São Paulo, 28 de março de 2024

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07/08/2021

Retrofit movimenta o mercado de metrologia

(08/08/2021) – Sem recursos suficientes para investir na modernização do parque fabril, parte das indústrias nacionais tem procurado alternativas para se manter competitivas. Assim, muitas têm optado pelo retrofitting de máquinas e instalação e/ou substituição de equipamentos de metrologia.

Esta tem sido uma das fontes de demandas dos fabricantes de equipamentos de metrologia industrial, segmento que teve dois de seus principais mercados consumidores, o automotivo e o aeronaútico, bastante afetados pela pandemia.

Se por um lado a pandemia estagnou os negócios em alguns segmentos, por outro criou oportunidades para que as empresas expandissem a atuação em outras áreas. Neste contexto, um portfólio diverficado, capaz de atender diferentes demandas do mercado tem sido de extrema importância.

Blum Novotest – Desde o ano passado, a Blum Novotest Sistemas de Medição vem dedicando grande parte de suas atividades para atender pedidos de retrofitting. “Com o câmbio alto, muitas empresas perderam sua capacidade de investimento em produtos de alto valor agregado, como máquinas operatrizes”, explica Rogério Moraes, diretor da empresa. Portanto, a saída encontrada pelas empresas para continuar produzindo com qualidade e com redução de custos é a melhoria dos processos de metrologia.

O segmento de peças de reposição para o setor automotivo está à frente dos pedidos de retrofit. “Quando a demanda por carros novos diminuiu, os mercados de carros e motocicletas usadas avançaram”, aponta Moraes. Outros mercados que estão investindo em retrofit são os de injeção plástica e ferramentaria. Na avalição de Moraes, as empresas – que estão com uma quantidade de pedidos bastante considerável em carteira – estão investindo em retrofit para conseguirem absorver a demanda do período de retomada e do pós-crise.

“Estamos com muitos projetos de modernização, mas ainda existe o desafio da mudança de cultura atrelada à realização de investimentos para que as máquinas se tornem mais autônomas”, conta o diretor. Neste cenário, o grande desafio da Blum Novotest é conectar máquinas antigas a softwares atuais.

Simultaneamente aos pedidos de retrofit estão sendo realizados investimentos em novos equipamentos, que, segundo Moraes, deveriam acontecer mais rápido. “A lentidão é justificável, pois tudo envolve custos e as empresas já gastaram muito dinheiro para se manterem vivas desde o início da pandemia”. Atualmente, os equipamentos mais vendidos são apalpadores e presets.

O diretor afirma que as empresas estão olhando bastante para redução de tempo de set up e para qualidade, com foco em exportação. “A Blum está fornecendo produtos de metrologia para redução de tempo e aumento de qualidade para que o Brasil possa aumentar sua fatia no mercado global”, afirma, destacando que a empresa está em crescimento e, em breve, deve aumentar a sua participação nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais, Paraná e, também, na Argentina.

Marposs – Especializada em metrologia para o chão de fábrica, a Marposs sente que, apesar de o mercado estar aquecido, há poucos novos investimentos.

De acordo com o gerente de produto Valmir Pinhas, é possível notar uma movimentação das indústrias, que estão voltando a dar andamento a projetos que estavam em suspensão. “Estamos revalidando muitas cotações, acreditamos que em 2022 teremos uma ascensão de tudo que ficou represado”, diz.

O carro-chefe da Marposs é o mercado automotivo que, no momento, por falta de componentes eletrônicos, está retraído. O segundo maior mercado na carteira de negócios da empresa é a linha branca. Hoje em dia, os produtos mais vendidos pela companhia são tampões de medição e pequenos equipamentos eletrônicos para armazenamento de dados.

Pinhas destaca que a Marposs vem investindo para atender o segmento de veículos elétricos, inclusive com a aquisição de empresas. “Atualmente temos máquinas e equipamentos para blocos, cabeçote, virabrequins, bielas e eixos de comando para o mercado automotivo. Porém, com a chegada do carro elétrico, tudo vai mudar. Estamos acompanhando essa transição para nos manter competitivos no mercado”, detalha o gerente.

