O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reforçou nesta terça-feira, na ata de seu último encontro, que o cenário atual já não prescreve um grau de estímulo extraordinário. O colegiado elevou na semana passada a Selic (a taxa básica de juros) em 0,75 ponto porcentual, para 2,75% ao ano. Desde agosto do ano passado, a taxa estava estacionada em 2,00% ao ano – o menor nível da história.

“O PIB encerrou 2020 com crescimento forte na margem, recuperando a maior parte da queda observada no primeiro semestre, e as expectativas de inflação passaram a se situar acima da meta no horizonte relevante de política monetária. Adicionalmente, houve elevação das projeções de inflação para níveis próximos ao limite superior da meta em 2021”, argumentou o colegiado.

Como já constou no comunicado da decisão, o BC repete na ata que o Copom decidiu iniciar um processo de normalização parcial, reduzindo o grau extraordinário do estímulo monetário. Embora a alta nos juros fosse dada como certa pelo mercado, a maior parte dos analistas esperava uma elevação menor, de 0,50 p.p. na reunião da semana passada.

Na avaliação do Copom, no entanto, uma estratégia de ajuste mais célere do grau de estímulo tem como benefício reduzir a probabilidade de não cumprimento da meta para a inflação deste ano, assim como manter a ancoragem das expectativas para horizontes mais longos. A ata reitera que essa estratégia é compatível com o cumprimento da meta em 2022, mesmo em um cenário de aumento temporário do isolamento social.

Para a próxima reunião, nos dias 4 e 5 de maio o Copom já adiantou que pretende elevar a Selic novamente em 0,75 p.p., para 3,50% ao ano – a menos que ocorra uma mudança significativa nas projeções de inflação ou no balanço de riscos. “O Copom ressalta que essa visão para a próxima reunião continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, e das projeções e expectativas de inflação”, completou a ata.

Riscos fiscais elevados

Em meio a um cenário de inflação já em alta, o Copom avaliou que os riscos fiscais de curto prazo seguem elevados devido ao agravamento da pandemia de coronavírus, o que coloca um viés de alta nas projeções de autoridade monetária para o IPCA e demais indicadores de preços. A explicação consta da ata da reunião do Copom da quarta-feira passada, divulgada nesta manhã.