Mobility Now

Após banir carros a combustão, Fernando de Noronha ganhará 12 eletropostos

Projeto da Neoenergia instalará também duas usinas solares e colocará 18 veículos elétricos em circulação

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Victor Bianchin, AB
  • 22/03/2022 - 11:38
  • | Atualizado há 2 anos
  • 2 minutos de leitura

    A empresa Neoenergia anunciou na segunda-feira, 21, o lançamento de um novo programa de mobilidade elétrica no arquipélago de Fernando de Noronha. Chamado de Trilha Verde, ele contará com a instalação de 12 eletropostos, 18 veículos elétricos e duas usinas solares para abastecerem o sistema.

    Fernando de Noronha foi o primeiro lugar brasileiro a banir os carros a combustão quando, em 2020, decretou que, a partir de agosto de 2023, nenhum novo veículo desse tipo poderá entrar no arquipélago. Além disso, a partir de 2030, carros a combustão não poderão nem mesmo circular nas ilhas.

    Na época, a medida causou polêmica, uma vez que a maior parte da energia das ilhas vinha de geradores a diesel, uma fonte suja. De acordo com o IBGE, Fernando de Noronha conta com 1.381 veículos motorizados, cerca de 60% deles com quatro rodas e 40% com duas. Essa situação começa a mudar agora.

    Energia limpa para a mobilidade

    Os 12 novos eletropostos previstos no projeto serão instalados em pontos estratégicos da ilha e disponibilizados para todos os carros elétricos do arquipélago. Serão oito pontos de recarga com potência de 22 kW, que possibilitam uma recarga mais rápida, e outros dois com potência de 7,4 kW. As duas últimas unidades terão suporte a V2G (vehicle-to-grid), que possui um fluxo bidirecional, ou seja, o veículo pode utilizar a estação para recarga ou para devolver à rede a energia não utilizada, o que é conveniente em momentos de apagão.

    O abastecimento desses postos será realizado totalmente com energia limpa, fornecida pela geração fotovoltaica das duas novas usinas solares. A potência instalada total das plantas será de 100 kWp (quilowatt-pico) e a primeira delas está prevista para ser iniciada neste mês de março. Essa capacidade é aproximadamente três vezes maior do que a necessidade inicial do projeto. O excedente será injetado na rede de distribuição, ampliando o uso de uma fonte renovável pelos consumidores de Noronha. 

    Para permitir o uso de energia limpa mesmo nos momentos em que não houver geração solar suficiente, será implantado também um sistema de armazenamento de energia com potência de 100 kW/200 kWh. A WEG será parceira para o fornecimento dos painéis fotovoltaicos, para a construção das plantas solares, para a instalação das baterias e para a implementação de quatro eletropostos. 

    Parceiros e estratégia elétrica

    No projeto, a Neoenergia conta com outros parceiros, como o CPqD, responsável pela execução de atividades técnicas, desenvolvimento de software e estudos estratégicos, entre outras ações, o IATI, responsável por estudos, atividades e análises ambientais e socioeconômicas, e a UFPE, responsável pela análise e modelagem de negócios.

    Quatro dos 18 veículos serão buggies elétricos para atividades de turismo, os quais serão fornecidos pela eiON. Seis eletropostos serão fornecidos pela Incharge e a Renault cederá seis veículos leves, além de quatro adquiridos pela Neoenergia, capacitando também profissionais locais para realizar manutenções nos carros. As ações estão em alinhamento com o Programa Carbono Zero, do Governo de Pernambuco. 

    Até o final de 2023, os veículos elétricos e os recursos energéticos utilizados no projeto serão analisados. As informações coletadas serão submetidas a avaliações de viabilidade dos modelos de negócios e, posteriormente, será confeccionado um mapa orientativo para futuras ações relacionadas à mobilidade elétrica em Fernando de Noronha. 

    O projeto Trilha Verde faz parte do Programa Energia Sustentável Noronha, lançado no último ano pela Neoenergia, que prevê um conjunto de ações que reúne mobilidade sustentável, inovação tecnológica e ampliação de fontes não poluentes de energia. “Acreditamos que o projeto de pesquisa e desenvolvimento irá impulsionar a sustentabilidade em um ecossistema preservado como Noronha e contribuir de forma determinante com o processo de descarbonização nos variados segmentos econômicos do arquipélago”, destaca em nota o presidente da Neoenergia Pernambuco, Saulo Cabral.