Nesse sentido, a Marposs anunciou a recentemenete a aquisição do negócio de Tecnologia de Medição de Processos para retificadoras da Jenoptik, anteriormente conhecida como Movomatic. A transação está prevista para ser concluída neste terceiro trimestre.

Pinhas informa que a Marposs pretende finalizar 2021 com crescimento de 20% em relação ao ano passado. Para 2022, a meta é se manter em ritmo de crescimento.

Renishaw – Marco Bueno, gerente de vendas da Renishaw, informa que a filial brasileira vem obtendo resultados crescentes. Em sua avaliação, isso se deve à atuação da empresa em metrologia industrial e, também, em manufatura aditiva. “No geral, 2021 tem sido um ano de crescimento acima do esperado”, afirma.

No começo da pandemia, a Renishaw assistiu a uma queda em seus negócios, interrompendo o ritmo de ascensão da empresa no mercado brasileiro. “A queda nos negócios aconteceu por conta da paralisação dos setores automobilístico e aeronáutico. Para nós, a partir de então, houve um aumento nos resultados dos setores de transporte de pesados, máquinas de construção e de defesa”, detalha.

O gerente comenta que a metrologia mais tradicional (laboratorial) está um tanto estagnada, mas que isso não chega a ser uma má notícia, já que estamos passando por uma pandemia e os principais setores que impulsionam este mercado foram bastante afetados.

Um segmento que tem se mostrado aquecido para a Renishaw é o de retrofit de máquinas. “Dentro de um cenário de crise, a metrologia tem sido o investimento mais contingenciado do momento”, aponta Bueno. A idade de uma máquina revela muito sobre ela, então o retrofit vai encarecendo em alinhamento com a adição de características e capacidades na máquina. “Na prática, se o retrofit custar mais de 60% do valor de uma nova máquina, os clientes optam pela compra”, diz Bueno.

Para esse ano, a perspectiva de crescimento da Renishaw é de 25% em relação ao ano passado. “Estamos trabalhando com a hipótese de que esses mercados que estão aquecidos agora vão esfriar, já que tradicionalmente são mercados menos fortes”, comenta Bueno. A tendência, segundo o gerente, é que os mercados de automóveis e aeronaves voltem a crescer outra vez e uma coisa substitua a outra. “Estamos otimistas e acreditamos que vamos ter algumas oscilações, mas nada fora da média”, finaliza.

Zeiss – A filial da Zeiss no Brasil também foi afetada pela desaceleração nos investimentos devido à pandemia. “No entanto, pouco a pouco, a retomada do mercado acontece e alguns investimentos que estavam congelados começam a ser liberados”, afirma Alan Toniette de Assiz, head de Serviços Brasil.

Assiz diz que as empresas estão investindo em equipamentos, já que alguns nichos de mercado estão mais aquecidos. “Cada segmento de mercado utiliza um determinado tipo de tecnologia, o que faz com que haja uma grande variedade de equipamentos sendo consumidos. Na Zeiss, temos um portfólio completo soluções para qualidade industrial. Entre as tecnologias mais procuradas no Brasil estão os equipamentos de medição das linhas DuraMax e Contura”, detalha.

O head afirma também que, de forma geral, o mercado brasileiro utiliza equipamentos mais simples, exceto em setores que já estão mais avançados no conceito da indústria 4.0, que exigem soluções mais automatizadas.

Assiz diz que a expectativa da Zeiss para o atual exercício é positiva em relação a 2020. Em sua opinião, os principais fatores que impulsionam o crescimento das vendas de equipamentos de metrologia, são a necessidade de aumentar a produtividade e de ter maior controle de qualidade na produção. “O controle de qualidade preciso possibilita o aumento de produção com baixo índice de desperdícios, maximizando os resultados”, conclui. (Sheila Moreira)

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