São Paulo – A carteira de pedidos das fabricantes de máquinas agrícolas e de construção está praticamente tomada para este ano. A forte demanda do agronegócio, construção civil, infraestrutura e mineração, aliada às dificuldades logísticas e de falta de determinados componentes, faz com que novos pedidos sejam programados apenas para novembro e, em alguns casos, só para 2022.
"Nossa produção até outubro já foi vendida”, afirmou Carlo Martorano, vice-presidente global de compras e materiais da Massey Ferguson e AGCO para a América do Sul. “Começaremos a olhar para novembro e dezembro para programar novos pedidos”.
Algo semelhante ocorre na JCB, produtora da linha amarela que atende também ao agronegócio. Recentemente a empresa expandiu a capacidade produtiva de sua fábrica em Sorocaba, SP, segundo o presidente José Luís Gonçalves. “Esperamos vender o dobro de máquinas esse ano, considerando Brasil e América Latina, e os pedidos já estão sendo programados para o final do ano. No caso de algumas linhas específicas já estamos com entregas programadas para o começo de 2022".
Na New Holland o cenário é o mesmo: ao lançar os tratores T8 e T9 o vice-presidente para a América do Sul, Rafael Miotto, afirmou que toda a produção dos dois modelos para 2020 estava negociada. “Acontece o mesmo em outras linhas de produtos”.
O agronegócio e a construção estão aquecidos, mas não é a única razão da fila de espera. As fabricantes estão tendo dificuldades para produzir, por causa da cadeia de suprimentos que não consegue acelerar o ritmo para este ano:
"Estamos sofrendo menos que os automóveis, mas também temos nossas dificuldades com fornecedores nacionais e internacionais. Todo dia nosso time de logística tem que caçar os componentes no mercado, seja em outro país ou desenvolvendo um novo fornecedor", disse o presidente da JCB.
Martorano, diretor da AGCO, lembrou que os fornecedores estão trabalhando, em alguns casos, perto de sua capacidade máxima, em três turnos, dentro das limitações impostas pela pandemia da covid-19, para conseguir atender as demandas.
No caso da AGCO e JCB houve também aumento na garantia dos pedidos, os chamados pedidos congelados. O prazo cresceu, variando para cada fornecedor, o que deu mais segurança às empresas de investir em matéria-prima, mão-de-obra e maquinário, pois existe o compromisso de que os volumes fechados para aquele período serão comprados.
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