo contrato de fornecimento à Fiat. “Eles terão de aumentar a produção, vão precisar de mais gente e nada mais justo do que recontratar entre os demitidos”, disse.
Também acrescentou que a Arteb informou que há conversas em andamento com outra montadora. “Se estas negociações forem positivas, a empresa pode vir a recontratar até mesmo todos os que foram demitidos”, acrescentou Selerges.
O secretário disse que uma das preocupações durante a negociação com a Arteb era garantir o pagamento das indenizações, uma vez que a empresa se encontra em recuperação judicial desde 2016. “Saímos da reunião com o compromisso de que as rescisões serão todas pagas o mais rápido possível e a forma vai depender do valor que cada um tem a receber, que varia muito. Acertamos, no entanto, que nos casos em que for necessário parcelamento, nenhum trabalhador receba por mês um valor inferior ao seu salário bruto”, disse.
Na negociação o sindicato também garantiu a manutenção do convênio médico dos demitidos até setembro e o compromisso de que até este mesmo mês não haverá novas demissões.
SITUAÇÃO DA ARTEB SE AGRAVOU COM O FIM DA PRODUÇÃO DA FORD NO BRASIL |
Segundo informações do sindicato, a Arteb informou que o fim da produção da Ford no Brasil, anunciado no último dia 11, impactou na decisão das demissões. Selerges avaliou a situação como grave e disse que uma consultoria contratada pela empresa chegou a orientar a direção a demitir 500 trabalhadores. “Um verdadeiro absurdo”, destacou.
O coordenador do CSE, Francisco Lourival de Lima, explicou que parte dos ganhos da Arteb vinha da Sian, subsidiária que operava em Camaçari (BA) com a produção de faróis fornecidos para a Ford.
“A Sian ajudava a compor os gastos aqui, com o fechamento da Ford, lá fechou também e a Arteb ficou sem essa ajuda, só piorou o que já estava ruim. Por tudo isso nossa mobilização é muito importante neste momento, precisamos lutar para que essa empresa volte a ter credibilidade no mercado e valorize seus profissionais”, destacou Lourival.
Ele lembrou que a situação na Arteb vem se agravando desde 2016, quando a companhia entrou em recuperação judicial. Fundada em 1934, a Arteb é uma das mais tradicionais fabricantes de autopeças do Brasil, com o fornecimento de faróis para as montadoras. A fábrica de São Bernardo do Campo começou a operar em 1967.
Selerges finaliza dizendo que o sindicato vai continuar acompanhando o cumprimento dos compromissos estabelecidos com a empresa e manterá conversas constantes com os representantes da Arteb para discutir o futuro da planta paulista: “Há uma boa perspectiva de contratos com montadoras. Vamos acompanhar. É uma fábrica antiga, com muitos trabalhadores, importante para o ABC”, reforçou.