É provável que a maioria dos brasileiros não saiba bem o que seja a taxa Selic –que serve de base para os juros da economia. Mas é importante que todos prestem atenção à escalada da Selic, porque todos os produtos e serviços, de alguma forma, vão ficar ainda mais caros com esta taxa a 10,75%, o maior patamar desde 2017.
E o que nós, consumidores, que não somos investidores, nem ministros da Economia ou banqueiros, temos a ver com isso? A Selic, que entre agosto de 2020 e os primeiros dias de março de 2021 estava em 2% –menor índice da história–, tem subido desde então para combater os altos índices de inflação. Está muito mais difícil, por exemplo, comprar um imóvel financiado.
Quando o dinheiro fica mais caro, a economia é contraída, crescendo menos, ou até recuando. Com menor atividade econômica, haveria menos espaço para reajustes de preços, e a inflação, teoricamente, se estabilizaria e cairia.
Ocorre que a cotação do dólar continua muito elevada, e isso empurra os preços para cima, principalmente os das chamadas commodities —soja; carnes bovina, suína e de frango; açúcar; café etc. Além disso, mesmo com queda de consumo, os preços dos combustíveis e do gás de cozinha continuam em alta, bem como a conta de luz. Lamentavelmente, temos o maior juro real do mundo!
Ou seja, de um lado há a estagnação da economia, de outro a inflação elevada, o que configura o inferno da estagflação. Tudo fica mais caro, ao mesmo tempo em que há menos emprego e renda achatada.
E o que nós, simples mortais, podemos fazer para mudar este cenário tão ruim? Eleger deputados, senadores, governadores e presidente da República que cortem despesas inúteis —como o orçamento secreto do Congresso Nacional–, e que invistam em educação, ciência e tecnologia, e saúde.
Melhor ainda se reajustarem a famigerada tabela do IR (Imposto de Renda), pois milhões de brasileiros que seriam isentos continuam pagando este tributo. O que pagam de IR deixa de ser utilizado na compra de produtos e serviços, o que reduz o padrão de vida e dificulta o reaquecimento da economia.
Quanto ao desperdício de dinheiro público, um exemplo: em dezembro último, em quase metade dos mais de R$ 4 bilhões em emendas parlamentares não havia nome de congressistas identificados. Ou seja, não foram divulgados publicamente os responsáveis pelos pedidos.
Enquanto isso, os juros básicos da economia sobem, adiando a retomada dos negócios e dos empregos, e a recuperação da renda das famílias.
As associações da sociedade civil deveriam acompanhar de perto esses processos, cobrar, denunciar e envolver a coletividade. Esse é o nosso papel!
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