Franklin de Freitas – Loja liquida estoque antes de fechamento no Centro de Curitiba

Na Rua Voluntários da Pátria, próximo da Praça Osório, Centro de Curitiba, a vitrine de uma loja de moda masculina chama a atenção. Há cerca de 10 anos atendendo ao público curitibano, a Via Mundo foi mais uma vítima dos impactos econômicos da pandemia do novo coronavírus. Por isso, toda a loja está com 60% de desconto e, abaixo do anúncio de liquidação, uma mensagem um tanto melancólica: “Últimos dias. Fechamento da loja”.

Sinal dos tempos. Desde o início da pandemia do novo coronavírus, uma empresa fechou as portas a cada sete minutos no Paraná, em média. Entre abril de 2020 e março de 2021, por exemplo, 79.018 empresas foram extintas no estado, conforme dados levantados através do painel Mapa de Empresas, do Ministério da Economia. Além disso, neste começo de ano se verifica um aumento no número de extinções.

Entre abril de 2019 e março de 2020, por exemplo, 82.201 empresas fecharam as portas no estado, o que aponta para uma redução de 3,87% na comparação com o primeiro ‘ano pandêmico’. Acontece, porém, que o ritmo de extinções acelerou consideravelmente nos últimos meses, concomitante ao agravamento da crise sanitária pelo país.

No primeiro trimestre deste ano, por exemplo, o Ministério da Economia registrou 24.215 extinções de empresas paranaenses. Em 2020, haviam fechado as portas 20.306 empresas no estado. Comparando-se os dois períodos, então, nota-se um aumento de 19,25% no número de empresas fechando as portas.

Apenas em março foram extintas 8.492 pessoas jurídicas, recorde para um único mês dentro da série histórica do Ministério da Economia, iniciada em 2019. Além disso, os outros recordes haviam sido registrados em janeiro e fevereiro último, com 7.911 e 7.812 registros, respectivamente.

‘O que atrapalhou foi um mês inteiro fechado’

Consultado pela reportagem do Bem Paraná, um funcionário da Via Mundo, que pediu para não ser identificado, relatou que a empresa até conseguiu se manter bem ao longo da pandemia. O principal problema, porém, foi o fechamento do comércio entre março e abril, período no qual a capital paranaense entrou em bandeira vermelha por conta do agravamento da crise sanitária.

“O que atrapalhou foi o mês fechado. Não faturamos nada e não houve acordo com relação ao aluguel, tivemos de pagar integralmente e não teve negociação nenhuma. Além disso, o imóvel também estava precisando de uma reforma para se manter. No final das contas, a pandemia veio para fechar de vez a loja”, lamenta o trabalhador.

Em seus últimos dias, a loja de roupas registra um movimento intenso, com grande procura por parte dos clientes, atraídos pelos descontos de 60%. “Está muito bom [o movimento], porque a promoção é muito boa. São produtos bons com 60% de desconto. Depois que fechar a loja, não consegue achar mais por esse preço”, destaca o funcionário, relatando que em cerca de 10 dias a Via Mundo deve se despedir definitivamente dos curitibanos.

Paranaenses cortam gastos com medo de agravamento da crise sanitária

Com o Paraná na iminência de uma nova onda da pandemia do novo coronavírus, a população paranaense já se prepara para o agravamento da crise sanitária e contém gastos. É o que revela o indicador Intenção de Consumo das Famílias (ICF), apurado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio PR), que teve a terceira queda consecutiva.

Com 89,3 pontos, o índice teve retração de 5,8% na comparação com abril e, por estar abaixo dos 100 pontos, se mantém pelo segundo mês na zona de insatisfação. Os aspectos que puxaram o ICF para baixo neste mês são: Nível de Consumo Atual, com baixa de 10,1%; Acesso ao Crédito, que apresentou contração de 9,8%; e Perspectiva de Consumo, com diminuição de 8,3%. A Compra de Bens Duráveis também teve redução expressiva, ao cair 7,1% em relação ao mês passado.

Apesar de todos os fatores avaliados para composição do indicador terem apresentado queda na variação mensal, os aspectos Emprego Atual e Renda Atual estão em patamar considerado satisfatório, ao marcarem 116,8 pontos e 129,9 pontos, respectivamente.

Pesquisa aponta crescimento do potencial de consumo em 2021

Josianne Ritz

Após um ano marcado por prejuízos irreparáveis na maior parte dos setores econômicos do Brasil — e mesmo que ainda vivenciando a pandemia —, o consumo das famílias deve recuperar parte do seu fôlego no Paraná e movimentar R$ 322,998 bilhões em 2021. A estimativa é do estudo IPC Maps 2021, especializado há quase 30 anos no cálculo de índices de potencial de consumo nacional, com base em dados oficiais. O Paraná é o quinto no ranking nacional de potencial de consumo. O volume é 10,5% maior que o de 2020, quando a potencial de consumo era de R$ 292,157 bilhões. A projeção de gasto percapita na área urbana também cresceu 9,7%, passando de R$ 26,6 mil para R$ 29,1 mil. O aumento do Paraná é superior ao do Brasil, que deve movimentar cerca de R$ 5,1 trilhões ao longo deste ano — o que representa um aumento de 3,7% em relação a 2020.

No Paraná, a habitação lidera a intenção de consumo deste ano com previsão de R$ 69,9 bilhões, seguido de Veículo Próprio, com R$ 43,3 bilhões e Alimentação no Domicílio, com R$ 25,8 bilhões. Curitiba aparece como a sexta posição no ranking de potencial de consumo entre as cidades brasileiras, segundo o IPC Maps 2021. O total de consumo previsto para 2021 na capital paranaense é de R$ R$ 65.455.268.197.