Caoa Chery vai demitir em Jacareí, e sindicato busca MP para barrar cortes

Audiência de mediação no Ministério Público do Trabalho foi marcada para esta sexta-feira (20)

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São José do Rio Preto (SP)

O Sindicato dos Metalúrgicos de São José do Campos e Região entrou com uma ação no MPT-SP (Ministério Público do Trabalho de São Paulo) para tentar reverter a demissão dos mais de 480 trabalhadores da fábrica da Caoa Chery, em Jacareí (80 km de SP).

Uma audiência de mediação entre o sindicato e a empresa foi marcada para esta sexta-feira (20). As atividades na planta da unidade foram temporariamente suspensas devido a um processo de readequação da fábrica. Desde março, os funcionários estão em licença remunerada.

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Trabalhadores da Caoa Chery aprovam lay-off na unidade de Jacareí, após anúncio de fechamento da unidade - Roosevelt Cassio Divulgação / Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região

Segundo o sindicato, o objetivo é fazer com que a empresa mantenha o acordo de lay-off (suspensão temporária dos contratos de trabalho), que teria sido aceito durante uma reunião realizada no dia 10 de maio, e aprovado em assembleia dos trabalhadores no dia 11.

"Após debates, ficou acordado que a empresa concorda com a implementação de lay-off por cinco meses (nos termos negociados em fevereiro de 2022), de junho a outubro de 2022, e estabilidade no emprego por três meses, de novembro a janeiro de 2023", diz um trecho da ata da reunião realizada no último dia 10, divulgado pelo sindicato.

Por meio de nota, a Caoa Chery informou que não aceitou a proposta de lay-off, já que esse regime de trabalho é destinado aos casos de suspensões das atividades com rápida retomada da produção e do trabalho. A empresa ainda alegou que as partes "têm ciência prévia de que não retomarão as atividades em curto espaço de tempo".

A Caoa disse ainda que propôs à entidade sindical a negociação de uma indenização aos trabalhadores, além das verbas rescisórias pelo encerramento dos contratos. A montadora oferece indenização de até 15 salários para empregados com mais de cinco anos de registro. O limite salarial para o cálculo é de R$ 5.000.

Funcionários que têm entre dois e cinco anos na empresa receberiam indenização de dez salários, e, para aqueles com menos de dois anos de casa, a indenização seria de sete salários. A montadora não informou, no entanto, quantos devem ser demitidos. Ao todo, a empresa tem hoje cerca de 600 funcionários.

"É de extrema gravidade essa atitude da Caoa Chery. A empresa está quebrando um acordo já aprovado em assembleia. Os trabalhadores não aceitarão essa afronta. Vamos acionar todas as formas jurídicas e acirrar a luta contra o fechamento da fábrica e pela manutenção dos empregos", disse o presidente do sindicato, Weller Gonçalves, em comunicado.

Primeira unidade fora da China anuncia fechamento

Inaugurada em 2014, a fábrica da Chery em Jacareí foi a primeira da montadora fora da China e produz os veículos Tiggo 3x e Arrizo 6 Pro. Além da unidade de Jacareí, a empresa tem outra fábrica, em Anápolis (GO), onde são montados modelos da Hyundai e Chery.

O fechamento do local foi anunciado no dia 5 de maio, com anúncio de demissões, mas sem detalhar números. Na ocasião, o sindicato informou que a montadora havia informado o corte de todos os trabalhadores da linha de produção, somando 370 demissões, e também iria desligar 50% dos funcionários do setor administrativo, colocando na rua 115 profissionais. Os outros 115 do setor seriam realocados.

Segundo a montadora, a fábrica passará por mudanças para produção de veículos híbridos e elétricos. "Atenta às demandas globais em relação à mobilidade sustentável, a montadora assume o compromisso com o Brasil e seus consumidores de eletrificar todos os modelos de seu portfólio até o final de 2023", disse, em nota anterior.

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