Por Alexandro Martello, G1 — Brasília


O nível de atividade econômica registrou alta nas regiões Norte e Centro-Oeste em 2020, em meio à pandemia do coronavírus. A informação foi divulgada pelo Banco Central (BC) nesta quinta-feira (4) por meio do boletim regional.

Nesta quarta-feira (3), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro registrou um tombo de 4,1% em 2020, maior queda desde o início da série histórica atual do IBGE, iniciada em 1996.

Os números do boletim regional do Banco Central têm por base o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) da instituição, considerado uma "prévia" do resultado do PIB.

O indicador incorpora estimativas para a agropecuária, a indústria e o setor de serviços, além dos impostos. Diferentemente do PIB, ele não considera o lado da demanda (investimentos, consumo do governo, gastos das famílias e setor externo, por exemplo).

Por regiões

De acordo com dados do BC, a região Norte teve expansão de 0,4% no nível de atividade no ano passado, estimulada principalmente pelo desempenho do comércio – "cujos resultados foram superiores aos das demais regiões".

De acordo com a instituição, isso é resultado, em parte, do aumento da renda das famílias, favorecido pela concessão do auxílio emergencial, que atingiu 57% dos domicílios da região em novembro de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) COVID-19 do IBGE.

"Adicionalmente, a agricultura, com alta de 5,2% na produção de grãos, e a construção civil, que totalizou geração de 9,3 mil vagas de emprego formal, impulsionaram o resultado. A indústria apresentou comportamento distinto entre os ramos: a extrativa assinalou modesta expansão, enquanto a transformação foi bastante afetada pela crise sanitária", diz o boletim.

Na região Centro-Oeste, ainda segundo o Banco Central, o desempenho da atividade econômica, que se deve em grande parte à produção de alimentos, avançou 0,2% em 2020, repercutindo a combinação de uma safra recorde de grãos e as cotações das "commodities" (produtos básicos com cotação internacional, como minério, petróleo e alimentos), principalmente, soja e carnes, que impulsionaram as vendas externas.

"A produção agrícola registrou elevação nas colheitas dos três principais grãos (soja, milho e algodão) e houve crescimento na fabricação de alimentos", informou, acrescentando que o crescimento da atividade na região, em 2020, também foi favorecido pelas "altas no varejo e nos serviços de transporte", diz o documento.

Já na região Sudeste, que teve contração de 1,3% na atividade econômica no ano passado, o BC avaliou que a estrutura produtiva diversificada permitiu que as atividades mais impactadas pela crise tivessem seus resultados compensados, em parte, pela evolução favorável de outras.

"No setor de serviços, o segmento de atendimento às famílias permaneceu deprimido. No entanto, os serviços financeiros, fortemente concentrados na região, tiveram alta significativa, refletindo a maior demanda das empresas por recursos, face à redução dos fluxos de caixa, e o acesso às linhas especialmente criadas para combate aos efeitos econômicos da pandemia", informou o boletim.

Ainda no Sudeste, de acordo com a análise da instituição, a menor produção de veículos na indústria se contrapôs à ampliação em alimentos, produtos químicos, farmoquímicos, de limpeza e higiene pessoal. Por fim, a construção civil, embora tenha recuado no ano, apresentou crescimento no quarto trimestre, em relação ao anterior.

Na região Nordeste, apesar do desempenho agrícola, houve queda de 2,1% na atividade econômica em 2020. Segundo o BC, o menor ritmo da economia "decorreu sobretudo das adversidades dos serviços de maior interação entre as pessoas, que têm maior peso na região".

"Essas adversidades impactaram o mercado de trabalho, com efeitos sobre o comércio, cujo volume acumulou queda – no conceito restrito (exclusive comércio automotivo e de material de construção), a região foi a única a reduzir as vendas em 2020. Como fator de mitigação, o Nordeste foi beneficiado pela concessão do auxílio emergencial, que atingiu 55,3% dos domicílios da região em novembro de acordo com a PNAD COVID 19", acrescentou.

A região Sul apresentou tombo de 2,1% na atividade no ano passado com a queda na produção de grãos, motivada pelas quebras das safras de verão no RS (soja e milho), o que não contribuiu para atenuar os efeitos da pandemia.

"No indicador geral, indústria e comércio recuaram, porém com resultados díspares entre os segmentos. A produção industrial registrou recuo em veículos, vestuário e calçados, e destacou, positivamente, a indústria de alimentos, máquinas, aparelhos e materiais elétricos, produtos de metal, refino de petróleo e celulose", informou o BC.

No comércio, acrescentou a instituição, o padrão observado na região Sul foi similar ao das demais regiões, com destaque para a alta nas vendas de produtos alimentícios. "A construção civil, condicionada pelos resultados de Santa Cataria e Paraná, com redução do estoque de imóveis residenciais, apresentou crescimento no ano", concluiu.

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